Para hospedar os aguardados 500 mil turistas, as 12 capitais escolhidas pela FIFA como sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014 devem gastar pelo menos R$ 36 bilhões em obras, principalmente nos setores de transportes, energia, comunicação, rede hoteleira e construção de estádios.
O Brasil conseguirá se preparar a tempo? A consultoria PricewaterhouseCoopers, que analisa a infraestrutura das cidades-sede, apontou mobilidade urbana, segurança, ambiente, telefonia e energia como as principais lacunas. Segundo o levantamento, nenhuma capital está pronta para sediar a competição.
As capitais divulgam projetos embora alguns dificilmente sairão do papel. Os números ainda são projeções, já que está prevista para este mês a apresentação, por parte do Comitê da Copa, do caderno de encargos às prefeituras. De qualquer maneira, se as altas quantias destinadas a investimento tiverem o destino previsto, as populações das 12 regiões metropolitanas serão as principais beneficiadas.
A capital cearense, Fortaleza, terá um sistema de veículo leve sobre trilhos (VLT), e um metrô já está em construção. O governo do Ceará e a prefeitura de Fortaleza possuem projeto orçado em R$ 9,2 bilhões para obras de infraestrutura na Região Metropolitana. A reforma do Aeroporto Internacional Pinto Martins ficará sob a responsabilidade do governo federal, através da Infraero. A cidade conta com 20 mil vagas em hotéis e deve inaugurar mais três resorts até 2010.
Um metrô também faz parte dos planos de Belo Horizonte. A capital mineira prevê a duplicação de importantes vias de acesso da cidade e a construção de unidades de pronto-atendimento na Região Metropolitana. Com investimentos do Tesouro do Estado, da União, da prefeitura e iniciativa privada, o governo municipal ampliará a rede hoteleira e vai melhorar o sistema de transporte coletivo.
Partirá também da iniciativa privada e do governo federal, com apoio do governo do Estado e da prefeitura, o investimento de R$ 2,6 bilhões em Salvador. Serão investimentos na organização do transporte e infraestrutura urbana, com destaque para a conclusão de duas linhas do metrô, modernização da linha ferroviária Calçada-Paripe e obras em avenidas. O governo projeta melhorias em áreas como saneamento (R$ 304 milhões) e hotelaria (R$ 708,6 milhões).
A mobilidade urbana também será prioridade em Manaus (AM). A cidade espera um investimento de R$ 6 bilhões para obras de infraestrutura. Os aeroportos, as estradas e os sistemas de telecomunicações são os setores que receberão mais atenção.
Já o principal desafio de Brasília é a implantação do veículo leve sobre trilhos, que ligará o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek ao centro da cidade, cuja construção é estimada em R$ 1 bilhão. O setor hoteleiro será ampliado, assim como a capacidade do aeroporto. O diferencial é o projeto de 200 escolas públicas que treinarão alunos a partir dos dez anos com cursos de línguas, para serem voluntários na Copa.
O maior investimento será em São Paulo. A principal capital da América do Sul planeja empregar R$ 27 bilhões em infraestrutura e mobilidade urbana, além de saneamento e investimento no meio ambiente. Para atender às necessidades da Copa, a cidade destaca o projeto de reforma do Morumbi, onde prevê a construção de um edifício para 4,8 mil carros.
São Paulo conta com 46 mil apartamentos da rede hoteleira, mas o desafio é investir em treinamento e formação de profissionais de atendimento em hotéis, bares e restaurantes.
O seu grande problema é o trânsito. Está em andamento um programa de expansão da rede de metrô e de modernização do sistema de trens urbanos, além de sistemas de veículos leves sobre trilhos, ciclovias e ônibus.
Além disso, existe também o projeto de um trem de alta velocidade que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro. A licitação deve sair ainda neste ano, com a perspectiva de o sistema entrar em operação até 2014. Os três aeroportos de São Paulo (Congonhas, Guarulhos e Viracopos) também possuem projetos de ampliação, com investimentos de R$ 165 milhões, R$ 1,4 bilhão e R$ 2,8 bilhões, respectivamente.
Capital do Rio Grande do Norte, Natal pretende construir um novo aeroporto e ampliar o já existente. A cidade estuda implantar um sistema interligando os principais acessos com túneis e viadutos, além de implementar uma nova rede de esgoto.
Mobilidade também é o desafio de Cuiabá. A capital matogrossense investirá R$ 1 bilhão em infraestrutura, destacando a ampliação de avenidas, a duplicação da Ponte Mário Andreazza e a implantação de corredores de ônibus.
Contando com R$ 4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Rio de Janeiro dividiu seu investimento em três eixos: logística (rodoviária, ferroviária, portuária, hidroviária e aeroportuária), energética (geração e transmissão de energia elétrica, petróleo, gás natural e energias renováveis) e social e urbana (Programa Luz para Todos, saneamento, habitação, metrôs, recursos hídricos).
Além do trem até São Paulo, o investimento no Rio de Janeiro compreende a ampliação do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim e do metrô. Meio ambiente e urbanização de favelas também fazem parte do projeto.
Curitiba destinará investimentos para melhorias nos aeroportos de São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu, além do Porto de Paranaguá. A capital paranaense projeta investimento de R$ 4 bilhões. As melhorias devem ser feitas nas áreas de energia, saneamento, saúde pública, meio ambiente, mobilidade urbana, turismo, segurança, habitação e educação. Curitiba pretende desenvolver cursos de capacitação e ensino de idiomas para profissio-nais que receberão turistas, como taxistas e recepcionistas de hotéis.
Recife dividirá investimento com municípios vizinhos. A proposta prevê que os jogos sejam realizados em São Lourenço da Mata, a 22 quilômetros da capital pernambucana, onde será construído um novo estádio. O investimento será de R$ 3,7 bilhões até 2012. Já o Aeroporto Internacional dos Guararapes será ampliado e terá capacidade para receber 11 milhões de passageiros por ano.
Porto Alegre terá a ampliação do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a instalação do metrô e a duplicação de avenidas. Entre suas principais obras estão a revitalização do Cais Mauá e a qualificação do sistema de transporte público.
Os investimentos na capital gaúcha estão orçados em R$ 3 bilhões.
Além das melhorias em infraestrutura, todas as sedes possuem metas para reestruturar ou até construir estádios novos.
Fonte: Estadão