O desafio é reduzir o ritmo, mas sem parar de crescer

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O ano de 2008 foi de crescimento e de quebra de recordes para a MRS Logística. Essa tendência só foi revertida a partir de setembro, quando a atual crise da economia ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos, assumindo proporções globais. Os resultados financeiros, no terceiro trimestre do ano, surpreenderam, atingindo patamares nunca vistos anteriormente, com a margem do EBITDA alcançando crescimento de 53,8% (R$ 387,2 milhões em números absolutos). O volume transportado no trimestre foi de 37,6 milhões de toneladas-úteis (TU), contra 33,8 milhões de TU no mesmo período do ano anterior. O crescimento foi, portanto, de 11,2%.Já o lucro líquido no terceiro trimestre foi de R$ 191,2 milhões, representando aumento de 33,1% sobre os R$ 143,6 milhões registrados no terceiro trimestre de 2007.

No acumulado janeiro-setembro, a ferrovia alcançou EBITDA de R$ 1.109,2 milhões, contra R$ 752,9 milhões no mesmo período do ano passado, representando crescimento de 47,3%. O volume de tráfego atingiu 103,8 milhões de TU até setembro de 2008, enquanto que no mesmo período de 2007, alcançou 92,7 milhões de TU, aumentando 11,9%. O lucro líquido nos primeiros nove meses do ano foi de R$ 461 milhões, contra R$ 403,4 milhões em igual período de 2007. O crescimento foi de 14,3%. Mas veio a crise, jogando água fria nas caldeiras das locomotivas da MRS. A ferrovia foi duramente atingida pelo corte de 30 milhões de t na produção da Companhia Vale do Rio Doce, que previa crescer entre 20% e 25% em 2009. Agora a Vale trabalha com a expectativa de um incremento entre 10% a 12%, similar ao que deve registrar neste ano.

O corte forçou a ferrovia a rever suas metas de crescimento, a conceder férias a 10% de seus funcionários e a postergar os investimentos programados para os próximos dois anos. Mesmo assim, os resultados já consolidados foram suficientes para garantir à ferrovia posição entre as maiores transportadoras de minério e carga geral do Brasil.

De acordo com Julio Fontana Neto, presidente da MRS, os números alcançados em 2008 são fruto dos investimentos e da empresa em capacidade de transporte e produtividade. “Além disto, o aquecimento de mercados como o de minério, gusa, cimento e contêineres, entre outros, garantiram demandas suficientes para que projetássemos um crescimento sólido para os próximos anos”, avalia.

Um dos projetos que contribuiu para o alcance deste resultado foi o de exportação de minério de ferro para a CSN, que atingiu 1,910 milhão de t em agosto passado. “Temos crescido progressivamente neste atendimento. Precisamos galgar números maiores e os ajustes, principalmente na descarga no Porto de Sepetiba, em Itaguaí (RJ), vão possibilitar o alcance de resultados ainda mais significativos”, diz o Gerente Corporativo de Negócios Agrícolas e Siderúrgicos, Daniel Rockenbach.

Outro destaque da ferrovia está no transporte de bauxita para a CBA. “Registramos a marca inédita de 150.148 t em agosto. Um resultado que vem sendo construído a partir da expansão da fábrica da CBA em Alumínio (SP). O início do fluxo de abastecimento a partir da mina de Miraí (MG) vem alavancando ainda mais os resultados. O cliente também investiu em novos vagões e a projeção é de que, nos próximos meses, o crescimento seja ainda maior”, explica o Gerente de Corporativo de Negócios de Carga Geral, Fernando Poça.

O aquecimento do mercado de construção civil no Brasil também permitiu alcançar recordes no transporte de areia para os clientes Pedrasil e AB Areias. Ao todo, foram 132.628 t registradas em agosto, no fluxo que parte de Caçapava e Roseira com destino à capital paulista.

No transporte de açúcar, os trens da MRS transportaram 27.082 t em agosto, um crescimento de 266% frente ao mesmo mês de 2007. No acumulado do ano de 2008, de janeiro a agosto, foram transportadas 115.333 t, um crescimento de 150% frente ao mesmo período de 2007.

Também o fluxo de exportação de gusa pelo Porto do Rio de Janeiro registrou recorde de 142.812 t, um resultado de crescimento progressivo que vem consolidando a malha ferroviária da MRS como o principal corredor de exportação da gusa produzida no mercado sudeste brasileiro.

Revendo os planos

Empolgada pelos excelentes resultados acumulados até setembro, a MRS Logística projetava fechar 2008 com a movimentação de 160 milhões de t de carga. Diante dos impactos da crise e a redução da produção dos seus maios importantes clientes – Vale e CSN – a expectativa agora é de 140 milhões de t.

Por conta da expectativa de um crescimento vertiginoso, a ferrovia iniciou um plano de investimentos em 2007 que previa o desembolso de US$ 3 bilhões até o ano de 2009. Esse plano, agora, terá que ser revisto. A previsão inicial era a de investir US$ 1,3 bilhão, principalmente em obras civis, na compra de vagões, locomotivas e sistemas para que a companhia tivesse capacidade de acompanhar a demanda mundial que, acreditava, seria crescente.

Para capacitar a sua frota ao transporte de 200 milhões de t, planejado para 2010, a MRS fez encomendas pesadas de vagões e locomotivas junto a fornecedores brasileiros e estrangeiros. Foram adquiridos 1,5 mil vagões e 120 locomotivas. Desses pedidos, a ferrovia tem para receber, até o fim de 2009, cerca de mil vagões e aproximadamente 30 locomotivas. Até agora, a MRS não cancelou nenhum pedido. Mas está chamando os fornecedores para renegociar os prazos de entrega.

Também no que tange às obras civis, as mudanças de prioridade serão significativas. De acordo com Julio Fontana, antes de pensar na expansão da malha, a ferrovia vai se voltar para a eliminação dos gargalos existentes. “Hoje, posso dizer que a produtividade das ferrovias brasileiras está comprometida em 30% por causa dos gargalos”, avalia o executivo.

Uma das prioridades da MRS é adequar sua via permanente ao aumento do fluxo de trens, com remoção de gargalos, duplicação de trechos e manutenção geral da via. Entre no topo da lista está a construção do terceiro trilho na entrada do Porto de Santos. As obras exigirão recursos da ordem de R$ 5 milhões e deverão ser concluídas em 2009 (confirmar) O projeto prevê a instalação de 14 km de trilhos entre a linha já existente, com bitola larga (1,60m). Com a construção do terceiro trilho, o trecho da ferrovia permitirá a entrada no porto de trens de bitola de 1 metro, como os da ALL, que, atualmente, para terem acesso ao porto, utilizam uma linha da CPTM, que os obriga a atravessa as cidades de São Vicente e Santos. Para utilizar o novo acesso ao porto, a ALL pagará direito de passagem à MRS.

A ferrovia planeja ainda construir no Porto de Santos um terminal multiuso, destinado à concentração de contêineres e armazenagem de grãos. O terminal ocupará uma área de 300 mil m2 no local conhecido como Valongo, na margem direito do porto e exigirá investimentos

totais da ordem de R$ 400 milhões. A ferrovia estuda a possibilidade de construí-lo em duas etapas. A primeira, e mais simples, seria a da área destinada ao armazenamento de contêineres, com capacidade para movimentar até 600 mil TEUs/ano.

A MRS já entrou com o pedido de licença ambiental para instalação da área de contêineres, que ocupará 140 mil m2, quase metade do terreno.

Numa segunda etapa, a ferrovia iniciaria a construção da parte destinada à captação e movimentação de grãos. Está prevista a construção de três armazéns com capacidade de 130 mil t cada um, com obras previstas para execução em três anos.

Também são prioritários para a MRS a duplicação de 100 km de linha entre a cidade de Barra Mansa e o Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro, e a construção de uma esteira transportadora de minério, ligando o pátio de Campo Grande, na cidade de Santo André, região do ABC paulista, ao terminal da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em Cubatão.

A licença ambiental para a execução do projeto já foi concedida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Falta agora definir a empresa ou grupo de empresas a serem contratadas para as obras. Mas a MRS postergou a execução do projeto. Os assessores da presidência dizem que a empresa prefere não se pronunciar sobre o assunto, por enquanto. Ao que se sabe, cinco consórcios demonstraram interessados no projeto, com orçamento previsto de US$ 80 milhões.

Com a esteira transportadora, a expectativa da MRS é passar a transportar 70% do minério destinado à Cosipa pela esteira, liberando seus trens para a movimentação de outras cargas.

Fonte: Estadão


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