Sobre ideias do ex-prefeito Celso Daniel

Leio que um candidato à prefeitura de Cáceres, no Mato Grosso, está sendo acusado de plagiar ideias do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel. Segundo a acusação, ele copiou a seguinte frase do programa do ex-prefeito, assassinado em 2002: “É necessário, em conjunto com os demais municípios do ABC, buscar novos arranjos institucionais”. O suposto plagiador apenas substituiu “demais municípios do ABC”, por “demais municípios da região”.

Mas as ideias boas, se existirem e forem comprovadas que são eficientes e podem movimentar as rodas do desenvolvimento econômico, por que não adotá-las? E, boas ideias não faltavam ao então prefeito de Santo André que, no entanto, não teve tempo para implementá-las, por conta da ruptura criminosa de sua trajetória política.

Uma das boas ideias de Celso Daniel era preparar o caminho de Santo André para ocupar o enorme vazio espacial e econômico que a desindustrialização deixava naquele município, por causa da migração das indústrias automobilísticas para outras regiões do País.

Durante um seminário promovido aqui em São Paulo (SP) pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), ao qual estive presente, ele me disse, numa entrevista, que o seu município não poderia conviver com aqueles vazios urbanos, em especial os buracos que a desindustrialização estava deixando nas contas da prefeitura e nos bolsos dos trabalhadores.

Urgia encontrar soluções de médio e longo prazo para substituir aqueles vazios, por ocupações terciárias. Santo André teria de caminhar para as atividades de serviços, com a construção de shopping centers e a agregação de outras atividades para as quais a nova geração deveria estar preparada. E, com essa visão de futuro, a cidade deveria analisar as possibilidades de um redesenho urbanístico futuro.

Ele me falou de outras tantas coisas objeto de suas preocupações de administrador. Eram ideias sobre infraestrutura de transportes, a relação urbana com o entorno e, sobretudo, com a capital e a ênfase quanto à ocupação dos vazios urbanos.

Anteontem, no debate dos candidatos à prefeitura de São Paulo, na TV, procurei, dentre eles, ideias que os vincassem como políticos comprometidos com as causas de uma boa administração. O que vi, com raras exceções, foi uma panaceia geral. Bem, isto não chega a surpreender. No fundo, a gente sabe aonde eles querem chegar. As ideias, para alguns candidatos, são apenas parte de um script válido tão somente até o dia das eleições. No dia seguinte são atiradas numa gaveta e substituídas pelo carnê do IPTU.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira

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