Profundidade e troncos rolando na correnteza dificultaram trabalhos

Aconstrução da ponte sobre o rio Madeira tem sido uma das obras mais complexas da Emsa na atualidade. Com extensão de 1,9 km, a ponte está localizada entre o km 17,47 e o km 19,32, da rodovia BR-319/RO, e está prevista para ser entregue em dezembro deste ano. Trata-se da segunda ponte de grandes proporções construída na Bacia Amazônica – a primeira é sobre o rio Negro, em Manaus (AM), inaugurada em 2011.

A estrutura, com o custo de R$ 247 milhões, põe fim à travessia de balsas nesse trecho na ligação rodoviária de Rondônia com o estado vizinho do Amazonas. A obra tem como contratante o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e deve estar pronta no final de dezembro.

A correnteza do rio Madeira (14 km/h) e a descida constante de troncos (6 mil por dia, em média, de todos os tamanhos, chegando alguns a medir 60 m de comprimento) criaram dificuldades à obra, principalmente às balsas posicionadas para a execução das fundações dos pilares da ponte.

“Formavam aqueles aglomerados embaixo da obra. Usávamos uma balsa para tirar os troncos enganchados nas outras balsas que faziam as fundações dos pilares da ponte”, destaca José Almeida Lourenço, responsável pela obra.

A navegação intensa na região é outro ponto com que a construtora teve que tomar cuidado durante os trabalhos. Próximo à estrutura encontra-se o terminal portuário de Porto Velho e algumas indústrias. “Tivemos que fazer proteção nos pilares centrais por conta disso”, menciona. “Houve algumas ocorrências ao longo da construção, com balsas à deriva no rio”.

De acordo com o engenheiro, foi a fundação mais difícil de executar de que ele tem conhecimento no Brasil. Foram 10 m de profundidade para alcançar rocha sã no meio do rio. Antes, a perfuração atravessou rocha instável e de resistência baixa, entremeada com argila e areia, e, por conta disso, foi preciso fazer uma camisa nesse trecho para que a concretagem pudesse ser realizada de forma segura. “Tivemos que atravessar 10 m nessa rocha para descer o pino (da fundação) na rocha segura”, explica José Almeida.

Para o projeto estrutural, a Emsa convocou o engenheiro Vicente Garambone Filho, com vasta experiência, para auxiliar nos trabalhos. Ele já havia feito o projeto básico e executivo da obra para o Dnit. “Contratamos também uma empresa para fazer o Controle de Processo e Qualidade (CPQ) dos trabalhos”, informa o engenheiro. A Geobrasileira auxiliou a Emsa nos serviços de fundação da ponte de Porto Velho.

A ponte, em balanços sucessivos, possui um vão central de 165 m, dois adjacentes de 80 m cada, e o restante em vãos de 45 m. No total, a ponte tem 18 pilares.

A cabeceira da ponte do lado de Porto Velho ainda aguarda finalização. Desapropriações ainda a ser realizadas atrasaram os trabalhos no trecho.

Com o know-how adquirido nesta ponte sobre o rio Madeira, a Emsa estuda participar da futura licitação da construção de outra ponte sobre o mesmo rio, dessa vez na BR-364, quase na divisa dos estados de Rondônia e Acre. Lá, José Almeida calcula encontrar mais dificuldades na execução. “O rio naquele trecho chega a ter 40 m de profundidade em nível normal”, avalia. Segundo o engenheiro, no trabalho inicial de sondagem no eixo do rio já se exigirão equipamentos especiais ainda não utilizados no País.

No total, 480 pessoas trabalham na construção da ponte em Porto Velho. Por conta das obras em curso das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio em Porto Velho, com grande contingente de pessoal, a Emsa teve que contratar pessoal de fora para executar a obra.

Fonte: Padrão

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