O maior momento de Francisco

Nildo Carlos Oliveira

O ambiente e o momento não poderiam ser melhores. Ao largo, no engarrafamento e no meio do povo. Aquele foi o instante melhor. E maior. A segurança falhou. Falharam os que elaboraram o mapa do roteiro. Não houve monitoramento para que as coisas seguissem segundo o script. E, o papa Francisco acabou submerso no meio do povo.

Leve, solto, sorriso aberto, no carro despojado e com as janelas escancaradas, lá estava Francisco acompanhado por batedores e pelos seguranças. Tudo estava dando certo na concepção dos idealizadores do trajeto. Era daquele jeito, rígido e formal, que tinha de ser: manter o papa a alguma distância do povo, que deveria ser contido no meio-fio e ai de quem se aventurasse a alguma aproximação indevida.

O papa, por seu turno, na ideia dos que vivem a obsessão da segurança, não deveria ultrapassar os limites impostos pelos que imaginam o povo como foco permanente de perigo potencial.

Mas aí o carro derivou para a ampla avenida Presidente Vargas e parou no engarrafamento. Onde estava a segurança? E, onde os batedores? A multidão ocupou o espaço que lhe era e sempre lhe será devido. E o papa talvez nunca estivesse em ambiente de tanta segurança do que aquele em que o povo manifestava carinho e reconhecimento à demonstração de alegria que ele expunha nos gestos e no sorriso.

Muitas perguntas foram feitas diante daquela cena em que se via o papa enquadrado pela multidão. A principal delas: Qual o político brasileiro que passaria incólume numa situação semelhante?

Há algum tempo um velho político brasileiro disse: “O povo nunca esquece aqueles que o amam; da mesma forma como nunca esquece aqueles que o traem”. É por isso que políticos, que invariavelmente se esquecem, no dia seguinte, dos que o elegeram, têm medo do povo.

Eles não teriam chance alguma num engarrafamento como aquele.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira

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