A tecnologia na construção, antes frequentemente presente nos escritórios, passa a ter a “mão na massa” (e a colocar tijolos)
Por muito tempo, a tecnologia na construção foi destinada aos escritórios. Isso porque a mesma agilidade e praticidade trazida a outros mercados poderiam ser replicadas em plataformas de conexão entre compradores e fornecedores, em dashboards para acompanhamento de obras, sites de locação de imóveis, entre outros.
Aos poucos, foram surgindo soluções para facilitar a vida dos funcionários que atuam dentro dos canteiros de obras. Drones possibilitam o mapeamento de áreas, inspeções e até o içamento de cabos. Agora, uma nova tendência está ganhando força no setor: os robôs.
A dependência humana nos trabalhos manuais na construção tem diminuído com o tempo. As máquinas surgiram para serem comandadas por pessoas, mas hoje estão sendo criadas opções autônomas, que dependem apenas de supervisão. A Construction Robotics tem se destacado no setor — a companhia americana criou robôs para posicionar tijolos e levantar objetos pesados.
O SAM 100, abreviação de “Semi-Automatic Mason” (pedreiro semi-automático), é uma máquina capaz de posicionar tijolos 500% mais rápido do que humanos. O robô participou da construção de um hospital da Universidade de Michigan em 2017. Aos trabalhadores da obra, é necessário apenas retirar o excesso de cimento deixado pelo SAM.
Já o MULE, sigla para “Material Unit Lift Enhancer” (facilitador de elevação de materiais), é capaz de levantar objetos acima de 61 kgs. Na descrição da empresa, o robô auxilia a eliminar a “fadiga e o desgaste físico associado ao levantamento repetitivo de peso”.
Embora ainda seja um mercado no início do desenvolvimento, já existem robôs aptos para realizar diversas tarefas. A startup norueguesa Nlink criou uma máquina capaz de realizar perfurações precisas no teto das construções. Já a espanhola Scaled Robotics desenvolveu robôs para scannear as obras, compará-las com o planejamento digital e localizar possíveis erros.
A Scaled Robotics anunciou que levantou 2 milhões de euros em uma rodada semente. O investimento foi liderado pela Construch Ventures da Noruega e Surplus Invest. “Nós prevemos que nossos produtos irão permitir que essa indústria global de US$ 13 trilhões faça a gestão de risco e incertezas de maneiras que previmos antes serem impossíveis”, afirmou Stuart Maggs, CEO da companhia, no anúncio.
A expectativa é que os US$ 13 trilhões sejam batidos em 2022. O mercado está atraindo inclusive grandes players de outros setores — a Boston Dynamics, uma das empresas líderes em robótica, também anunciou, recentemente, que utilizará o robô Spot para analisar o progresso de construções.