Em uma operação que envolveu investimentos iniciais de R$ 60 milhões, o Grupo Advento, controlador das empresas Vox Engenharia (com atividades nos setores de engenharia elétrica e hidráulica), Vecotec (sistemas de climatização e controle de contaminação) e Temar (manutenção integrada), adquiriu, no início de setembro, a Construtora Serpal. Uma das mais conceituadas empresas de engenharia do Brasil, com uma trajetória de 35 anos, a Serpal possui um portfólio onde figuram alguns dos mais relevantes empreendimentos industriais e comerciais do País para clientes corporativos como Souza Cruz, Natura, Bayer, Alcoa, Nivea e Rhodia.
Além dos investimentos iniciais para a aquisição, outros R$ 20 milhões deverão ser aplicados, ao longo do próximo ano, na expansão das atividades do grupo e na sinergia das diversas empress que o compõem, totalizando, assim, investimentos de R$ 80 milhões no período.
Com a aquisição, o Advento passa a atuar no mercado como único grupo de construção e engenharia turn key da América Latina, capaz de oferecer ao mercado soluções completas em construção industrial e empresarial, executando ele próprio as diversas etapas, do começo ao fim da obra, sem necessidade de terceirizar nenhum serviço.
Para financiar a aquisição, Juan Quirós, presidente do Grupo Advento e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi buscar os recursos junto ao fundo de private equity AIG Investments, que entrou como sócio da empresa, com participação de 35%. O banco Credit Suisse, que assessorou as negociações de compra da Serpal e na busca dos investidores, também passou a integrar o Grupo Advento, como acionista minoritário, com participação de 5%. Juan Quirós ficou como acionista majoritário. Manteve 60% da empresa.
O investimento no Grupo Advento e a consequente compra da Serpal permitirão ao AIG Investments participar de diversos segmentos como papel e celulose, indústria farmacêutica, hospitais e shopping centers.
Com essa nova configuração, o Grupo deverá fechar o ano de 2008 com volume de negócios de R$ 580 milhões e 2 mil colaboradores. Para o próximo ano, a expectativa é alcançar R$ 770 milhões e, em um prazo de até três anos, deverá estar preparado para a Abertura de Capital. Outro importante passo do grupo será a aquisição de uma empresa especializada em montagem, segundo anunciou Quirós.
Para o empresário, a escolha da Serpal para integrar o grupo foi fundamental para a vabilização do seu projeto. “Ela tem excelente reputação no mercado e um longo histórico de serviços prestados a clientes de primeira linha. Nosso objetivo era comprar uma construtora que gerasse sinergia com nossas empresas, permitindo acesso a novos mercados e em todos os setores em crescimento no país. Para isso, precisávamos de sócios fortes, mas sem que perdêssemos o controle e a estratégia do negócio. A presença do AIG Investments como acionista acelera nossa expansão, agrega governança e encurta o caminho da internacionalização do Grupo Advento”, explica o empresário.
Ganhos para o mercado
Segundo Quiróz a oferta de serviços de engenharia através de um grupo que disponha de soluções integradas poderá reduzir os custos de um empreendimento de 8% a 15%, em relação ao processo tradicional. Ele explica que isso se deve, em parte, ao ganho de escala com a aquisição de equipamentos, materiais e insumos, através de um único departamento de compras, para atender às necessidades de todas as empresas do grupo. Isso torna o grupo um dos players mais competitivos do setor no Brasil. “Nesse modelo você tem um só canteiro de obras, um só coordenador de obras, uma estrutura bem mais enxuta. A ausência de soluções integradas, ao contrário, atrapalha a execução e aumenta os custos das obras”, diz Quirós.
Mas o empresário lembra que há ainda ganhos mais difíceis de quantificar, mas nem por isso são menos importantes. Entre eles estão a aceleração dos processos, redução dos prazos e diminuição de conflitos, quando as discussões e acompanhamento do projeto envolvem o dono da obra e apenas um gerente de contrato, representando a construtora. “É tudo menos desgastante do que quando se tem vários interlocutores, um para cada empreiteira ou empresa terceirizada, responsável pelas diferentes etapas do empreendimento”, compara.
Outra vantagem desse novo modelo, segundo Quirós, é o resgaste do que ele chama de Engenharia de Valor. “Ao longo dos últimos anos nós fomos perdendo isso, terceirizando e quarterizando a engenharia, em nome da redução de custos. E quando você terceiriza a Engenharia você perde o mais importante da empresa, que é o ativo humano. Assim, o Brasil perdeu de 20 a 25 anos da sua Engenharia. Com a nova estrutura, nós voltamos ter, nas nossas empresas, profissionais altamente capacitados, em todas as especialidades”, afirma Quirós.
Apesar do foco em sinergia, cada empresa do grupo poderá atuar separadamente, voltada para sua especialidade, brigando por preço, se assim seus clientes preferirem, desde que isso não atrapalhe os plano do grupo, na oferta de serviços turn key. “Com isso, passamos a oferecer ao mercado várias opções de produtos” afirma o empresário.
Para se ter uma odéia do êxito desse modelo de atuação, só em 2007, quando o grupo Advento começou a atuar de forma coordenada, mesmo sem uma construtora na sua estrutura, foram fechados cerca de R$ 100 milhões em contratos.
Entre as obras do Grupo em andamento estão a maior fábrica da Sadia do País, em Lucas do Rio Verde (MT), com 167 mil m2. Há ainda o Ventura Corporate Towers, empreendimento comercial de alto padrão, dentro do conceito green building, no Rio de Janeiro, e um contrato corporativo com a Amil e o Samaritano, para a construção de hospitais.
Fonte: Estadão
