Carlos Brazil
Maior, mais importante, mais movimentado, mais problemático… Usar adjetivos para classificar o Aeroporto Internacional de Guarulhos – Governador André Franco Montoro pode nos dar a dimensão do potencial e dos desafios apresentados por esse terminal aéreo que recebeu em 2012 quase 17% de todos os 193 milhões de passageiros que transitaram pelos 66 aeroportos do País direta ou indiretamente geridos pela Infraero.
Nos últimos anos, o principal aeroporto do País vinha sofrendo por estar próximo de atingir sua capacidade máxima de operação de passageiros. A solução para esse grave problema está sendo equacionada pela iniciativa privada, com a concessão por leilão feita em fevereiro de 2012.
Os vencedores da disputa, o Consórcio Grupar – formado pelo Grupo Invepar (integrado pela construtora OAS e fundos de pensão), da área de infraestrutura em transportes, e ACSA (Airports Company South Africa), que opera aeroportos –, assumiram a gestão de Guarulhos e estão trabalhando para reverter seus principais problemas. A grande aposta é a conclusão do Terminal 3, cujas obras seguem o calendário proposto para garantir que a expansão do aeroporto seja concluída para atender à demanda extra esperada em razão da Copa do Mundo de 2014.
De acordo com o superintendente operacional das obras em Guarulhos, Francisco Germano, já foram concluídas todas as estruturas das principais edificações do Terminal 3, além de ter sido entregue à operação o Edifício-Garagem 1 (com capacidade para 2.644 veículos), assim como um dos pátios de aeronaves, com área de mais de 72 mil m², e que aguarda homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para entrar em operação. “O avanço total da obra está em torno de 58%do total das atividades previstas”, esclarece o engenheiro da OAS, empresa responsável pela obra.
Neste mês de setembro, Germano explica que eram realizadas as seguintes obras: instalação das estruturas da cobertura do terminal e suas fachadas; realização de acabamentos e instalações; e serviços de terraplenagem e pavimentação dos pátios principais de aeronaves e o sistema viário do Terminal 3.
Com investimentos orçados em R$ 3 bilhões até a Copa, as obras do Terminal 3 estão programadas para ser concluídas em maio de 2014, com tempo hábil para que a sua operação esteja adequada para receber o movimento extraordinário de torcedores, turistas e outros passageiros esperados. Vale destacar que Guarulhos é hoje um importante terminal de conexões (hub), especialmente de voos internacionais. Assim, não só o movimento de pessoas estimuladas pelos seis jogos do torneio a ser realizados em São Paulo, no estádio Itaquerão, mas também as conexões de passageiros que se deslocarão para outras cidades-sede são feitas no aeroporto paulista.
Projeto adaptado à urgência
Com obras iniciadas há menos de um ano, o prazo apertado para entrega da ampliação de Guarulhos motivou os técnicos a adotar soluções sob medida para atender às exigências. “Toda a estrutura do Terminal 3 foi desenvolvida por peças pré-moldadas para viabilizar os prazos necessários. As estruturas de cobertura estão sendo pré-montadas no térreo e içadas parcialmente prontas com guindastes de grandes porte”, explica Francisco Germano. Ele conta também que foram implantadas no local quatro usinas de concreto para atender às necessidades. Outra solução foi a utilização de pavimentadoras de concreto para antecipar a conclusão dos pátios.
Questionado se os empreendedores nacionais estão preparados para fornecer materiais e serviços com a tecnologia exigida para um projeto como o de um aeroporto, Germano tem uma avaliação positiva: “Sim. As empresas que participam deste projeto são em sua maioria nacionais, sendo que também temos fornecedoras multinacionais, que realizam serviços específicos, por exemplo, o sistema de entrega de bagagens”.
Aumento da capacidade
As obras de implantação do Terminal 3 – que será dedicado exclusivamente a voos internacionais – estão sendo realizadas em área de 192 mil m², maior do que a soma dos já existentes terminais 1, 2 e 4. A capacidade será de 12 milhões de passageiros ao ano. Estão sendo acrescidas 20 pontes de embarque (fingers) às 25 já existentes, além de 34 posições de estacionamento de aeronaves. Os passageiros contarão com 108 novos balcões decheck-in, cem lojas, hotel com 50 quartos dentro do aeroporto, além de outro hotel externo, com 350 quartos.
Os novos gestores de Guarulhos também já entregaram importantes obras no Terminal 2, como a ampliação da área de raio X no embarque doméstico e o aumento de 6 mil m² em seu espaço total, incluindo o acréscimo de uma praça de alimentação com dez lojas, a ampliação da loja defree shopno desembarque internacional do aeroporto e da área de devolução de bagagem.
“Fizemos algumas melhorias, mas antes da Copa do Mundo vamos inaugurar a primeira fase do Terminal 3, o que vai transformar Guarulhos”, diz o presidente da concessionária, Antônio Miguel Marques.
Desafio
A ampliação de Guarulhos é reconhecidamente essencial. Mas um dos principais gargalos existentes, que é o acesso ao aeroporto, não está sendo equacionado com a devida atenção. Com acesso terrestre apenas pela rodovia Hélio Smidt, que constantemente se encontra congestionada, as obras de implantação da Linha 13 – Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), ligando o aeroporto à estação Engenheiro Goulart, na Zona Leste de São Paulo, tiveram início apenas neste mês de setembro. Os 11 km de extensão do ramal – que chegará ao Terminal 4 de Guarulhos, o chamado “puxadinho” – devem ficar prontos em 18 meses, somente em 2015, caso não haja novos atrasos. O consórcio que administra o Aeroporto de Guarulhos será responsável, até lá, pela instalação de um sistema dedicado a transportar as pessoas da estação de trem para os demais terminais, que pode ser um VLT (veículo leve sobre trilhos) ou monotrilho.
Fonte: Revista O Empreiteiro