Tudo o que se fizer em defesa da Petrobras sempre será pouco. Ela é resultado de uma lenta e prolongada história de luta em favor do petróleo desencadeada pela população brasileira desde os anos 1930 do século passado. Certamente essa história é até mais antiga. Mas, adquiriu consistência naqueles anos e avançou, mais acelerada, na década de 1940, com uma legião de defensores do “petróleo é nosso”, slogan criado pelo professor e, depois, diretor do Colégio Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, Otacílio Rainho. Na linha de frente estiveram Monteiro Lobato, o general Horta Barbosa e muitos outros brasileiros, até que em outubro de 1953, pressionado pelos nacionalistas, Getúlio Vargas assinou a Lei 2004, criando a Petróleo Brasileiro S. A..
A Petrobras incorpora o que se possa imaginar de possibilidades em favor da economia do País e de sua engenharia, nas mais diferentes especialidades. Tornou-se patrimônio nacional e uma das mais importantes empresas do mundo, com capacidade para desenvolver e assimilar as tecnologias mais sofisticadas em todas as suas áreas de atuação. E é lastimável que, hoje, tantas empresas que lhe vinham ou vêm prestando serviços, sejam prejudicadas e tenham de entrar com pedido de recuperação judicial, por causa de complicações nos contratos e obras. Invariavelmente, são complicações geradas pela má gestão e pelos que exploram a companhia com fins de sobrevivência política. Rotular os escândalos que estão espocando de “malfeitos” pode parecer uma tentativa para reduzir o impacto que efetivamente eles vêm provocando.
Ainda bem que o escândalo maior estourou, mesmo resultante de uma delação premiada. A expectativa é de que o inquérito sobre o vazamento da deleção não acabe estacando as denúncias, que precisam vir à tona a fim de que sejam rigorosamente investigadas. Só assim poderá haver punição dos culpados e a recuperação da Petrobras.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira