R$105 bilhões em dez anos para universalizar serviços

A previsão é do secretário nacional de Saneamento Ambiental. O governo também afirma que, com o PAC, a coleta de esgotos no País aumentou de 50% para 60% e o tratamento cresceu de 30% para 50%

O secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar Tiscoski, calcula que, para universalizar o saneamento no País, será necessário investir R$ 105 bilhões, entre 2010 e 2020. Esse valor, segundo ele, corresponde à segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a partir de 2010.

Tiscoski participou da Conferência Latinoamericana de Saneamento (Latinosan), realizada de 14 a 18 de março, em Foz do Iguaçu (PR), que reuniu representantes de 17 países, para discutir universalização e sustentabilidade dos serviços de saneamento.

Segundo ele, o Brasil avançou nos últimos anos, mas o desafio continua: "Um número curioso divulgado pelo IBGE indica que o crescimento populacional subiu 1,44% e o domiciliar foi de 2,72%". Isso indica que parte do déficit habitacional está sendo solucionada, mas, por outro lado, o setor do saneamento ainda apresenta números que servem de alerta. "Vamos ter que ampliar o atendimento, pois cada nova casa vai exigir mais serviços de água e esgoto", destaca.

O secretário informa que, com o PAC, a coleta de esgotos no Brasil aumentou de 50% para 60% e o tratamento de águas residuais cresceu de 30% para 50%. Segundo ele, duas áreas inspiram cuidados: o tratamento dos resíduos sólidos e drenagem principalmente em áreas de risco.

"Antes do PAC, os setores estavam muito desmobilizados. Foram muitos anos sem investimentos, não havia projetos, a indústria não estava preparada, faltava corpo técnico. Com a continuidade do PAC, o setor vai se manter mobilizado", analisa Leodegar Tiscoski.

O secretário acredita que o Brasil ainda pode atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para saneamento, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), de reduzir pela metade a proporção da população sem acesso à água e ao esgotamento sanitário até 2015.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, elaborado em 2009, a probabilidade de o Brasil cumprir a meta para abastecimento de água no ano passado era de 70%. Já a chance real de atingir a meta de esgotamento sanitário era de menos de 30%.

O secretário acredita que, embora o Brasil tenha motivos para comemorar, especialmente em relação aos investimentos, ainda há muito para ser feito: "Temos muitos mananciais comprometidos. E, quando se trata de saneamento, as ações são lentas e os reflexos são mais lentos ainda", conclui.

O chefe da Divisão de Água e Saneamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Federico Basañes, vê melhora na situação do saneamento na América Latina e Caribe, apesar de o problema ainda estar longe de ser solucionado: "Ainda temos 117 milhões de pessoas sem acesso ao saneamento na América Latina e pelo menos 45 milhões carecem de coleta de esgoto e 80% das águas residuais não têm tratamento".

Segundo ele, 100 crianças abaixo de cinco anos ainda morrem diariamente na América Latina, devido aos problemas de saneamento, ou seja, 38 mil mortes por ano. Desde 2007, o BID traçou metas para atender 100 cidades, 3 mil comunidades rurais, 25 bacias hidrográficas e trabalhar para recuperar 15 áreas apontadas como "zonas mortas" próximas às desembocaduras de grandes rios onde os níveis de oxigênio são muito baixos na América Latina e Caribe.

A vice-presidente do Banco Mundial, Pamela Cox, destaca que, desde 2007, 20 milhões de novos usuários tiveram acesso ao saneamento e países como Uruguai, Costa Rica e Argentina atingiram os objetivos do milênio. Ela enfatiza a necessidade de cooperação entre empresas de saneamento, conscientização e mudanças de comportamento da população em relação à higiene.

Natalia Gullón, do Fundo de Cooperação para a Água e Saneamento da Agência de Cooperação Espanhola, falou sobre o fundo de US$ 1,5 bilhão que a Espanha destinou para projetos de saneamento na América Latina e que em 2009 já havia desembolsado US$ 900 milhões em 46 programas e projetos de gestão de recursos hídricos. Gullón lembra que o fundo espanhol aceita participação de outros organismos e países e lembra que o esforço da Espanha se baseia na diminuição da pobreza, no direito humano à água, nas diferenças de gênero, na gestão integrada,nas comunidades e na capacitação.

Sem água potável e saneamento,
1,5 milhão de crianças morrem por ano

A cinco anos do prazo final para o mundo alcançar o objetivo do milênio de reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável, que vence em 2015, 87% da população mundial dispõem de fontes de abastecimento de água potável, de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Apesar do avanço em relação ao acesso à água potável, os números sobre o saneamento básico ainda são ruins. Mais de 2,6 bilhões pessoas – 39% da população mundial – continuam sem esse serviço. Segundo o documento, o problema ainda mata anualmente 1,5 milhão de crianças de até 5 anos, em todo o mundo. As crianças e mulheres, segundo a OMS/Unicef são as mais atingidas pelas dificuldades no acesso à água e à falta de saneamento básico.

O estudo monitorou dados de 209 países. Em algumas regiões, houve mais avanços, como no Sudeste da Ásia. O relatório cita, por exemplo, que o ato de defecar ao ar livre diminuiu consideravelmente no continente. Em todo o mundo, essa prática decresceu de 25%, em 1990, para 17% em 2008, o que significa que 168 milhões passaram a ter acesso a sanitários.

As populações rurais também são consideradas mais vulneráveis ao problema. Segundo o informe, sete em cada dez pessoas sem serviços de saneamento e mais de oito de cada dez sem acesso à água potável vivem em zonas rurais.

O documento cobra ações imediatas das instâncias governamentais e não governamentais para acelerar o acesso à água potável e garantir condições de saneamento a todas as populações do mundo.

Fo

nte: Agência Brasil

Fonte: Estadão

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