Os desvios e uma iniquidade

São tantos os desvios. Mas vamos nos concentrar naqueles ora apontados pela Controladoria Geral da União (CGU), com base em auditoria realizada em órgãos do Ministério dos Transportes, em especial no Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e na Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S. A.

Pelos descaminhos indicados na auditoria, chegam a R$ 682 milhões os prejuízos constatados em 18 obras, resultantes de falhas nos projetos elaborados e a partir dos quais elas estavam em andamento.

Falhas nos projetos. Já se disse, aqui, corroborando raciocínio de uma autoridade em planejamento de obras, que o projeto é "o DNA do empreendimento". Assim, se falhas houve, o que facilitaria mais tarde os desvios apontados, elas ocorreram porque não se cuidou, na raiz, da fase mais importante das obras: o projeto de engenharia.

De duas uma: o projeto foi negligenciado em sua integridade, deixando de ser elaborado considerando todos os estudos prévios para o seu correto detalhamento, ou, na etapa executiva, se deixou de atentar para as corretas especificidades que ele propunha. No fundo, o projeto, quando é elaborado com absoluta correção, prevê até as possíveis providências para evitar distorções futuras.

As falhas apontadas geraram um prejuízo espantoso. E, espantosa, também, é a informação, da CGU, de que, daquele total, R$ 76 milhões já escorreram para o ralo. Corresponderiam a serviços que estavam lá em cima, para além do teto fixado pelo mercado ou sequer chegaram a ser realizados.

Ora, um País que não sabe aplicar recursos em obras essenciais, deixando que os desvios provoquem tal malversação de dinheiro do contribuinte, não pode jamais esboçar a tentativa despudorada de criar um imposto nas bases do CPMF, que é uma iniqüidade na conta-corrente de cada um.

Fonte: Estadão

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