Revitalização do centro de São Paulo

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O presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, aguarda com expectativa o desenrolar do Projeto Nova Luz, que pretende revitalizar a área do centro de São Paulo próxima da Estação da Luz. “Quando for implementado, ele vai ter um efeito germinador. Os resultados vão ficar mais visíveis e a sociedade vai poder cobrar que a prefeitura faça mais mudanças”, afirma.

Na avaliação dele, o êxito dessa iniciativa terá reflexos positivos em outras propostas – como as novas operações urbanas anunciadas pela prefeitura de São Paulo. “Vai ajudar a reverter a tendência de esvaziamento da cidade de São Paulo”, diz Crestana. Somente na área da Nova Luz, ele acredita que possam ser construídas entre 2 mil e 3 mil unidades residenciais se o projeto for adiante.

O presidente do Secovi-SP lembra que a capital paulista já representou 80% dos lançamentos de imóveis da região metropolitana, mas hoje não passa da metade. O centro do município perdeu vigor, enquanto a malha urbana se estende para cidades vizinhas, em geral carentes de ofertas de empregos. “Para nós, vai ser ótimo se isso se reverter”, avalia.

O Projeto Nova Luz vai exatamente nessa direção. A proposta é revitalizar o polígono formado pelas avenidas Ipiranga, São João, Duque de Caxias, Cásper Líbero e rua Mauá. Novos espaços verdes, bulevares, recuperação de edifícios históricos, instalação dos escritórios de grandes empresas e construção de moradia são as táticas previstas para recuperar a região, que ganhou nos últimos anos o apelido nada lisonjeiro de “cracolândia”.

No entanto, o projeto tem avançado com extrema morosidade. O embrião começou a ser desenvolvido em 2005, quando a Câmara dos Vereadores aprovou uma lei para oferecer incentivos a quem investisse na região. Somente quatro anos mais tarde foi lançado o edital para a concorrência pública que escolheria a melhor proposta de renovação urbanística. O vencedor foi o Consórcio Nova Luz, integrado pelas empresas Concremat, City, Aecom e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

As negociações com habitantes e comerciantes têm se mostrado delicadas. Convivem na área grupos muito distintos: moradores antigos, traficantes e usuários de drogas, donos de lojas de produtos eletrônicos da rua Santa Ifigênia, entre outros. “Há resistências explícitas e outras não”, observa Crestana. “Alguns defendem o interesse privado em detrimento da cidade toda.”

Para o presidente do Secovi-SP, uma das grandes dificuldades é estipular as indenizações a serem pagas a quem ocupa o espaço atualmente. O pagamento deve refletir o – baixo – valor atual dos imóveis? Ou deve embutir um potencial de valorização futuro em decorrência do próprio projeto? Em outras palavras, a prefeitura deve indenizar os proprietários com base numa valorização que ela própria vai gerar? Questões como essas devem alimentar o debate nos próximos anos.

Porém, Crestana avalia que essa lentidão é natural e se nota em programas de recuperação urbana ao redor do mundo. “Se a região da Luz estivesse desocupada, já seria um desafio porque se trata de um espaço grande. Mas não é um lugar vazio e isso cria dificuldades adicionais”, conclui.

Londres revitaliza região leste com os Jogos Olímpicos

A vitória da cidade de Londres para sediar os Jogos Olímpicos de 2012 reflete um projeto que aponta novos caminhos de regeneração urbana. Os eventos serão concentrados no East End e contemplam um programa de recuperação da área adjacente a Stratford. São áreas menos favorecidas e com diversos espaços abertos e abandonados, os “brownfields” que no passado abrigaram indústrias, docas e pátios ferroviários.

A área já era foco de um dos mais ambiciosos programas de regeneração na Europa: o Thames Gateway, uma área de 81.000 ha que se estende da London’s Tower Bridge até o Estuário do Tâmisa, abrangendo 3,3 milhões de pessoas. Uma nova ponte sobre o rio, bem como a construção de casas e o desenvolvimento de novos distritos ao longo de seu leito são centrais nesse projeto. O sucesso da candidatura londrina para a Olimpíada aumentou a visibilidade da proposta, que vinha recebendo pouca atenção.

A estimativa de custos para a organização do evento é da ordem de 2,4 bilhões de libras esterlinas, investidas em instalações esportivas (17%), tecnologia (18%), transporte (8,5%), mão de obra dos Jogos (8,5%) e administração (10%). As demais despesas giram na casa dos 15,8 bilhões de libras, sendo mais da metade financiada por fundos públicos.

Das propostas 33 instalações esportivas, 15 já existem, nove serão construídas como permanentes e nove serão temporárias. O desenvolvimento da infraestrutura específica para os Jogos, mas que fará parte do legado – instalações esportivas, centros aquáticos e de mídia – deve atender a dois requisitos. Primeiro, as construções devem facilitar o uso sustentável pós-evento. Segundo, deve estimular a atração de capitais privados para East London, gerando mais empregos na área.

Com o projeto, uma das áreas menos conectadas de Londres também vai ganhar novas opções de transporte. Conexões com as principais redes de metrô e de ônibus estão em andamento. Serão construídos 14 km de novas ruas e 35 km de ciclovias. Além da malha ferroviária, a maior parte dos 8 km de vias navegáveis do Tâmisa passa por um processo de revitalização, que pretende cuidar de aspectos ambientais do corredor, que ao mesmo tempo servirá para escoar resíduos dos materiais empregados na construção do Parque Olímpico.

Outro ponto crucial do projeto reside na recuperação de um solo consideravelmente contaminado. Em toda a área, 1,8 milhão de metros cúbicos de terra está sendo escavada, limpa e reutilizada.

A regeneração dessa parte leste de Londres deixará, após o evento, 100 ha de espaço público ao ar livre, que poderão ser usados em eventos esportivos, sociais e culturais. Ao mesmo tempo, suprirá a carência da regi&a

tilde;o por áreas verdes.

Do ponto de vista de infraestrutura, 52 postes de eletricidade, que atualmente dominam a linha do horizonte na área do Parque Olímpico, estão aos poucos sendo aterrados. Uma complexa rede de tubulação sob o solo, de água, gás, eletricidade e telecomunicações está sendo implementada para servir as comunidades locais pós-2012. Estima-se que haverá uma expansão da economia local, com a geração de até 10 mil empregos, em especial, no comércio e em serviços.

Já a Vila Olímpica deixará 3 mil residências, parques, instalações de educação para todas as idades, serviços de saúde e áreas comunitárias multiuso. Espaços para a prática de esporte, como o centro aquático e o velódromo, serão usados após os Jogos para fomentar a prática esportiva entre os jovens.

Fonte: Estadão


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