O Sistema Produtor São Lourenço (SPSL), uma das principais obras da Sabesp para aumento da segurança hídrica da RMSP, realizada a partir de uma parceria público-privada (PPP), entrou na reta final dos trabalhos. Previsto de ser entregue em maio do ano que vem, o projeto beneficiará cerca de 2 milhões de pessoas de sete municípios a oeste da região metropolitana de São Paulo, incluindo Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. O
investimento no empreendimento é de R$ 2,2 bilhões.
As obras, iniciadas em setembro de 2014, estão sendo conduzidas pelo Consórcio Construtor São Lourenço, formado pelas construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. No pico, em outubro de 2016, o sistema chegou a contar com mais de 4 mil trabalhadores. Os trabalhos SPSL se dividem em três grandes frentes: captação, adutora e estação de tratamento de água (ETA).
CAPTAÇÃO
O sistema de captação, que terá capacidade de produzir 6,4 m3/s de água bruta, está localizado na represa Cachoeira do França, em Ibiúna, que é formada pelo rio Juquiá. Este sistema é composto por canal de captação, estação elevatória de baixa carga com oito conjuntos de moto-bombas de eixo vertical prolongado (aproximadamente 14 m) de 600 cv; e estação elevatória de alta carga com cinco conjuntos de moto-bomba horizontais bi-partidas de 9.100 cv.
Um sistema com cinco reservatórios hidropneumáticos (RHO) de 2,93 m de diâmetro e 21,5 m de altura, com paredes de 45 mm, faz a proteção da estação contra o golpe de aríete (ou antigolpe). No local, foi instalada ainda subestação elétrica com capacidade de 35 MVA.
De acordo com o consórcio construtor, um grande desafio técnico foi o desnível geográfico a ser vencido pelo bombeamento. Em função da pressão elevada do sistema em conjunto com a vazão requisitada em condições pouco usuais, equipamentos muito robustos tanto em dimensões como em classe de pressão foram instalados.
O prazo de fornecimento destes equipamentos e da tubulação neste trecho, por serem de fabricação especial, foram impactantes na definição do prazo de entrega do projeto. Os RHOs, por exemplo, tiveram a fábrica modificada para permitir a conformação destes vasos com pressão de teste de 60 bar – além do transporte desses elementos de grandes dimensões e peso de 75 t, desde a fábrica na região metropolitana de Curitiba (PR) até o local de instalação à margem da represa Cachoeira do França.
ADUTORA
A adutora de água bruta, montada a partir do sistema de captação, segue por 49,3 km até a ETA, localizada no município de Vargem Grande Paulista – de lá, depois de tratada a água, a adutora percorrerá por mais 27 km até a divisa de Barueri com Carapicuíba; no percurso, diversos ramais farão
interligação à rede de abastecimento existente para atender à população.
A adutora, no seu trecho inicial, até a ETA, vence 330 m de desnível. Esse trecho de água bruta tem 22 km de trecho em recalque e 28 km em gravidade.
A tubulação chega a ter 2,10 m de diâmetro. Ela foi levada ao local de instalação em módulos de 7 m de comprimento com peso médio de 1 t.
A instalação da tubulação se deu através de processo de escavação em solo e rocha, com projeção de sistemas de escoramento estudados para cada trecho. As valas tiveram larguras variando entre 3,2 m a 3,6 m, com profundidades que atingiram até 6,5 m. Após a vala escavada e escorada, material de envoltória era lançado na base e o tubo. Após o posicionamento e a solda entre os tubos, bem como a inspeção de cada solda, o restante do envoltório era lançado – em seguida, a vala era reaterrada.
O Consórcio Construtor São Lourenço ressalta que no trecho de água bruta, além do desafio logístico, a passagem da tubulação por áreas brejosas, com nível de água aflorante, exigiu a aplicação de sistemas de bombeamento eficientes, bem como contenções robustas para
acesso seguro a vala.
Nesse trecho inicial da adutora, foram instaladas ainda três chaminés de equilíbrio de água em circulação, com 20 m de altura média cada, sendo a terceira localizada dentro do perímetro da ETA.
Já o trecho da adutora de água tratada ela tem diversas dimensões que variam de 1,80 m a 1,2 m em 27 km de extensão. Um segmento foi construído por debaixo dos km 36 e km 39 da rodovia Raposo Tavares. Estes dois trechos foram feitos por métodos não destrutivos. Havia preocupação com a possibilidade de trânsito parado sob as escavações, principalmente no período da manhã, durante as obras, relata o consórcio. Nestes casos, a escavação era interrompida enquanto veículos estacionados por trânsito pesado na rodovia estivessem presentes.
Também houve a construção de um túnel na passagem de água tratada com comprimento total de 986 m. A seção semicircular foi projetada com largura de 4,6 m e altura de 4,3 m. Todo o túnel foi escavado no método NATM. No trecho em solo, as escavações foram realizadas com avanços em seção plena de 0,8 m. No trecho em rocha, os avanços eram determinados a partir da classificação do maciço rochoso, conforme determinava o projeto, variando entre 1 m a 4 m (em rocha sã). Ainda neste trecho, dois reservatórios de compensação de água tratada foram construídos no município de Itapevi, com diâmetro de 45,2 m, altura 11,5 m e volume de 15.000 m³. Esses reservatórios servem para absorver as variações de demanda de consumo da distribuição de água tratada para a população, que tem picos nos períodos da manhã e da noite, de modo a manter a produção de água na ETA constante durante todo o dia.
ETA
Três reservatórios de água bruta acumularão a água proveniente da captação, para depois seguir à estação de tratamento. Cada reservatório tem capacidade de 25 milhões m³ – equivalente a 13 piscinas olímpicas.
A ETA terá capacidade de produção de 4.700 l/s de água tratada. O bloco hidráulico é composto, pela ordem, de floculadores (onde recebe os elementos químicos), decantadores e filtros – este bloco possui de volume de concreto 16.391 m³ com 1.325.415 kg de aço.
Um reservatório seguido de uma estação elevatória conduz a água para o trecho da adutora de água tratada.
Há prédios de apoio composto por oficina e administração. Existem ainda dois tanques de lodo separado do bloco hidráulico. O local terá uma estação de energia com capacidade de 45 MVA.
O volume total de concreto armado é de 66.500 m³, incluindo as obras de captação, ETA, chaminés de equilíbrio, booster, reservatórios e demais estruturas.
Captação de água bruta, 6.400 l/seg. e produção da ETA 4.700 l/seg. ?