Nas próximas semanas, a Petrobras divulgará detalhes da concorrência para a renovação de sua apólice patrimonial, que prevê a cobertura dos riscos operacionais de refinarias, plataformas, movimentação de cargas e outras unidades da petrolífera. Os prêmios de seguros podem ultrapassar a casa dos US$ 40 milhões – em 2007, a operação somou US$ 26,2 milhões. O valor promete esquentar a competição entre as grandes seguradoras brasileiras.
Será a primeira vez que a estatal conduzirá o negócio com o mercado aberto de resseguros em pleno funcionamento desde abril do ano passado.
A restrição em operar com os atuais 57 resseguradores cadastrados no País e as perdas financeiras sofridas pelos principais players do mercado internacional preocupam o gerente de seguros da Petrobras, Luiz Octavio Parente de Mello. Ele acredita que o desenho atual do mercado pode não oferecer capacidade financeira suficiente para cobrir o risco total da companhia.
“Somos os maiores consumidores de seguros do País e podemos ficar sem capacidade de resseguro”, afirmou. Durante o seminário internacional “Brazilian Reinsurance Conference”, encerrado ontem no Rio de Janeiro, o executivo disse que a Petrobras mapeia resseguradores no mercado internacional para se antecipar a esses problemas.
O risco total dos ativos a serem segurados fica perto de US$ 50 bilhões, acima dos US$ 47,7 bilhões protegidos em 2007, cujo limite para indenização máxima no período foi de US$ 800 milhões, de acordo com informações da estatal.
“Para chegar a esse número, um técnico avalia o valor do risco de cada unidade da empresa e considera o dano máximo estimado em cada instalação, já que é impossível que ocorra sinistros em todas as plataformas da Petrobras ao mesmo tempo”, explica Edson Wiggers, diretor comercial da XL Re e professor de seguro e resseguro no setor petrolífero da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O especialista argumenta ainda que a Petrobras pode dividir as apólices entre diferentes seguradoras.
Para Angelo Colombo, diretor de grandes riscos da Allianz, o fechamento de uma apólice desse porte pode envolver a participação de mais de 50 resseguradores.
“Fatalmente vai faltar capacidade para garantir os riscos somando todos os resseguradores do mercado brasileiro.
A Petrobras vai fazer uma tentativa e se o mercado nacional não conseguir fica facultado, pela legislação, a colocação no exterior com mais resseguradores, num processo que ficará muito moroso.”
Campeã em “segurar” os riscos de engenharia da Petrobras, com 14 obras cobertas em 2008, a Allianz brigará pelo seguro patrimonial da petrolífera. Segundo Colombo, a estatal pode tentar assumir parte do risco para minimizar o problema de capacidade de resseguro. “Com sabedoria, eles devem juntar transporte, responsabilidade civil e risco patrimonial em uma única apólice para ter escala na hora de negociar e reduzir o prêmio, assumindo boa parte do risco”, prevê. O executivo conta que na apólice vigente com a Itaú XL a franquia assumida pela estatal foi de US$ 20 milhões.
No relatório anual de 2007, a estatal admite que o contrato pode chegar a US$ 50 milhões.
Luís Felipe Pellon, sócio do Pellon e Associdos Advocacia, diz que a entrada de novos resseguradores no novo mercado brasileiro com mais velocidade poderia ajudar a resolver a questão de capacidade financeira. “São várias obras acontecendo no País que demandam seguros: duas siderúrgicas sendo construídas, duas hidrelétricas, refinarias e embarcações, o projeto do trem-bala, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e ainda as construções de olho na Copa de 2014 e até nas Olimpíadas”, argumenta o advogado. Para Pellon, é necessário acelerar a entrada de resseguradores da categoria admitidos e eventuais (estrangeiros) para diluir a capacidade de resseguro no mundo inteiro. O número ideal, em sua opinião, seria de 100 companhias, quase o dobro do atual.
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Na avaliação de Eduardo Nakao, presidente do IRB-Brasil Re, uma das principais características do mercado brasileiro de resseguro é o envolvimento maior do segurado no contrato em contratos de grandes monta – acima de US$ 10 milhões. A contratação de resseguro na ArcellorMittal funciona nesse parâmetro. “A seguradora opera mais como uma empresa de fronting, escolhida de acordo com os serviços prestados e a parceria que pode ter com a resseguradora líder do risco coberto”, explica Márcia Rabello, gerente de seguros e riscos da siderúrgica, que deve renovar sua apólice de resseguro no meio deste ano. O risco da operação é de US$ 11 bilhões.
Fonte: Estadão