Papel e Celulose: O objetivo é manter as conquistas de 2008

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As empresas do setor de celulose e papel do Brasil estabeleceram um objetivo para o segundo semestre de 2009, período no qual, historicamente, a economia mundial é mais ativa: melhorar os resultados dos seis primeiros meses deste ano, para manter a quarta posição entre os produtores mundiais de celulose e a 12ª colocação entre os produtores mundiais de papel. Para isso, espera atingir a mesma produção de 2008: 12,7 milhões de toneladas de celulose e 9,4 milhões de toneladas do papel.

“Agora, temos uma melhor avaliação dos efeitos da crise financeira internacional no setor, o que permite às empresas planejar os próximos meses”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa.
De janeiro a junho de 2009, o Brasil registrou queda de 0,3% da produção de celulose, em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, passou de 6,34 milhões de toneladas, para 6,32 milhões de toneladas, enquanto o volume das exportações cresceu 18% – de 3,3 milhões de toneladas para 3,9 milhões de toneladas. No segmento de papel, a retração da produção foi de 3,9% – passando de 4,7 milhões de toneladas para 4,5 milhões de toneladas -, e as exportações recuaram 7,4% nos primeiros seis meses de 2009 ante o mesmo período do ano anterior: de 1,0 milhão de toneladas para 960 mil toneladas.

Esses números refletem alguns dos efeitos da crise em empresas do setor, tanto no Brasil como em outros países. As paradas voluntárias e o fechamento de fábricas de celulose e papel na Escandinávia – região que mais sofreu com a retração da economia nesse setor – somadas à demanda de empresas produtoras de papel na China por celulose de melhor qualidade influenciaram as exportações de fibra de eucalipto do Brasil.

Análises da Bracelpa mostram, ainda, que o mundo deixou de produzir cerca de oito milhões de toneladas de celulose no primeiro semestre deste ano, em consequência dos fechamentos e paradas voluntárias de plantas. “O Brasil manteve sua produção e aumentou as exportações em um período em que o consumo mundial da fibra registrou queda”, diz Elizabeth. Além disso, ela destaca a inauguração de uma nova fábrica de celulose no País, em março, cuja produção deverá chegar a 1,3 milhão de toneladas. “O setor está preparado para atender às demandas mundiais dos próximos meses”, comenta Elizabeth.

A retração do consumo mundial também teve impacto no segmento de papel. Porém, os resultados do segundo trimestre de 2009, em relação ao primeiro trimestre, já indicam movimentação positiva do mercado. A expectativa, a partir de agora, é que essa tendência se mantenha. “Também foi inaugurada uma novo fábrica de papel, no primeiro trimestre deste ano, com capacidade de produção de 200 mil toneladas, o que reforça o potencial brasileiro no pós-crise”, completa a executiva.

Receita de Exportação – Mesmo com o aumento das exportações de celulose, o maior impacto da crise financeira nesse segmento foi a redução da receita em 17,1% de janeiro a junho de 2009, causada pela queda do preço da commodity desde outubro de 2008. Em relação ao segmento de papel, a queda de consumo levou à redução de receita de exportações em 18,4%. “É difícil estimar o fechamento da receita desse ano, que dependerá do aumento da demanda de produtos no segundo semestre e também de melhor precificação. E, sem dúvida, o impacto da valorização do real é um fator preocupante”, afirma a presidente da Bracelpa.

O papel da China – No primeiro semestre de 2009, o volume de exportações de celulose do Brasil para a China cresceu 118,6% em relação ao mesmo período de 2008, passando de 638 mil toneladas para cerca de 1,4 milhão de toneladas. No mesmo período, a receita das exportações registrou aumento de 42,6%, passando de US$ 358 milhões para US$ 511 milhões (FOB). Na comparação do primeiro de 2008 com o de 2009, a participação da China nas exportações brasileiras saltou de 20% para 34% do total.

“Se esse crescimento for contínuo e crescente, será positivo para a economia nacional. Mas ainda estamos avaliando o cenário”, explica Elizabeth. Para ela, houve, de fato, a busca por celulose de melhor qualidade, uma vez que o mercado chinês é um gigantesco consumidor de papel e não produz celulose de fibra curta com a qualidade da brasileira.

Nos próximos anos, o setor investirá para produzir 20 milhões de toneladas de celulose por ano e, assim, superar a produção da China. As metas de investimento serão estabelecidas de acordo com a nova demanda mundial no pós-crise. Na avaliação da Bracelpa, o País tem condições de ser um fornecedor de primeira linha do mercado chinês, mas isso só ocorrerá se houver uma parceira entre o governo e as empresas, para garantir a competitividade da empresas.

Período pós-crise – Segundo Elizabeth de Carvalhaes, para disputar novos mercados com seus principais concorrentes, o Brasil terá de superar seus próprios limites a fim de garantir a competitividade dos produtos. “Agora, cada dólar fará a diferença na base de custos e no fechamento de um contrato. Isso significa que o esforço de crescimento do setor não deverá ser apenas das empresas: o governo federal terá um papel decisivo”.

As oportunidades para as empresas brasileiras nesse cenário envolvem questões como modernização das políticas industriais e das relações trabalhistas, medidas para regulamentação fundiária e expressivos investimentos em infraestrutura e logística, entre outros itens. Para que elas também tenham isonomia em relação à concorrência, será fundamental a desoneração dos investimentos e das exportações – hoje da ordem de 17% -, além da aprovação da Reforma Tributária.

“Isso não significa que o Brasil tenha de adotar medidas protecionistas. No entanto, será fundamental estabelecer medidas para que a indústria nacional – e não apenas o setor de celulose e papel – possa conquistar novos mercados, gerando renda para o País, o setor produtivo e a população”, explica Elizabeth. Um ponto fundamental é o estabelecimento de mecanismos do sistema bancário que apóiem as empresas exportadoras em momentos de crise econômica, como linhas especiais de crédito e, principalmente, seguro de crédito às exportações.

Desde outubro de 2008, a Bracelpa e as empresas associadas negociam com o governo federal demandas para manter suas atividades. No caso do segmento de celulose, as empresas ainda esperam a ampliação das linhas de crédito para as operações de pré-embarque da fibra e oferta de seguro de crédito às exportações, uma vez que os financiamentos internacionais para essa operação continuam escassos. “As empresas assumiram sozinhas os riscos de crédito para as operações internacionais o que consumiu boa parte de sua liquidez”, avalia a executiva.

Em relação ao papel, encabeçam a lista de prioridades a ampliação dos programas governamentais para aquisição de livros didáticos e a inclusão da distribuição de cadernos aos estudantes, além da publicação da instrução normativa que regulamenta a Lei 11945/09, que trata do uso do papel imune.

“Setores do governo têm anunciado que o pior da crise já passou e alguns indicadores mostram sinais de recuperação da economia. Mas é preciso ter consciência que esse movimento terá de ser contínuo e crescente, e com um olhar atento à reordenação dos mercados globais, para que o setor e toda a economia brasileira avancem nos próximos anos” conclui Elizabeth de Carvalhaes.

Sobre a Bracelpa

A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) é a entidade responsável pela representação institucional do setor no País e no exterior. Sua ação desenvolve-se no âmbito de um segmento industrial cujos produtos são altamente competitivos e de qualidade world class, num mercado globalizado e extremamente ativo. Em seu processo produtivo, o setor utiliza 100% de eucalipto e pínus originários de florestas plantadas. Os plantios florestais são realizados principalmente em áreas degradadas e atuam como fixação de mão de obra no campo, além de evitarem o desmatamento em áreas de florestas nativas.

Fonte: Estadão


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