Inserção social. São palavras bonitas, sobretudo, quando sustentadas pela bengala dos números. Mas, para garantir a inclusão social é necessário mais do que números. Alguém um dia afirmou: “Os números não mentem jamais; mas podemos mentir com eles”.
Sugerimos uma dose de realidade cotidiana na política de governo para a inserção social. E isso vem faltando há longo tempo, senão durante todo o tempo. Sem oferta de trabalho, em todas as modalidades de atividades, de Sul a Norte, de Leste a Oeste, em todos os pontos abordáveis desse território brasílico, a inclusão vai voltar a ser apenas uma expectativa ou um sonho que está virando pó.
Estranho como não se está cuidando disso. Refiro-me à base da inclusão. Fala-se dela como produto permanente e acabado, jamais como um processo inconcluso.
Inclusão deve significar possibilidades de aperfeiçoamento de mão de obra; de trabalho nas áreas rurais e urbanas; de famílias comprometidas com a produção de bens para a garantia da inserção dos filhos nas escolas; de escolas para todos, na cidade e nas regiões mais remotas do campo. Escolas no chamado “Brasil profundo”.
E preciso haver garantia de continuidade. Na retaguarda, a mão do governo, mas, sobretudo, a mão de empresas fortes, capazes de cumprir contratos na área da infraestrutura e da produção de bens e serviços. Em especial, construção e operação de novas plantas industriais.
Fala-se de inclusão social sem que sejam levados em conta os meios de mantê-la. Como se ela pudesse bastar-se sozinha, apenas com a retórica do populismo. Assim, ela vai acabar com os burros n´água.
Em uma entrevista à FSP de anteontem (25), o economista Paulo Nogueira Batista Jr., vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, diz que os dois governos brasileiros recentes promoveram “grande inclusão social no País”. Tudo bem, concordemos. Mas, concordemos, muito mais ainda, quando ele assegura a necessidade de um Projeto de País, apoiado nos seguintes pilares: desenvolvimento, independência nacional, justiça social, democracia e proteção do meio ambiente.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira