Projeto, a base para obras amientalmente corretas

A recente polêmica envolvendo a aprovação dos projetos ambientais (EIA/Rima) do complexo de hidrelétricas no rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), em Rondônia, mostra a importância do projeto bem contratado e desenvolvido com competência por equipes especializadas e multidisciplinares. O Brasil tem muito a ganhar em competitividade internacional quando se notabiliza pelo respeito ao meio ambiente no desenvolvimento de empreendimentos de infra-estrutura. A imagem do nosso país no exterior em relação a esse item tem melhorado nos últimos anos, mesmo com a ressalva dos inúmeros problemas que ainda apresentamos na questão ambiental e nos métodos e idiossincrasias dos responsáveis pela aprovação de estudos de impacto ambiental e relatórios de impacto ambiental (EIA/Rima). E temos a ganhar com o respeito ao meio ambiente em projetos de infra-estrutura e nas demais áreas da economia simplesmente porque essa é questão que está dia a dia mais presente na agenda dos países desenvolvidos. Ela vem ganhando importância econômica na exportação de commodities, bens industrializados e serviços, devido principalmente ao boicote, promovido por organizações ambientalistas cada vez mais fortes na opinião pública dessas nações, a produtos/serviços considerados ecologicamente incorretos. Por estar inserida na agenda econômica e política dos países desenvolvidos, as nações que crescem e produzem sob o estigma da agressão ao meio ambiente terão dificuldades crescentes para exportar ao Primeiro Mundo. Daí a vantagem comparativa do Brasil nessa questão. O desafio é lançado não apenas às empresas de arquitetura e engenharia consultiva (A&EC) para desenvolver projetos sustentáveis, no sentido amplo (com viabilidade e eficiência econômica e ambiental), mas principalmente aos contratantes do setor de A&EC. Estes não podem mais – sob pena de arcar com obras que não saem do papel ou que são travadas pelos órgãos ambientais – contratar serviços de arquitetura e engenharia como simples commodity, comprada pelo menor preço e não pelo melhor valor. As empresas de A&EC é que promovem a compatibilização entre a intervenção física e as decisões/ações para evitar e/ou mitigar danos ambientais. O desafio está lançado: o setor de projetos nacional já provou sua competência, em trabalhos no Brasil e no exterior. Agora, com a palavra os contratantes.  

*José Roberto Bernasconi é presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia e Arquitetura Consultiva (Sinaenco)

Fonte: Estadão

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