O porto de Pelotas espera um incremento na movimentação de cargas neste ano de cerca de 30% sobre o resultado de 2007, que foi de 354 mil toneladas. Além das cargas transportadas no ano passado, como fertilizantes, coque de petróleo e clínquer (cimento básico), em 2008 foi a primeira vez que foi realizada uma operação com arroz.
O complexo pretende manter o crescimento e a diversificação na movimentação de cargas. O chefe da divisão do porto de Pelotas, Paulo Morales, revela que será feita, até o final do mês, uma operação-piloto para avaliar a viabilidade do transporte por hidrovia de refrigerantes da Fruki de Estrela a Pelotas. Essa iniciativa envolverá cerca de 400 toneladas do produto. Se a ação for bem-sucedida, deverá ser mantida com uma periodicidade de duas vezes ao mês e com o aumento da carga transportada.
A idéia é que o roteiro dos navios inclua Porto Alegre e sejam movimentadas, por viagem, 3 mil a 4 mil toneladas em refrigerantes. Morales também adianta que a prefeitura de Pelotas e a administração do porto pretendem incentivar o desenvolvimento de um pólo de construção naval no município, que seja complementar ao que está sendo implementado em Rio Grande. O porto de Pelotas já realizou contatos com empresas, como a WTorre e Queiroz Galvão, para propor a sugestão. No porto da cidade existem duas áreas aptas para expansão, uma de 16,5 mil metros quadrados e outra de 8,1 mil metros quadrados.
Outra esperança de Morales é que seja desenvolvida a hidrovia do Mercosul que, através da utilização da Lagoa Mirim, ligaria o Uruguai até o porto de Estrela. Um fato que deve incentivar esse empreendimento é a perspectiva de a empresa uruguaia Fadisol iniciar em janeiro a obra do terminal Tacuari, na margem do rio de mesmo nome, na intendência de Cerro Largo.
Morales acrescenta que, além desse complexo, mais ao Sul do Uruguai, deverá ser instalado futuramente o terminal Cebollati e, do lado brasileiro, reativado o terminal de Santa Vitória do Palmar. Essas estruturas poderão ser utilizadas para o transporte de cargas como: arroz, trigo e cevada.
SPH defende diversificação de matriz logística.
O Rio Grande do Sul será obrigado a mudar a composição de sua matriz logística para evitar o estrangulamento das rodovias, enfatiza o superintendente da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), Gilberto Cunha. O dirigente adianta que, se forem necessárias ações de governo para incentivar o uso da hidrovia ou a concretização de parcerias com empresários do setor da navegação, isso será feito.
Ele aponta como um exemplo bem-sucedido do uso das hidrovias a iniciativa adotada pela Coriscal. A empresa pretende transportar mensalmente, a partir do próximo ano, de 3 mil a 5 mil toneladas de arroz de Cachoeira do Sul até o porto do Rio Grande, através do rio Jacuí e da lagoa dos Patos. Para discutir o potencial das hidrovias do Estado, Cunha e Morales estiveram reunidos na quarta-feira, em Porto Alegre, com uma comissão holandesa voltada para negócios logísticos.
O consultor da empresa holandesa NEA, Harrier de Leijer, comenta que o governo do Rio Grande do Sul solicitou o apoio dos holandeses para desenvolver a logística do Estado. O foco desse trabalho é a navegação interior. “Acreditamos que um papel mais relevante pode ser destinado às hidrovias”, diz Leijer. A NEA é uma companhia de consultoria em logística e transporte especializada em navegação interior e a relação desse modal com os portos.
Leijer explica que em um primeiro momento será elaborado um relatório identificando as características e os potenciais das hidrovias gaúchas. Posteriormente, investimentos privados e públicos da Holanda poderão ser realizados. Leijer admite que os holandeses possuem um particular interesse na área de construção naval, pois acreditam que, em um futuro próximo, haverá uma grande necessidade de novas embarcações para a navegação interior.