Augusto Diniz
Órgãos estaduais nas áreas de saneamento, energia e habitação são líderes em suas localidades nas licitações de obras e serviços de engenharia. Eles operam em setores de alta demanda de melhorias, ampliação e novos projetos.
Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, apenas para citar três unidades da federação com volumes expressivos de concorrências, em 2012 grandes iniciativas foram efetivadas – muitas delas ainda em execução – para atender prementes necessidades em setores essenciais.
Sabesp
A Sabesp, a companhia de saneamento do estado de São Paulo, tem investimentos centrados principalmente na região metropolitana de São Paulo. Em 2011 e 2012, a empresa aplicou R$ 100,4 milhões em melhoria do abastecimento de água nos municípios pobres de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã. Pelo menos 500 mil pessoas foram beneficiadas, com obras que envolvem adutoras de média extensão.
Em 2013 e 2014, a Sabesp calcula investir mais R$ 100 milhões na mesma área da região metropolitana, dessa vez em reservatório de água e novas estações de tratamento de água (ETA) e esgoto (ETE).
De acordo com a Sabesp, nos últimos cinco anos, a companhia investiu, em média, R$ 2,2 bilhões ao ano em abastecimento de água e esgotamento sanitário — aproximadamente 30% do total investido anualmente no País. Somente em 2012, os investimentos alcançaram R$ 2,5 bilhões, no total.
O estado de São Paulo tem projeto de universalização completa dos serviços de saneamento básico até 2020, incluindo fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto. O governo aposta nas parcerias público-privadas para alcançar a meta.
A PPP do Alto Tietê, firmada em 2009 com a Galvão Engenharia e a Companhia Águas do Brasil, por exemplo, contempla um conjunto de obras para ampliar e melhorar a oferta de água para 6,6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo por meio da ampliação do sistema de produção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Taiaçupeba, em Suzano, cuja capacidade de produção de água foi aumentada em 50%: de 10 mil l/s para 15 mil l/s, e a construção de cinco novas adutoras e três novas estações elevatórias de água. As obras foram inauguradas em maio do ano passado.
Em novembro do ano passado foi lançada a PPP São Lourenço. A obra promete ampliar a capacidade de produção de água tratada para a região metropolitana de São Paulo em 4.700 l/s. O investimento total estimado é de R$ 1,68 bilhão e será feito por meio de PPP aberta à participação de empresas nacionais e internacionais. A expectativa é que o contrato seja assinado ainda este ano.
Cohab Minas
No papel executor da política habitacional do governo de Minas Gerais, a Cohab Minas encerrou o ano de 2012 com 3.115 moradias entregues em 76 municípios, beneficiando diretamente 13 mil pessoas. O investimento por parte do governo do estado, por meio da Cohab Minas, somou R$ 65 milhões. Mas em 2013 esse valor deve saltar para R$ 500 milhões, segundo o órgão.
O valor baixo registrado em 2012, de acordo com a Cohab Minas, é devido ao ano eleitoral. Há um enorme déficit habitacional em Minas Gerais, principalmente na região do Vale do Jequitinhonha, no norte do estado, apelidado indignamente de “Vale da Miséria”.
O órgão informa que estão em construção por empresas que participaram de processo de licitação mais 7,1 mil casas, com recursos do estado em parceria com o governo federal. Esses imóveis fazem parte das 7.166 cotas do Programa Minha Casa, Minha Vida 2, que a Cohab Minas conquistou no leilão promovido pelo Ministério das Cidades. Com isso, a companhia ficou responsável pela execução de mais de 90% desse programa no estado.
A atuação da Cohab Minas se concentra principalmente em municípios com até 20 mil habitantes.
Copel
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) é uma empresa pública que vai além da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Suas outras áreas de atuação incluem telecomunicações (cabos ópticos), distribuição de gás e energia renovável. Suas iniciativas vão até além das fronteiras do Paraná. Seu maior projeto em andamento acontece no norte do Mato Grosso.
Trata-se da construção da Usina Hidrelétrica de Colíder, no rio Teles Pires, com capacidade de operar com 300 MW de potência – suficiente para atender uma cidade de 850 mil habitantes. O projeto é um investimento 100% da estatal paranaense e o valor do empreendimento é de R$ 1,6 bilhão. A usina, com as obras iniciadas em 2011, deve ficar pronta em 2015. A hidrelétrica de Colíder contará ainda com uma linha de transmissão de 130 km.
O consórcio construtor civil é composto pela J. Malucelli e CR Almeida e mais de 1 mil operários trabalham na obra. O empreendimento já avançou mais de 50% na construção. A montagem eletromecânica já está em curso e as turbinas serão do tipo Kaplan. A linha de transmissão está sendo implementada pela Engevix.
A construção de linhas de transmissão e subestação tem sido objeto de grandes investimentos da Copel. No final de 2011 e início do ano passado, a estatal obteve contratos de concessão de empreendimentos de transmissão, em parceria com outras empresas, em leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com investimentos estimados em R$ 3,9 bilhões.
As obras envolvem a construção de linhas de transmissão em diversas regiões brasileiras, representando quase 3 mil km de linhas – o sistema próprio da empresa, antes dos leilões, não alcançava 2 mil
km.
Imagem aérea feita no período de instalação do canteiro de obras da UHE Colíder, que está sendo construída no rio Teles Pires, no norte do Mato Grosso
Fonte: Revista O Empreiteiro