A grande quantidade de resíduos gerados pelas indústrias de fertilizantes no Brasil e no mundo, bem como seus impactos causados no meio ambiente, torna-se cada vez mais necessária a realização de estudos e pesquisas que possibilitem a redução, reciclagem e reutilização desses resíduos.
Neste contexto, existe um resíduo de especial atenção. Co-produto ou sub-produto das indústrias de fertilizantes, este material é conhecido como fosfogesso (gesso químico). É gerado a partir da produção do ácido fosfórico, matéria prima para a produção de fertilizantes fosfatados.
Atualmente, somente, 15% do fosfogesso gerado no mundo é reciclado. Os restantes 85% são dispostos em geral sem tratamento. Entre suas reutilizações estão: materiais para construção de pré-moldados, tais como: blocos, pisos, placas para forros e divisórias; fabricação de cimento; complemento de adubação e condicionador de solo.
No Brasil sua disposição é feita em pilhas a céu aberto, o que envolve atividades de custo significativo tais como preparo do terreno de acordo com as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), manuseio do material com a ajuda de pás carregadeiras, tratores e caminhões basculantes. Já do ponto de vista ambiental este tipo de disposição pode ocasionar nas contaminações da atmosférica, solo e água subterrâneos.
Nesse cenário, a reutilização desse resíduo como matéria prima e alternativas para a obtenção de novos produtos, em especial os da construção civil, vem ganhando grande importância no mercado mundial, pois, de uma forma geral, influencia diretamente na redução do consumo de matérias-primas virgens e redução do passivo ambiental.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados 16 produtos químicos necessários para produção das ecotintas, tais como: resina, dispersante, umectante, anti-espumante, bactericida, fugicida, pigmentos e entre outros segredos de processo.
Para tanto, foi possível realizar uma nova restruturação da química das tintas e incorporar até 40% de fosfogesso tratado na composição das mesmas, substituindo assim as cargas minerais convencionais.
O objetivo de produzir uma inovadora forma de reutilização do resíduo fosfogesso foi alcançado, onde a alternativa proposta de produção de tintas acrílicas se mostrou de grande relevância, obtendo-se resultados satisfatórios de qualidade e economia.
No que diz respeito ao estudo de viabilidade econômica preliminar, os resultados demonstraram que o custo de produção das tintas ecológicas está abaixo dos congêneres. Este dado, aliado a um mercado promissor tornam-se informações imprescindíveis para a viabilidade do projeto.
Por fim, destaca-se que essa inovação foi registrada e reconhecida sua propriedade de invenção em mais de 150 países que formam o Tratado Internacional em Matéria de Patentes (PCT).
Gabriel Estevam Domingos
Eng. Ambiental
Diretor Técnico e P&D Ambipar Environment – Grupo Ambipar