Plano de rigging e plataformas aceleram trabalhos em complexo químico vertical

 O complexo acrílico abrange área total de 148,37 mil m2

Nova planta da Basf é a primeira do Brasil a fabricar químicos essenciais a produtos de higiene; empreendimento reafirma vocação petroquímica de Camaçari (BA)
Guilherme Azevedo

Como os olhos muçulmanos se direcionam, diária e diligentemente, a Meca; como os olhos católicos se derramam, cotidiana e copiosamente, em busca dos de Nossa Senhora ou do Cristo, em cada altar; como os olhos budistas convergem para dentro de si mesmos, desapegadamente em busca da alma; assim nossos olhos ecumênicos miram de frente a firme e imponente estrutura que se alteia na nova unidade industrial da Basf no Brasil, o complexo acrílico, localizado no Polo de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, a 50 km da capital.

Uma letra, três números: C310. O maior conjunto da fábrica, sua coluna principal, seu “coração”, onde se purifica, feito a paixão no coração, o ácido acrílico, importante produto na cadeia de suprimentos dos polímeros superabsorventes, componentes ativos de fraldas de bebês e outros produtos de higiene. Uma estrutura feita de aço inoxidável, com tecnologia de ponta da multinacional de origem alemã Basf.

Com 456 t de peso, 62,4 m de altura e 8,9 m de diâmetro, consumiu cerca de um ano para ser produzida na China. Depois, o transporte de longuíssimo percurso até Camaçari, outra tarefa complexa: de navio para a Base Naval de Aratu (BA) e de lá de veículo ultrapesado, com logística conduzida pela empresa Megatranz, num trajeto de 50 km até o sítio industrial.

O posicionamento adequado da coluna C310 no complexo foi cercado de cuidados. Este trabalho coube diretamente à Niplan, responsável, entre outras tarefas, pela montagem das estruturas metálicas e eletromecânica do empreendimento. Exigiu plano de rigging próprio, com dois guindastes: um maior, capaz de içar 1.350 t; e outro menor, para até 40 t, trabalhando coordenadamente.

Uma obra no ar

A propósito, a instalação do complexo acrílico da Basf em Camaçari pode ser considerada obra substancialmente executada no ar. No pico dos trabalhos, enquanto 5 mil trabalhadores colaboravam no canteiro, 40 guindastes riscavam o ar, curvando-se, erguendo-se, para o posicionamento e montagem dos componentes e sistemas das instalações produtivas. Na planta da Basf, são três grandes áreas: o GAA (para produção do ácido acrílico), que empregou no pico 2 mil trabalhadores; o SAP (para produção de polímeros superabsorventes), em que 1,8 mil trabalhadores atuaram juntos; e o BCI (unidade fabril de acrilato de butila), que exigiu esforços de 1,2 mil colaboradores. A montagem evoluiu com ganho de produtividade mediante o auxílio de plataformas elevatórias, posicionadas a 16 m, 24 m e 42 m de altura. “Por se tratar de uma obra compacta e vertical, com alta densidade de trabalhadores, o principal desafio foi com a segurança, devido à elevada quantidade de profissionais mobilizados”, pontua o líder do empreendimento, o engenheiro José Aparecido Garcia, da Niplan. A estratégia tem dado certo: em 10 milhões de horas trabalhadas desde fevereiro de 2013, quando os serviços de montagem tiveram início, nenhum acidente com perda de tempo foi registrado.

Gestão coordenada de tarefas, pessoas e suprimentos

Como filosofia e prática de trabalho, reuniões diárias, logo no início da jornada, contribuíram para o andamento eficaz dos serviços e o cumprimento do cronograma. Aparecido Garcia também credita o bom resultado à discussão de cada uma das etapas de execução com os coordenadores e os supervisores da obra e ao planejamento das atividades em conjunto com a equipe de produção. Afinal, uma grande obra é sobretudo a união de talentos complementares trabalhando com um objetivo comum.

A equipe gestora da Niplan tinha ainda uma característica de têmporas já grisalhas: “Somos um time de quase vovôs”, sorri Aparecido Garcia, de 62 anos de idade, 14 deles de empresa. “É uma turma que já se conhece.” Junta há pelo menos cinco anos, tem no currículo a execução de outras obras recentes de elevada complexidade, incluindo a montagem eletromecânica do projeto ácidos e álcoois graxos para a indústria Óleo Química, no mesmo Polo de Camaçari, finalizada em 2008. “Essa experiência facilitou.”

Além da gestão de pessoas, a logística de suprimentos foi também condicionante da própria obra, na avaliação do líder da Niplan: “É o que faz o carro andar”, compara Aparecido Garcia. Esse trabalho incluiu o controle de fluxo de todo o material necessário à montagem, como tubulações e estruturas metálicas. Item essencial de uma indústria química, as tubulações da planta foram fornecidas integralmente pela Basf, mas precisaram receber a conformação definida pelo projeto das instalações da planta. Por exemplo, a transformação da tubulação em curvas e Ts. Serviço executado diretamente no canteiro, assim como o jateamento e a pintura das peças.

Pré-comissionamento

A planta do complexo acrílico está agora em fase de pré-comissionamento e a expectativa é que esteja produzindo até o fim de março. Segundo a Basf, a operação local empregará 230 colaboradores diretos e 600 indiretos.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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