A ampliação em aproximadamente 130 km da malha metroferroviária de São Paulo deve custar cerca de R$ 50 bilhões, mas progride com velocidade bem menor do que necessita a maior cidade do Brasil
José Carlos Videira
O horizonte mais próximo para que alguma obra de metrô e trem termine fica cada dia mais distante. E esses trens já chegarão atrasados e subdimensionados para atender a demanda da cidade que não para de crescer.
O mais recente banho de água fria na população foi o rompimento por parte do governo paulista do contrato com o consórcio encarregado de construir duas das quatro estações que faltam para concluir a segunda fase da Linha 4 – Amarela (Luz – Vila Sônia), anunciado no final de julho. Agora não há construtora nem prazo definidos para o término da linha, iniciada em 2004.
A previsão de entrega de grandes obras, que já foi 2018, 2020, agora é 2021, caso da extensão da Linha 2 – Verde até Guarulhos (SP). Até lá, se não atrasar, o sistema metroferroviário que atende a cidade e a região metropolitana de São Paulo deverá ter acrescentado cerca de 130 km e 104 estações à atual malha em operação. Para isso, se espera, devem estar concluídas as obras de implantação de novas linhas de metrô e ferrovias metropolitanas e ampliadas algumas existentes.
As nove obras anunciadas pelo governo paulista, há alguns anos, encontram-se em diversos estágios de execução. Algumas praticamente ainda nem saíram do papel; outras caminham a passos lentos, e têm seus cronogramas constantemente revisados, sempre para mais adiante.
Entre as justificativas do governo do maior Estado da Federação incluem-se questões ambientais, problemas com desapropriações e com agências reguladoras, até mesmo do próprio Estado de São Paulo. Sem contar casos como o da Linha 4 – Amarela. No entanto, o governo paulista atribui a atrasos no repasse de verbas do governo federal a maior parte da lentidão de várias das obras de metrôs e ferrovias em andamento.
Somados os valores anunciados para todos os projetos, os recursos para levar adiante essa ampliação chegam a quase R$ 50 bilhões. A maior parte com investimento do Governo do Estado de São Paulo e aportes do governo federal; outros com Parcerias Público-Privadas (PPP), modalidade que vem ganhando cada vez mais espaço em obras e operações envolvendo infraestrutura no País, e que promete mais velocidade ao processo.
“Faltam parcerias claras com órgãos públicos, concessionárias de serviços, comunidade, Ministério Público e Poder Judiciário”, observa o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), Emiliano Affonso Neto. Ele defende, ainda, que as exigências para implantação de linhas metroferroviárias sejam claras, evitando outras interpretações. “Os projetos básicos também têm de ser mais detalhados, permitindo que obra e projeto executivo possam ser contratados em conjunto, aumentando a sinergia entre os dois”, acrescenta.
A seguir, o status das obras em andamento, de acordo com informações da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Move São Paulo.
A Linha 2 – Verde do Metrô chegará a Guarulhos em 2021. Essa é a mais nova previsão para o término da extensão de 14,5 km da linha, a partir da estação Vila Prudente, na Zona Leste de São Paulo, em direção ao município de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, nas proximidades da Via Dutra.
O projeto da extensão prevê 13 estações e está orçado em R$ 6,7 bilhões. A extensão da Linha Verde está na etapa de desapropriações e elaboração de projetos executivos. Obra, mesmo, somente no ano que vem.
A Linha 4 – Amarela não tem mais prazo para a entrega das estações Higienópolis/Mackenzie, Oscar Freire, São Paulo/Morumbi e Vila Sônia. Segundo o governo paulista, após constantes atrasos, decidiu romper, no final de julho, o contrato com o consórcio espanhol Isolux-Corsán-Corviam, responsável pelas obras das estações Higienópolis/Mackenzie e Oscar Freire. Por sua vez, o consórcio alega ele mesmo ter rescindido o contrato, porque o Metrô não teria entregue projetos executivos indispensáveis para a continuidade das obras.
As estações, junto com a conclusão das outras duas, completariam a segunda fase da Linha 4, que já opera, parcialmente, desde 2010, por meio de Parceria Público-Privada com a ViaQuatro. Das 11 estações projetadas, apenas sete estão em operação, em 9 km de vias, dos 14,4 km previstos.
A primeira fase da Linha 4 começou em 2004 e foi concluída quatro anos depois; a segunda fase teve início em 2012. O cronograma previa a entrega pelos espanhóis das duas estações para o final de 2016. Agora se aguarda nova licitação. Segundo o Metrô, o custo total das duas fases é de R$ 5,6 bilhões.
A Linha 5 – Lilás está sendo ampliada, desde 2009, mas a primeira estação desta expansão, a Adolfo Pinheiro, entrou em operação somente em fevereiro de 2014. O investimento total no empreendimento está previsto em R$ 8,7 bilhões. A previsão da Companhia do Metropolitano é ter todo o prolongamento concluído só em 2018.
A expansão prevê mais 11,5 km de linha, 11 estações (incluindo a Adolfo Pinheiro) e 26 novas composições. O trecho de via permanente em túneis duplos e singelos está sendo escavado pelos métodos NATM e Shield.
A Linha 15 – Prata, monotrilho que ligará o bairro do Ipiranga (Zona Sul) até o Hospital Cidade Tiradentes (extremo leste), começou a ser construída em 2010. Somente no ano passado, entrou em operação, em caráter experimental, o primeiro trecho dessa linha, entre as estações Vila Prudente e Oratório, com apenas 2 km, dos 26,6 km de vias elevadas previstas no projeto, com 18 estações.
O Metrô promete entregar, em 2017, mais oito estações, no trecho entre as estações Oratório e São Mateus, cujas obras civis começaram em 2012. Porém, não há previsão para as nove estações restantes que constam no projeto. O investimento na Linha 15 está estimado em R$ 7,2 bilhões.
A Linha 17 – Ouro é outro monotrilho em construção na cidade. Ele fará a ligação da rede metroferroviária de São Paulo com o aeroporto de Congonhas. Programada para estar concluída antes da Copa do Mundo, a obra continua em andamento. O projeto prevê 18 estações e 17,7 km de vias elevadas e um custo total para implantação de R$ 5,1 bilhões.
As obras no trecho entre o aeroporto de Congonhas e a estação Morumbi, da CPTM, classificado como prioritário pelo Metrô, e que inclui a construção do Pátio Água Espraiada, foram iniciadas há três anos. Segundo a companhia, o cronograma prevê a sua conclusão somente para o segundo semestre de 2017. A finalização total da obra vai ficar para depois.
A Linha 18 – Bronze tem obras previstas para começar somente no ano que vem. Será realizada pelo consórcio Primav, por meio de PPP, com investimento previsto de R$ 4,2 bilhões. Planejada para atender ao trecho Tamanduateí (em São Paulo) – Paço Municipal de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, o monotrilho terá extensão de 15,7 km e contará com 13 estações.
OBRAS METROFERROVIÁRIAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
Responsável |
Consórcio |
Valor (Em R$ bilhões) |
Linhas |
Trechos |
Estações |
Km |
Obras |
||||
Trem metropolitano |
Monotrilho |
Metrô |
Implantação |
Expansão |
Início |
Final |
|||||
Metrô – SP |
Consórcio Linha 2 – Verde – Vila Prudente / Dutra |
6,7 |
|
|
2 – Verde |
|
Vila Prudente – Guarulhos |
13 |
14,5 |
2015 |
2021 |
A definir |
5,6 |
|
|
4 – Amarela |
|
Luz – Vila Sônia |
11 |
14,3 |
2004 |
Sem previsão |
|
Consórcio Construcap / Consórcio Galvão-Serveng / Consórcio Andrade Gutierrez-Camargo Corrêa-Mendes Jr. / Consórcio Heleno & Fonseca-Trinho Iesa / Consórcio Carioca-Cetenco / Consórcio Metropolitano 5 / CR Almeida-Consben |
8,7 |
|
|
5 – Lilás |
|
Adolfo Pinheiro – Chácara Klabin |
10 |
10,9 |
2009 |
2018 |
|
Consórcio Expresso Monotrilho Leste e Consórcio S.A. Paulista |
7,2 |
|
15 – Prata |
|
Vila Prudente – Hosp. Cidade Tiradentes |
|
18 |
26,1 |
2010 |
2017 |
|
Monotrilho Integração/ Monotrilho Pátio / Monotrilho Estações / TIDP |
5,1 |
|
17 – Ouro |
|
Jabaquara – Congonhas –
|
|
18 |
17,9 |
2012 |
2016 |
|
Consórcio Primav |
4,2 |
|
18 – Bronze |
|
Tamanduateí
|
|
13 |
15,7 |
|
2018 |
|
Move SP |
Fip Econ Realty / Odebrecht Transport / Queiroz Galvão / UTC Engenharia |
9,6 |
|
|
6 – Laranja |
Brasilândia –
|
|
15 |
13,3 |
2015 |
2020 |
CPTM |
THS Esmeralda /
|
0,73 |
9 – Esmeralda |
|
|
|
Grajaú – Varginha |
3 |
4,5 |
2013 |
2017 |
HFTS Jade /
|
1,8 |
13 – Jade |
|
|
Eng. Goulart – Aeroporto
|
|
3 |
11 |
2013 |
2017 |
|
Totais |
49,6 |
|
104 |
128,2 |
|
Fontes: Metrô -CPTM – Move São Paulo
Fonte: Redação OE