State Grid arremata maior lote do mega leilão que atraiu R$ 21,7 bi para LTs

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Com lance de R$ 1,9 bilhão – deságio de cerca de 40% em relação ao valor estipulado no edital (R$ 3,2 bilhões) – a estatal chinesa State Grid foi a grande vencedora do maior leilão de linhas transmissão de energia elétrica de 2023, realizado na sexta-feira (15/12) na sede da B3, em São Paulo, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Ministério de Minas e Energia. Alupar e Celeo também ganharam concessões, mas de lotes menores. Eletrobras não arrematou nenhum lote.

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State Grid arrematou o lote 1 (incluindo seus quatro sublotes), o maior já ofertado, que sozinho demandará R$ 18,1 bilhões em investimentos – correspondente a 83% do total de R$ 21,7 bilhões gerados pelo leilão – que inclui a construção de 1.513 km de linhas de transmissão em corrente contínua e manutenção de outros 1.468 km nos Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. A concessão vale por 30 anos.

De acordo com o governo, o deságio de 40% sobre a máxima Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 3,8 bilhões representará, ao longo das três décadas de concessão, uma economia da ordem de R$ 38 bilhões ao consumidor. A RAP é o valor anual a ser recebido pelas empresas pela prestação dos serviços. Esse montante é pago pelos consumidores e está embutido na conta de luz.

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O lote 2 foi vencido pelo Consórcio Olympus, composto por Alupar e Mercury Investiments, que ofereceu R$ 239,5 milhões – deságio de 47% sobre o valor ofertado de R$ 451,9 milhões. Já o 3 foi vencido pela Celeo Redes Brasil, que apresentou proposta de R$ 101 milhões, deságio de 42,39% sobre o valor de referência de R$ 175,6 milhões. Esses lotes foram os únicos em que a Eletrobras apresentou propostas, contrariando a expectativa dos analistas que esperavam postura mais agressiva.

No total, foram licitados 4.471 km em linhas de transmissão para construção, manutenção e operação, sendo 3.007 km de novos linhões e seccionamentos e de 9.840 megawatts (MW) em capacidade de conversão nas subestações. De acordo com a Aneel, com esse leilão, além do realizado em junho (quando foram licitados nove lotes que somam R$ 15,7 bilhões em investimentos) e o que vai acontecer em março de 2024, o País vai reconfigurar seu sistema de transmissão de energia, com mais de 17 mil km de novas linhas. Isso representa 10% de todo o sistema de transmissão atual.

Os novos lotes cortam o País de norte a sul e confirmam a região Nordeste como a nova fronteira de energia renovável, particularmente eólica e solar. O objetivo central do lote 1, em especial, é ampliar a capacidade de ligação entre as regiões Nordeste e Centro-Oeste, para escoar ao centro-sul os excedentes de energia renovável nordestina, além de expandir as interligações regionais.

Já o lote 2, que inclui os Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, tem também como objetivo levar a energia oriunda do Nordeste às principais regiões consumidoras. A mesma proposta tem o lote 3, que envolve Minas Gerais e São Paulo. Segundo a Aneel, os lotes licitados preveem a construção de nove empreendimentos em cinco estados (GO, MA, MG, SP e TO). Os prazos de construção variam entre 60 e 72 meses, e a expectativa é de geração de 36,9 mil empregos.

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, enfatizou a importância do leilão para o Nordeste. “Se no passado nós contratamos corrente contínua para integrar grandes hidrelétricas como Itaipu, Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, hoje nós estamos contratando corrente contínua para coletar energia de centenas de usinas eólicas e solares localizadas no norte de Minas e no nordeste do País. Essas linhas permitirão que o Nordeste continue sendo a nova fronteira de desenvolvimento de energia renovável no Brasil”, afirmou, em comunicado.

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Já o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que neste ano foi alcançada a marca de R$ 40 bilhões de linhas de transmissão contratadas no Brasil.

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Segundo ele, esses recursos trarão desenvolvimento econômico e social, com geração de empregos diretamente nos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, com reflexos positivos em todos os outros Estados da federação. “Cada real investido no sistema de transmissão irá destravar de 3 a 5 reais em novos investimentos em geração de energia limpa, impulsionando nossa matriz para a transição energética”, frisou, em nota.

No lote 1 terá o emprego de uma tecnologia ainda nova no Brasil. Chamada de bipolo, ela apresenta uma ultra alta tensão de 800 kV, permitindo o transporte de energia com redução de perdas.

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No País, essa tecnologia só é utilizada em Belo Monte, no Pará, num linhão operado pela própria State Grid que conecta a hidrelétrica paraense ao Rio de Janeiro. Até então, o Brasil só utilizava a tensão de 600kV nos sistemas de transmissão em corrente contínua.


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