Obra de expansão une dois oceanos

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Agora é oficial. O Consórcio Interoceânico, formado pelas construtoras brasileiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão integra um dos quatro consórcios pré-qualificados pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP) para participarem da licitação do contrato de projeto e construção das novas eclusas do Canal do Panamá, a principal obra de ampliação daquele centenário empreendimento.

Os quatro consórcios são constituídos por 30 empresas de 13 países: Espanha, Alemanha, México, Holanda, Reino-Unido, França, Brasil, Estados Unidos, Japão, China, Itália, Bélgica e Panamá.

Segundo Alberto Alemán Zibieta, administrador da ACP, “esta grande resposta é uma demonstração da confiança gerada pelos processos transparentes com os quais a ACP levou a cabo este programa e que fazem possível a participação de empresas de renome internacional que, como neste caso, se associaram para competir em um projeto de categoria global, como é a ampliação do canal”.

O consórcio das três construtoras brasileiras faz parte do Consórcio Atlântico-Pacífico de Panamá, que é formado ainda pelas seguintes empresas: Bouygues Travaux Publics (França), que é a líder, Bilfinger Berger (Alemanha), Vinci Construction Grands Projets (França), Alstom Hydro Energia Brasil (França) e Bardella Indústrias Mecânicas (Brasil). A projetista-líder, subcontratada, é a Aecom (Estados Unidos) e a fabricante das comportas é a Alstom Hydro Energia Brasil (França). Os outros consórcios são o C.A.N.A.L; Bechtel, Taisei, Mitsubishi Corporation; e Grupo Unidos por el Canal (ver quadros). Informações que circulam no setor da construção dão conta de que a Construtora Norberto Odebrecht integra o consórcio norte-americano pré-qualificado, mas não na qualidade de membro principal.

Execução mais rápida

A pré-qualificação é a primeira de duas etapas do processo de seleção do consórcio que será encarregado do projeto e construção das novas eclusas, que equivalem aproximadamente a 60% do custo do programa de ampliação, e teve por objetivo assegurar que apenas empresas com elevado conhecimento técnico, experiência em projetos de similar complexidade e ampla capacidade financeira participassem da licitação. De acordo com a direção da ACP, a licitação do projeto e construção de ambas eclusas em um só contrato é baseada em especificações de desempenho, por que esta metodologia de contratação permite a transferência dos riscos relacionados com o projeto ao contratado e ainda garante a execução em um prazo mais curto. “A experiência mundial deste tipo de contratação indica também que o custo final da obra se aproxima muito mais do preço da licitação do que sob outras formas de contratação”, esclarecem os diretores. A escolha se dará pelo menor valor ofertado e terá em conta a experiência técnica das empresas. O resultado é esperado até o final de dezembro deste ano.

obras já começaram

A ampliação do canal, cuja finalidade é propiciar a navegação dos maiores navios da atualidade, que são chamados de Pospanamax, será constituída da instalação do terceiro grupo de comportas, chamadas eclusas de Gatún, uma do lado do Pacífico, outra do lado do Atlântico, cada uma com três níveis, pelo valor de US$ 5,25 bilhões. As obras foram iniciadas no dia 1º. de setembro deste ano, com a execução da escavação seca do canal de acesso às eclusas do Pacífico pela empresa panamenha Constructora Urbana S.A., que venceu o primeiro contrato do conjunto de obras. Esta intervenção consiste na escavação, remoção e disposição de 7,4 milhões m3 de materiais, principalmente na Colina Paraíso, a oeste do canal atual; limpeza de 146 ha de terreno; relocação de aproximadamente 3,4 km da estrada Borinquen, a oeste das eclusas de Pedro Miguel, dentro das áreas de operação da ACP; e preparação das áreas para relocação de seis torres de linhas de transmissão de 230 kV entre Panamá e La Chorrera.

O segundo contrato de escavação seca do programa de ampliação foi vencido pelo Consórcio Cilsa-Minera Maria (Panamá-México). Este é o segundo de cinco contratos de escavação seca que serão licitados pela ACP para construir o leito de navegação que conectará as novas eclusas Pospanamax do Pacífico com o Corte Culebra, a parte mais estreita do canal. O leito terá cerca de 6 km de extensão e 218 m de largura e os trabalhos incluem a remoção de cerca de 7,5 milhões m3 de terra em um trecho de 2,4 km. As intervenções ocorrem a 1,8 km ao sul da Colina Paraíso, onde prossegue a primeira escavação.

Este segundo contrato também abrange a segunda fase da nova estrada Borinquen, com a relocação de um trecho de via de aproximadamente 1,3 km; construção do canal de desvio do rio Cocoli, com cerca de 3,5 km de extensão; a construção de novo cruzamento sobre a estrada Bruja; a remoção e ou relocação de infra-estrutura elétrica, cabos de telecomunicações, tubulação de água potável e de esgoto, assim como a relocação de dutos e drenagens pluviais e a construção de diques de rocha e diques de retenção e outros trabalhos relacionados.

A empresa escolhida para ser administradora do programa de ampliação é a CH2M Hill,dos Estados Unidos, selecionada em processo licitatório. Ela dará assistência à ACP no gerenciamento dos contratos, incluindo projeto e construção das eclusas, e serviços de apoio, coordenação e assessoria. “Estamos seguros de que a experiência internacional da CH2M Hill na administração dos contratos fortalecerá e agregará um grande valor ao nosso esforço de executar os projetos a tempo, com qualidade e segundo o que foi planejado”, considera Jorge Quijano, vice-presidente executivo de Engenharia e Administração de Programas da ACP.

Fonte: Estadão


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