A entrega da ponte estaiada, com dois tabuleiros sobrepostos e o mastro de sustentação, que transpõe rio Pinheiros interligando a avenida Jornalista Roberto Marinho à via expressa da Marginal Pinheiros (sentido Interlagos) e vice-versa, está programada para março de 2008. as obras do complexo viário foram iniciadas em outubro de 2003 pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), e o valor total é de R$ 230 milhões.
Nesse projeto está indissociável o papel da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), através de seus profissionais, entre eles Norberto Duran, gerente de obras; os engenheiros das empresas construtoras que desenvolvem os trabalhos; o calculista, que conseguiu soluções consideradas únicas e arrojadas para ponte dessa magnitude em área urbana e os operários, incluindo o operador da grua que se movimenta a uma altura de cerca de 130 m nos trabalhos complementares da obra de arte.
A ponte, tida como significativa do ponto de vista da engenharia brasileira, é considerada inédita no mundo por adotar tabuleiros centrais estaiados e em curva, sustentados por apenas um mastro em "X". Desde a concepção, esse projeto exigiu muito jogo de cintura e criatividade dos profissionais e empresas envolvidos no projeto, a começar pelos complexos cálculos estruturais, realizados pela Enescil (Catão Ribeiro e equipe) – ver ficha técnica –, pela concepção urbanística do escritório João Valente Filho e pela execução propriamente dita, a cargo da Construtora OAS.
Na fase atual, com o mastro concluído e o prosseguimento dos tabuleiros pelo sistema de balanços sucessivos, está em execução a rede elevada de alta tensão da Eletropaulo. A nova rede elétrica demandou a execução de blocos de fundações para as quatro torres que sustentarão os postes pelos quais passarão os cabos remanejados. Essa fiação ficará acima dos tabuleiros da ponte, a 43 m de altura, estendendo-se por uma distância de cerca de 1 km. A variante provisória será desmontada assim que a obra definitiva entrar em operação.
De acordo com o engenheiro Norberto Duran, "o ideal seria a colocação de uma rede subterrânea. Mas a opção pela fiação aérea foi necessária porque os cabos próprios para serem enterrados não existem no Brasil e sua fabricação e fornecimento demandariam quase um ano, o que comprometeria significativamente o cronograma da entrega da ponte".
Durante a subida da fôrma trepante (método construtivo utilizado para a concretagem do mastro em "X", que tem 138 m de altura e sustenta os dois tabuleiros centrais da ponte estaiada), foi possível notar que as barras de ferro estrutural do concreto armado tendiam a se inclinar. "Para evitar isso, foi preciso diminuir o comprimento de cada segmento da torre e dotá-lo de amarração especial para fixação", explica Norberto.
Os estais são regulados e monitorados por um sistema informatizado que analisa constantemente as cargas e variações a que são submetidos. São 144 estais que sustentam os dois tabuleiros, sendo que o menor tem 79 m de comprimento e o maior, 195 m. Cada um deles exigiu um cálculo específico de regulagem. Os tabuleiros pesam 492 t e medem 290 m de comprimento cada um.
No plano urbanístico, o trabalho do arquiteto João Valente procura amenizar o impacto da obra no entorno urbano. Prevê a utilização dos espaços sob os viadutos de acesso ao complexo viário, de modo qualificado. Por exemplo: a implantação de uma praça com caramanchões, jardins, alamedas, bancos e equipamentos de lazer. Futuramente, ali poderá ser construída uma área de convivência dotada de serviços, comércio e algum tipo de lazer para a comunidade do entorno.
Fonte: Estadão