Porto de Santos pode estar perto do colapso

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O Porto de Santos movimenta cerca de 40% de todos os contêineres do Brasil. Seus problemas repercutem em toda economia e na competitividade da indústria. “Os custos dos atrasos exclusivos de Santos, ano após ano, já teriam financiado um grande novo terminal de contêineres”, afirma o diretor executivo do Centro de Navegação Transatlântica (Centronave), Claudio Loureiro de Souza, que reúne empresas de navegação no Brasil. Segundo ele, se nada for feito, em dez anos, será necessário um novo porto.
Souza lembra que, nos últimos dez anos, a movimentação de contêineres em Santos mais que triplicou. “Porém, o aumento dos berços de atracação restringiu-se apenas a pequenas expansões de terminais existentes”, destaca. Para ele, é fundamental um novo ciclo de investimentos em infraestrutura.
No principal porto do País, o volume de contêineres aumentou 216%, contra aumento de apenas 23% no comprimento acostável e 20% na área alfandegária. “A dragagem do canal deve resultar num aumento significativo do porto dos navios nos próximos anos, o que exigirá a adequação dos berços”, prevê Souza.

Um outro fator que acaba refletindo nas operações de Santos é o comprimento dos navios. “O comprimento médio da frota aumentou cerca de 30 m nos últimos cinco anos”, calcula Souza. Ele ressalta que, com frequência, navios são forçados a deixar o berço antes de finalizar a operação devido aos transtornos causados por suas dimensões. “E este fenômeno tem ocorrido com cerca de 10% das escalas programadas para Santos, ou mais de cem escalas por ano”, frisa o diretor do Centronave. E por causa dos problemas em Santos, nos portos do Sul, esse índice é ainda maior. “Em 2010, em Paranaguá, uma a cada quatro escalas foi cancelada.”
De acordo com o diretor do Centronave, no curto prazo é preciso que haja licitação de novas áreas alfandegadas, aumento do número de fiscais e a entrada em operação plena dos programas Porto sem Papel e do Porto 24h, entre outras ações. No médio prazo, ele aponta, entre as medidas para reverter a situação, a continuidade da dragagem e expansões lineares de cais. Licitação de novos terminais e ampliação e implantação de acessos rodoferroviários são soluções de longo prazo.

Quadro 1 – O que precisa ser feito para
melhorar os portos

Intervenção

Quantidade de obras

Investimentos

(em bilhões de R$)

Ampliação, construção e recuperação

133

20,5

Acessos terrestres por rodovias e ferrovias

45

17,3

Dragagens e derrocamento

46

2,8

Outras obras de infraestrutura

41

2,3

TOTAL

265

42,9

Fonte: Ipea

quadro 2 – Principais Problemas nos Portos

Baixos investimentos públicos no setor

Burocracia na liberação de cargas

Questões regulatórias

Greves que interferem na movimentação

Altos custos de praticagem, estiva e capatazia

Poucas horas de funcionamento

Falta de integração das agências de governo que atuam nos portos

Dificuldade de obtenção de licenças ambientais

Dificuldade de acessos terrestres e marítimos

Equipamentos inadequados

Falta de áreas para armazenamento

quadro 3 – Algumas das Soluções

Ampliação dos recursos do PAC

Aumentar contingente de fiscais e agilizar o desembaraço para 24h

Regulamentar o direito de greve no serviço público

Rever e tornar mais transparente a estrutura tarifária
de cada porto

Porto 24h

Porto sem Papel

Organizar o sistema de liberação de licenças

Fonte: Padrão


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