Como tenho aprendido entre observações, vivências e citações, na vida temos, entre tantas, três constantes situações: mudanças, escolhas e princípios.
As mudanças são permanentes no universo e em nossas vidas, mesmo que às vezes pretendamos que algumas delas sejam eternas. E nestas mudanças temos que fazer escolhas. Para tal, não podemos esquecer os princípios, pois estes devem nortear nossas vidas.
Tenho 70 anos de vida, dos quais 44 como engenheiro – sou engenheiro civil formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Este período de vida tem me dado muitas oportunidades de aprendizado. Primeiro na infância, com a vida no campo e sua simplicidade, mas com grande lição com as observações da natureza e dos animais. Depois na adolescência e juventude no comércio, que foi também uma grande escola.
Maia adiante na engenharia, que passei de estagiário a presidente e controlador de empresa, que é a Mascarenhas Barbosa Roscoe SA Construções – com 82 anos de vida e de atividade contínua, com o mesmo CNPJ, da qual sou dirigente há 22 anos.
Vivi muitos ciclos econômicos e políticos, desde a era do presidente Getúlio Vargas, passando por Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Governo Militar, Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma.
Comecei como engenheiro em pleno milagre econômico. Foi um período de rápido crescimento e de grande aprendizado na engenharia (projeto e construção) e na gestão de empreendimentos.
Assumi a Mascarenhas em um ciclo de baixa da economia nacional, de transição da moeda, e de mudança de geração na gestão da empresa.
Pude contar com os princípios e valores preservados, parte da equipe e o acervo técnico, pois capital (econômico e financeiro) não havia e teria de ser reconquistado.
Foi um período de arrumação na economia e na empresa, e quando chegou o último ciclo de crescimento, que vivemos recentemente, a empresa estava capitalizada e arrumada, o que propiciou a realização de grandes obras e a retomada do crescimento empresarial. Posso dizer que pudemos aproveitar as boas oportunidades desta etapa.
Porém, o ciclo acabou antes que as empresas e o País melhorassem a produtividade, a formação profissional e realizassem as obras de infraestrutura, itens tão necessários ao aumento da competitividade. No período de fartura crescemos muito em volume de negócios e rentabilidade, mas caímos em produtividade.
Pelas experiências anteriores, pude prever o fim do ciclo a tempo de preservar o capital acumulado e as capacitações humanas e profissionais, estando a empresa pronta para um novo período de crescimento.
Durante o período de abundância procuramos não nos empolgar, e nem abrir mão dos princípios que consideramos fundamentais para a vida e os negócios, os quais relacionamos: a simplicidade na organização, nos tratos e nos negócios; o rígido cumprimento das obrigações contratadas; atuação com o princípio ganha x ganha em todas as relações; o respeito às pessoas, aos compromissos e às leis de nosso País; e busca contínua de melhorias nos processos, na engenharia e nas relações.
As conquistas têm que se dar pelo trabalho e merecimento, sem pressa – o tempo é o senhor da razão.
A engenharia brasileira tem evoluído muito em todos os campos, do desenvolvimento tecnológico aos processos de gestão. Assim, conclamo a todos do segmento, como responsáveis que somos pela preservação dos patamares já alcançados, para estarmos prontos a retomar um novo ciclo de crescimento melhor em todos os aspectos.
*Luiz Fernando Pires é presidente da Mascarenhas Barbosa Roscoe
Fonte: Revista O Empreiteiro