Songdo põe à prova conceito de cidade tecnológica

Inaugurada na sua etapa inicial em 7 de agosto de 2009, a Songdo é uma cidade sustentável estruturada com as tecnologias mais avançadas de comunicação disponíveis, que se propõe a ser um distrito internacional de negócios — sigla IBD, em inglês. Sua localização geográfica potencializa esse objetivo — distante apenas 15 minutos por rodovia do aeroporto internacional de Incheon. O viajante pode, portanto, alcançar em menos de 3 horas e meia países onde habitam um terço da população global — China, Rússia e Japão, além de Formosa.
Idealizado pelo empresário norte-americano Stanley C. Gale, dedicado a empreendimentos urbanísticos, ele propôs criar uma cidade digital onde cada residente ou trabalhador no espaço de 1.500 ha estará conectado através de uma infraestrutura tecnológica comum de comunicação e dados. Não se trata apenas de cabear todos os edifícios com internet de alta velocidade; as residências e os escritórios e lojas receberão redes da próxima geração, dotadas de inteligência artificial, que serão gerenciadas por sua vez por uma rede máster — funcionando no conjunto como uma cidade inteligente.
“Acreditamos que as inovações tecnológicas implementadas em Songdo IBD vão ser exportadas para novos empreendimentos urbanísticos ao redor do globo”, diz Tom Murcott, vice-presidente da Gale International, sediada em Nova York, Estados Unidos. “Temos recebido visitas de delegações de muitos países nos anos recentes.” Desde o início das obras em 2005, foram concluídos 100 edifícios em Songdo, somando 2,3 milhões m². Mais de 25 mil trabalhadores estão mobilizados em outros 229 edifícios, cuja área construída atinge 1,4 milhão m².
Um shopping de 390.800 m², um museu e um hospital estão em curso. O prédio chamado North East Asia Trade Tower, de 308 m, foi adiado por três anos, por razões de funding. O edifício NEAT, programado para ser ocupado em 2013, deverá ser o mais alto do País, até que o Lotte World Tower, de 555 m, seja concluído em Seul.
Songdo IBD é desenvolvido pelo consórcio NSIC — New Songdo International City Development LLC, formado pela Gale International, com 70%, e Posco E&C Engineering & Construction, da Coreia do Sul, com 30%, e responsável pela maior parte das obras. O plano diretor foi traçado pela equipe dos arquitetos da Kohn Pederson Fox Associates, de Nova York. O NSIC ganhou a concorrência realizada pela Incheon Free Zone Authority (IFEZA), que permanece como administradora do distrito.
Essa cidade tecnológica é o coração da zona de livre comércio global batizado com o mesmo nome, medindo 53 km² — no total, são três zonas criadas pela IFEZA. A zona de Yeongjong, medindo 98 km², é dedicada a negócios de cargas e turismo ao redor do aeroporto de Incheon; e a zona de Cheongna, de 18 km², voltada às empresas financeiras. O chamariz principal reside na proximidade dos mercados da Ásia, como atrativo às empresas globais.

Ecocidade
O distrito construído sobre aterro executado no Mar Amarelo, na costa ocidental de Incheon, a 65 km de Seul, é considerado um modelo de ecocidade, onde se pode viver em condições sustentáveis. É também considerado uma das primeiras “aerotrópoles” — pela proximidade de 12,3 km ao aeroporto de Incheon, atravessando apenas a ponte de mesmo nome.
Songdo IBD é um projeto piloto do programa LEED do Green Building Council norte-americano, visando certificar uma cidade inteira. Ela já possui uma escola certificada, um parque central de 100 ha com um canal navegável de água marinha, um hotel para não-fumantes, um campo de golfe e a primeira fase de um centro de convenções. A cidade será dotada de um sistema pneumático para coleta de resíduos, dispensando a coleta manual com caminhões.
O projeto todo terá edifícios somando 9,3 milhões m², incluindo 3,7 milhões m² de espaço para escritórios, quase o mesmo para fins residenciais, 930 mil m² para varejo e o mesmo para espaços públicos e 500 mil m² para hotéis. A cidade hoje abriga 22 mil moradores, com mais 5 mil previstos a curto prazo. É servido por metrôs, ônibus, táxis aquáticos e ciclovias, para atender a uma população móvel de 300 mil pessoas e permanente de 65 mil habitantes na fase final do empreendimento.

Tecnologia se insere entre energia, água e resíduos

No conceito da empreendedora Gale, a tecnologia tornou-se a quarta utilidade essencial de uma cidade, ao lado da energia, água e resíduos — além de ter papel crucial na responsabilidade ambiental e no sucesso comercial do projeto urbanístico. Para integrar esse elemento no projeto, as tecnologias de informação e comunicação foram incluídas na fase inicial dos estudos do plano diretor, facilitando a interface com as demais.
Essa abordagem acabou interessando à Cisco em 2008, através do grupo Smart+Connected Communities, baseado em Bangalore, Índia, e liderado liderado por Anil Menon. É a primeira vez que essa empresa de TI trabalha num projeto urbanístico desde o princípio, envolvendo o próprio projeto, a construção e como a cidade vai operar depois de pronta. Em julho de 2011, ela anunciou um investimento de US$ 47 milhões na U.Life Solutions, controlada pela consórcio NSIC, responsável pela integração das tecnologias de TI nos projetos da Songdo IBD.

Isso vai incluir gerenciamento integrado de instalações e edifícios, segurança in loco, redes domésticas, telepresença por vídeo e serviços de concierge virtual. Estes serviços e aplicações serão disponibilizados aos usuários finais via a plataforma Unified Service Delivery da Cisco, reunindo data centers, recursos de computação, vídeo e comunicações, que já foi testada no campus de Bangalore. Assim, Songdo se transforma num laboratório ao vivo dessas tecnologias numa escala gigantesca e seus reflexos na qualidade de vida dos habitantes.

Reprogramando os prazos

Com as turbulências no mercado global, a NSIC adiou o prazo de conclusão de Songdo IBD de 2015 para 2016. Os projetos residenciais foram afetados pela recessão. Ela trabalha em conjunto com as autoridades de Incheon para que os novos empreendimentos acompanhem a demanda. O presidente da Gale International, Tom Murcott, v&eci
rc; o empreendimento como um modelo da cooperação entre Coreia do Sul e Estados Unidos. “Nossos contatos com multinacionais não focalizam apenas a questão imobiliária, mas também as oportunidades de negócios globais com a proximidade do mercado asiático”, diz. Tanto que a ratificação do tratado de livre comércio entre os dois países, pelos congressos nacionais, foi bastante festejado em Songdo.
O conceito de cidade tecnológica continua avançando. Em novembro passado, a Cisco comprou uma participação minoritária na empresa KT Smart Service, que pertence a um grupo de telecomunicações sul-coreano. Ela se dedica à gestão de utilidades e serviços públicos, como água, segurança e tráfego. Seu primeiro cliente é a cidade de Incheon.

Os números de Songdo

• 1.500 ha tem a cidade nova
• 9,3 milhões m² de edifícios planejados
• 100 edifícios concluídos
• 229 edifícios em obras
• 25 mil trabalhadores atualmente no local

Fonte: Padrão

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