O vôo do dragão

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Foi inaugurado parcialmente, no dia 29 de fevereiro, o novo Aeroporto Internacional de Beijing, projetado pelo arquiteto inglês Normam Foster – responsável também pelo projeto do aeroporto Chep Lap Kok, de Hong Kong. Apontado como um dos maiores e mais avançados aeroportos do mundo, tanto pelas suas dimensões e arquitetura, quanto pela tecnologia, eficiência operacional e sustentabilidade, o novo terminal ocupa uma área de 1,3 milhões de m², equivalente a cerca de 180 campos de futebol, e foi construído com um orçamento de US$ 2,8 bilhões. O empreendimento tem a proposta de ser um símbolo da nova China, portão de entrada para os atletas, delegações e turistas que participarão dos jogos Olímpicos de Beijing.

Sua principal característica é a cobertura elevada e aerodinâmica, em movimento ascendente, que lembra um dragão alçando vôo. De acordo com o arquiteto, “o projeto celebra a emoção de voar e evoca as cores, valores e símbolos tradicionais chineses”.

O complexo, que envolve o terminal e o centro de controle, incorpora uma série de conceitos de auto-sustentabilidade. O edifício principal foi todo construído em aço e vidro, com o objetivo de garantir clareza espacial e permitir ampla vista do exterior. Para o teto, foi projetada uma grande cobertura unificadora, composta por pequenas clarabóias triangulares, inspiradas nas escamas de um dragão. Orientadas para sudeste, essas “escamas” maximizam o ganho do sol da manhã, permitindo a entrada de luz e calor, deixando passar uma luz com tonalidades que mudam do vermelho para amarelo, à medida em que os passageiros se deslocam no interior do edifício.

Em termos de métodos construtivos, o projeto otimiza o desempenho dos materiais selecionados com base na disponibilidade local, funcionalidade, aplicação de mão-de-obra local e baixo custo de aquisição.

Localizado entre a pista oriental existente e a futura terceira pista, o novo terminal foi dimensionado para um movimento entre 1.700 e 1.800 aviões por dia e cerca de 76 milhões de passageiros/ano. Antes da nova estrutura, o aeroporto internacional da China tinha uma demanda de 1.000 aeronaves diárias e 50 milhões de passageiros no ano passado.

Grandes números

Todos os números que envolvem o projeto são impressionantes. Foram consumidos 2 milhões de m³ de concreto e meio milhão de t de aço, o equivalente a 10 t para cada uma das pessoas envolvidas na sua construção.

São 445 elevadores, 300 balcões de check-in e uma rede de esteiras mecânicas com mais de 60 km para o transporte de bagagens, suficiente para deslocar até 20 mil peças por hora, a uma velocidade de 7 m por segundo. Só esse sistema custou cerca de US$ 250 milhões, permitindo que os passageiros peguem suas bolsas em menos de 5 minutos após o desembarque.

O saguão do terminal de quase 3 km de extensão, que é dividido em três seções – C, D e E – com um total de 1.000.000 m². No Saguão C estão o check-in doméstico e internacional, os porões de partidas domésticas e o local para retirada de bagagem internacional. O saguão D estará temporariamente dedicado a vôos charter durante os Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos. No saguão E ficam os pontos de partidas e chegadas internacionais.

Para a construção deste terminal foram desapropriados 10 mil moradores que viviam na região.

Embora concebido em uma escala sem precedente, o projeto do edifício segue o novo paradigma estabelecido pelo escritório da arquitetura Stansted e Chek Lap Kok, que tem se notabilizado pela criação de aeroportos modernos. O terminal foi projetado para ter uma flexibilidade máxima, a fim de suportar os imprevistos da indústria da aviação, sujeita a picos e quedas de demanda. Como seus predecessores, seu objetivo é resolver as complexidades da viagem aérea moderna com altos padrões de serviços.

O novo terminal é equipado com sistemas de última geração para controle de vôos, emissão de passagens, manuseio de bagagem e fluxo de passageiros.

Acessibilidade

As conexões com os sistemas de transportes públicos foram cuidadosamente planejadas. Uma linha de metrô recém-construída levará os viajantes direto para o coração de Beijing, numa distância de cerca de 28 km, em aproximadamente 15 minutos. O custo da nova linha foi de US$ 1,9 bilhão. A nova linha é parte de um ambicioso projeto de expansão do sistema de metrô da capital chinesa, que conta com 143 km de linhas e, até o final dos jogos, terá cerca de 200 km. A meta, no entanto, é chegar a 2015 com 561 km, tornando-se a espinha dorsal de todo o sistema de transporte de massa da cidade.

As distâncias a serem percorridas a pé pelos passageiros são curtas, com poucas mudanças de nível, e os tempos de transferência entre vôos foram minimizados.

Apesar de todos esses investimentos, as autoridades reguladoras da aviação civil da China estão cientes de que não basta um bom aeroporto para garantir um serviço impecável aos usuários do sistema. Por isso vêm fazendo constantes pressões junto às companhias aéreas, para que elevem os padrões de atendimento aos clientes antes que a multidão de visitantes chegue para os Jogos Olímpicos.

Fonte: Estadão


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