Empresa preserva a essência de seu fundador e se renova a cada nova oportunidade
José Carlos Videira
Aproveitou a sua primeira oportunidade de empreender, mesmo diante de uma situação difícil para qualquer estrangeiro: o preconceito. Com a Alemanha iniciando uma das mais longas e sangrentas guerras contra o mundo, junto com seus aliados japoneses e italianos, os estrangeiros dessas nacionalidades tinham de submeter-se a sanções impostas pelo governo brasileiro. Entre essas, a de colocar bandeiras brasileiras em todo e qualquer empreendimento comercial ou industrial que pertencesse a qualquer uma dessas etnias.
Incumbido por seu pai de comprar uma bandeira brasileira para ser colocada na empresa da família, Karl teve muita dificuldade em encontrar uma peça. Percebendo aí uma oportunidade, montou sua primeira fábrica: de bandeiras. “Comecei com um empregado e usando a mesa de pingue-pongue, que meu pai havia me dado de presente, para cortar tecido”, lembra Karl. Ele conta que o pai precisou emancipá-lo, aos 16 anos, para que pudesse tocar a sua própria empresa.
O negócio deu tão certo que o jovem Karl, com o lucro do seu pequeno negócio, conseguiu comprar um terreno, no Rio de Janeiro, onde futuramente ergueria, com seu pai e irmão, uma das mais importantes empresas do País, a Quartzolit, também buscando soluções inovadoras para problemas do cotidiano. A SH foi gestada dentro da Quartzolit, como um departamento responsável pelo fornecimento de andaimes suspensos para aplicação de argamassas e rebocos.
Mais uma vez, o espírito empreendedor de Karl vislumbrava um novo e promissor negócio, e o departamento tornou-se empresa, em 1969, batizada de Servicon – Serviços de Construção S.A. No mesmo ano em que o homem dava um pequeno passo, que era um salto gigantesco para a humanidade, com a chegada da Apollo 11 à lua, Karl fora buscar na Alemanha formas metálicas para lajes Treliforma, importadas da Hünnebeck, líder no mercado mundial de formas metálicas e treliças para concretagem, à época, subsidiária do conglomerado Thyssen.
As formas metálicas foram uma verdadeira revolução no mercado de construção civil, lembra o fundador da SH. “As formas no Brasil eram feitas de madeira. Usava-se por quatro vezes, e depois a forma de madeira era descartada ou queimada”, conta Karl. “As pessoas do ramo ficaram maravilhadas com a novidade”, recorda. “Fui considerado o salvador das matas brasileiras”, enfatiza. Karl diz que o mais importante de tudo é inovar, sem medo, além de buscar sempre coisas novas e mais econômicas.
Com esse entusiasmo e muita pesquisa de novas técnicas e materiais nos maiores centros de construção civil do mundo, a então Servicon e a alemã Hünnebeck resolveram, em 1976, selar uma grande parceria comercial. Daí nasceu a Servicon-Hünnebeck, posteriormente SH, outra empresa fadada ao sucesso, baseada em tecnologia alemã, plenamente adequada ao mercado brasileiro de construção civil.
No portfólio, ao longo de 45 anos de uma trajetória de sucesso, a SH já esteve presente em 800 grandes obras pelo Brasil, entre as quais hidrelétricas, barragens, pontes, viadutos, metrôs, complexos industriais, comerciais e esportivos. A tecnologia, qualidade e competitividade permitiram ainda à SH exportar suas técnicas e seus produtos para países da Europa e da América Latina.
Uma grande companhia
Baseada na filosofia de seu fundador, que prega inovação, qualidade, ética, pessoas como diferencial e serviços aos seus clientes, a SH cresceu ao longo desses 45 anos de existência. Hoje é líder no fornecimento de formas para concreto, andaimes e escoramentos metálicos no Brasil. Estruturada em três unidades de negócios (SH Formas, SH Acesso, SH Indústria), tem presença ativa em nove Estados, 11 unidades operacionais e mais de 1.200 colaboradores.
O faturamento consolidado da SH atingiu R$ 245 milhões no ano passado, crescimento de 20% em relação a 2012. A SH Indústria, braço industrial do grupo, produziu 80 mil m² de formas em 2013, o dobro do volume produzido no ano anterior. Os investimentos ficaram estáveis em R$ 33 milhões em relação ao ano anterior.
A estratégia para esse desempenho positivo é “pé no chão, operação enxuta e processos bem azeitados para crescer com rentabilidade e de forma sustentável”, ensina o diretor de Negócios da empresa, Marcelo Luis Milech. Segundo ele, os segmentos do mercado que têm mais contribuído para os negócios da SH têm sido obras de infraestrutura e voltadas à habitação popular.
“No geral, o mercado tem estado positivo, mas de forma desigual”, assinala Milech. Ele contabiliza crescimento em infraestrutura e residencial, mas queda no comercial e industrial. “O desafio é o serviço em obra; dar conta da falta de planejamento na execução de grandes empreendimentos no Brasil”.
De olho no futuro
Uma das chaves para o sucesso da SH ao longo desses 45 anos de mercado é ficar atenta a todas as oportunidades de negócios dentro do segmento da construção. Sem abrir mão das conquistas no ramo de edificações residenciais e comerciais, a empresa busca um outro direcionamento. “Estamos migrando com for&cc
edil;a total para o segmento de construção pesada”, revela o diretor regional da empresa, Daniel Goldring.
Segundo ele, a SH quer continuar crescendo, acompanhando os segmentos, “mas sempre com um passo à frente, analisando o retorno no médio e no longo prazos”, explica o diretor regional.
A empresa também não descuida das questões que envolvem inovação. “Desenvolver novos produtos sempre foi uma realidade em nossa empresa”, ressalta Goldring. De acordo com o diretor regional, nos últimos anos, a empresa estudou e fabricou equipamentos de ponta, adequados a vários segmentos, “em especial para a construção pesada”.
“Buscamos antecipar tendências, mas sem esquecer as linhas mais tradicionais”, acrescenta o diretor de Desenvolvimento da SH, Michael Josef Rock. Segundo ele, “inovação é o fundamento da SH”. Rock ressalta que a SH tem uma longa história de inovações. “Começamos com Treliforma, nos anos 1970; fomos os primeiros com forma de parede metálica, com o sistema Tekko; oferecemos com o Topec a primeira forma de painéis de alumínio para laje, somos a primeira empresa que substituiu parte do compensado por placas de compostos de plástico e fibra, entre outros inovações”, destaca Rock.
Rock: “Inovação é o fundamento da SH”
Segundo Goldring, no ano passado a SH investiu fortemente em equipamentos para atender ao mercado de infraestrutura. “Carros de avanço para balanços sucessivos, formas deslizantes, treliças lançadeiras são alguns exemplos. Isso sem abandonar o mercado comercial, basicamente shoppings”, explica o diretor.
Ele ressalta que a SH está investindo na fabricação de mesas deslizantes e “já estamos revolucionando todo o sistema de formas e escoramentos para esse mercado”. O Shopping Vila Velha, no Espírito Santo, e o Boulevard Shopping Vitória da Conquista, na Bahia, são os exemplos da utilização dessa tecnologia.
Entre as principais inovações do ano passado, Rock acrescenta ainda o lançamento da linha Multiform SH, segundo ele, um sistema versátil para obras complexas e atípicas, especialmente obras de arte e infraestrutura.
Para o diretor regional da SH, o segredo para perpetuar a empresa é cada vez mais aprofundar o olhar focado na demanda de longo prazo. “É preciso desenvolver processos e equipamentos que se ajustem com excelência ao mercado atual e ao futuro”, diz.
Rock lembra que inovação não está restrita apenas à linha de equipamentos da SH. “A tecnologia da informação contribui bastante para melhorias”, destaca. Segundo ele, a empresa já desenvolveu várias soluções, “para tornar mais ágil o trabalho dos nossos assistentes técnicos”.
O que está por vir
Algumas novidades que a SH vai trazer para o mercado:
• Sistema de escoramento de alumínio
• Melhores soluções para formas trepantes e autotrepantes
• Nova forma para pilares, bem diferente das atuais
• Melhoria de ferramentas de TI
• Adoção do sistema BIM para facilitar a integração dos projetos com os dos clientes e melhorar o planejamento de obras
Fonte: Revista O Empreiteiro