Atrasos gerais no projeto são sucessivos, mas algumas obras importantes já foram concluídas, entre elas, as do túnel Cuncas 1, o mais extenso
Nildo Carlos Oliveira
Comparações à parte, Occhi assegura: “Nós vamos estar compatíveis com a execução mundial de obras dessa natureza”. No fundo, a justificativa não se justifica. Ou, ao menos, não deveria justificar-se. As obras foram iniciadas em 2007, prevendo-se a sua conclusão em 2012. Depois, houve paralisação e enorme extensão de canais concretados ficou entregue às intempéries, com trechos rachados, cedendo espaços ao crescimento de pequenas plantas do sertão.
Elas foram reiniciadas no começo de 2014, com outras empresas contratadas. O então ministro Francisco Teixeira, daquele ministério, anunciou: “Lá para dezembro (daquele ano) as águas do Velho Chico estarão passando pelos 477 km de canais”. Não passaram. Em outra ocasião, ele previu a entrega para o primeiro semestre de 2015.
Nesse intervalo, Teixeira deixou o ministério, assumindo a Integração Nacional Gilberto Occhi, que afirmou na Câmara dos Deputados: “As águas estarão lá no segundo semestre de 2016”. Mais concentrado, e de posse de novos dados sobre os contratos e o andamento dos trabalhos, ele acabaria reconhecendo que a transposição só deverá ficar pronta em 2017. Ao longo desse período, o custo do empreendimento, que era de R$ 4,7 bilhões em 2007, pulou para R$ 8,2 bilhões em 2014. Aparentemente, não há mudanças à vista, nesse orçamento, embora fontes do ministério admitam tal possibilidade, “dada a necessidade de suplementação”.
Na fase atual, as obras do Projeto de Integração chegaram a 76,7% de execução física: 77,9% no Eixo Norte e 74,9% no Eixo Leste. Os índices de execução física de cada meta são os seguintes: 1Norte: 78,7%; 2Norte: 58,6%; 3Norte: 85,9%. 1Leste: 93,7%; 2Leste¨77,7% e 3Leste: 47,5%.
No estágio de hoje, o túnel Cuncas 1, localizado entre Mauriti (Ceará) e São José de Piranhas (Paraíba), está com 97,4% de execução física concluída, segundo o ministério. Contudo, outros dados apurados pela revista O Empreiteiro revelam que os dois túneis – Cuncas 1 e Cuncas 2 – estão completamente concluídos. Tanto é, que foram entregues em fevereiro deste ano (2015).
Duas obras que não pararam
As obras dos túneis Cuncas 1, com 15,4 km de extensão, e do Cuncas 2, com 4 km de extensão, consideradas complexas, nunca pararam, diferentemente de outras do projeto. Ambas foram entregues à reponsabilidade do consórcio formado pelas empresas Construcap, Ferreira Guedes e Toniolo, Busnello, que desde o início tratou de avaliar as diversas interfaces – logística, equipamentos e contingente – a fim de que, iniciados os trabalhos, não fosse surpreendido por nenhum risco de interrupção.
Em razão do planejamento inicial foram previstas soluções para alguns problemas, dentre eles, a carência de fornecimento de energia elétrica convencional. O consórcio teve de utilizar geradores, o que obviamente implicou custo adicional significativo.
Na perfuração, foi previsto um plano de fogo controlado. Cada ciclo de detonação levou de 12 a 15 horas, empregando-se perto de 700 kg de explosivos em cada etapa. O avanço médio das perfuratrizes hidráulicas (jumbos), ali utilizadas, foi da ordem de 4,5 m de túnel escavado. Além desses equipamentos foram utilizadas pás-carregadeiras e caminhões convencionais nas operações para transporte de material escavado. O canteiro incluiu centrais de britagem e de concreto.
Um contingente de cerca de 1.600 profissionais foram distribuídos em quatro frentes simultâneas de serviço, nas duas extremidades dos túneis 1 e 2 e em mais duas frentes de serviços em janelas de acesso intermediário. Na medida em que as perfurações avançavam, as equipes se deslocavam em sentido oposto, até as escavações se encontrarem. Foi considerado muito importante, durante todo o processo de construção dos túneis, a expertise da Toniolo, Busnello, especializada em obras desse tipo.
No conjunto, as empresas envolvidas nas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco são as seguintes: Eixo Norte – Carioca, Serveng, S. A. Paulista, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, Ferreira Guedes, Construcap e Toniolo, Busnello; e Eixo Leste – Batalhões de Engenharia do Exército brasileiro e as empresas S.A. Paulista, Somague e FBS Engenharia.
Fonte: Redação OE