“É estranho chegar no ano de 2023 e se deparar com cidades que ainda não possuem tratamento de água. Crianças com celular tirando foto de esgoto. Essa é a situação em Maceió e precisamos mudar isso urgente”. Assim Wilson Bombo, diretor Operacional da BRK Ambiental, iniciou sua palestra relatando os desafios sobre a concessão da companhia que pretende universalizar o saneamento no Estado de Alagoas. A apresentação foi feita durante o Fórum Infra 2025, realizado pela Revista O Empreiteiro, em setembro deste ano.
Com o tema “Saneamento na prática: trocar os pneus com o carro (1,5 milhão de pessoas) andando”, o diretor detalhou o cenário em que a companhia encontrou a região e as ações realizadas desde o início da concessão. Vencedora do leilão da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) no final de 2020, a BRK é responsável pela gestão dos serviços de distribuição de água tratada, além de coleta, afastamento, tratamento e disposição final do esgoto em 13 cidades da Região Metropolitana de Maceió: Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Messias, Murici, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Satuba, Santa Luzia do Norte.
O contrato é válido por 35 anos para atender mais de 1,5 milhão de habitantes. “Essa concessão é diferente, pois, no contrato, há uma particularidade, a empresa estadual Casal continua operando na produção de água. Ela então revende para a BRK, que distribui o recurso para a população e faz a cobrança de acordo com o consumo. É um modelo inédito para a companhia”, detalhou Bombo. Esse foi o primeiro leilão após a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento Básico, promulgado em julho de 2020.
Na época, a BRK ofereceu a maior oferta entre as sete participantes competidoras, uma outorga de R$ 2 bilhões que foi repassada ao Governo do Estado de Alagoas pela concessão. Antes do leilão, apenas 27% da população tinha este serviço. “Lá existem cidades que não tem Estações de Tratamento de Água. Os moradores utilizam a água que sai de uma barragem sem nenhum processo de filtração e vai direto para a casa apenas com adição de cloro. Nós temos também que reduzir a perda de água na região para 25% em até 20 anos, atualmente, o nível de perda lá é em torno de 60%. Ou seja, levar o conceito de saneamento para essas pessoas está sendo um desafio muito grande”, contou o diretor.
O INÍCIO DA TRANSFORMAÇÃO
Segundo o diretor Operacional, antes da atuação da BRK, já existia um sistema precário na região, e que a companhia vem desenvolvendo ações em prol de melhorias no sistema. Até agosto de 2023, a BRK já realizou mais de 33 mil reparos de vazamentos, mais de 11 mil desobstruções de esgoto – em um local com menos de 30% de coleta, sem contar tratamentos – e, ainda, a automação de todas as unidades de esgoto. “Já foram mais de 38 milhões de estudos e projetos de engenharia, e mais de 300 milhões no total investidos. Ou seja, são quase 500 mil por dia investidos somente na Região Metropolitana de Maceió”, observou Bombo.
Sobre as obras, o diretor contou que entre os desafios na localidade, está o trabalho de vistoria cautelar, a remoção do pavimento, e de rebaixamento de lençol freático, por exemplo. Em Barra de São Miguel, já foram concluídas 83% das redes. “Nossa previsão é que ela seja a primeira cidade do Estado a ter universalização de saneamento, pois, apesar de ser um município pequeno, na época do verão, passa a ter mais de 50 mil pessoas por ser um destino turístico importante no Estado”.
Falando em turismo, Alagoas é um dos estados do país conhecido pelas belezas exuberantes das praias, de lagoas cristalinas e recifes de corais, mas que também possui cenários contraditórios à riqueza natural e aos padrões de qualidade de vida. “Sou apaixonado pelo meu trabalho, escolhi o saneamento básico. E nós vemos que, no final do dia, o amor é o que faz a infraestrutura ir para frente. Eu brinco que não sou médico, não estudei medicina, mas que é o saneamento que levará saúde e melhorar as condições de vida das pessoas”, comentou Bombo. “Nessa concessão, a BRK tem uma grande missão de infraestrutura que vai contribuir para a sustentabilidade e o crescimento do país”, concluiu.