Quero, desse discreto canto de jornalismo, parabenizar o professor e pesquisador Almir Sales, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pelos estudos que oferecem nova opção para fazer concreto.
Leio que ele descobriu a possibilidade de substituir a areia, por cinzas resultantes da queima de bagaço de cana, na produção de concreto. Com uma vantagem: o concreto proveniente dessa substituição seria 15% mais resistente do que aquele fabricado com areia.
Óbvio que há outras vantagens. O professor é o primeiro a relacioná-las e cita a que julga uma das principais: o uso das cinzas produzidas pela queima do bagaço da cana é, por si só, extraordinária contribuição para preservar a natureza. Pelo menos, elas teriam uma destinação final.
Recorrendo-se a essa nova opção, as imensas jazidas de areia, exploradas para alimentação das centrais de concreto instaladas nos canteiros de obras pelo país afora, ao menos não seriam aproveitadas como têm sido, de modo a favorecer a degradação do ambiente natural de onde o material é extraído.
O professor, conforme a reportagem que noticiou a descoberta, diz que hoje são utilizadas por ano, no Brasil, até 120 milhões de toneladas de areia proveniente de rios. Imagino que esse cálculo é aquele que se faz com base nos números obtidos em órgãos oficiais ou junto a empresas que operam com o material. Se formos a fundo no cálculo, concluiremos que o volume de areia extraída deve ser maior.
De qualquer forma, o professor debruçou-se nos estudos, contando com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e fez essa descoberta notável. Tenho a convicção, meu caro professor Almir Sales, de que a Natureza agradece. Eu também.
Fonte: Estadão