Números divulgados pelo governo mostram que a economia chinesa cravou 7,5% de crescimento no PIB, anualizado, prejudicada pelo desaquecimento do mercado imobiliário
A seguir, o governo anunciou mais recursos para ferrovias, num total de US$ 128 bilhões, e projetos ambiciosos para gestão de recursos hídricos — um problema secular na China. Baixou ainda diretrizes para os governos locais intensificarem os seus programas de investimento. O Banco Central, que há um ano não intervém no mercado financeiro, liberou um total de US$ 100 bilhões para ser emprestado a municipalidades pobres, através do Banco de Desenvolvimento da China. Outra medida foi reduzir as reservas legais dos bancos que dedicassem uma percentagem expressiva dos seus empréstimos aos pequenos negócios e à agricultura.
Números oficiais divulgados em agosto passado mostraram queda generalizada em investimentos, vendas no varejo e contratação de crédito. A produção industrial cresceu a uma taxa inferior ao final de 2008, em plena crise global. As vendas de imóveis continuam caindo e já indicam queda de 8% este ano. Embora o governo tenha recorrido a medidas similares de estímulo nos dois anos passados, o remédio tem se mostrado inócuo em 2014.
O que está travando a economia chinesa é o setor imobiliário, que responde por 15% do PIB. Estoques de imóveis prontos vazios já podem ter chegado a 65% dos ativos das empresas imobiliárias listadas em bolsa, um nível jamais alcançado. Essa crise está chegando a cidades grandes, como Xangai. Uma habitação standard valia 12 vezes a renda média de uma família chinesa em 2010 — esse índice caiu para 9 este ano.
Mesmo sem ter anunciado uma guinada na sua política de estímulos discretos à economia, o Banco Central chinês injetou recentemente US$ 80 bilhões no mercado através de empréstimos a grandes bancos – uma prática usual quando se aproximam dos dois grandes feriados no país que duram uma semana, sendo o primeiro no início de outubro. Mas esse montante é várias vezes superior ao efetuado em anos passados.
Mesmo que a China não saia dos 7,5% este ano em expansão do PIB, no longo prazo ela continuará sendo a locomotiva da economia global. Para efeito de comparação, pode-se citar a taxa de urbanização no país, que ainda não alcançou 50%, e o número de automóveis por mil habitantes, que ainda é um dos menores do mundo. Há ainda uma demanda enorme reprimida.
China Pacific mira mercado europeu
Embora o ranking das construtoras globais da revista ENR-Engineering News-Record, de Nova York, Estados Unidos, parceira editorial da revista O Empreiteiro, traga duas estatais chinesas na topo — a China State Construction Engineering Corp., com US$ 97,8 bilhões de receita global em 2013, e a China Railway Construction Corp., com US$ 96,2 bilhões —, a China Pacific Construction Group Co. é a maior construtora privada do país e tem sua receita estimada em cerca de US$ 60 bilhões pela revista Fortune, que a colocou em 166ª posição no seu ranking das 500 Maiores Empresas Globais.
A China Pacific supera construtoras mundiais do porte da Bechtel Group, que registrou receitas totais de US$ 39,4 bilhões em 2013, e a Vinci francesa, a maior empresa do ramo fora da China, com faturamento de US$ 54,1 bilhões neste ano. Esta empresa chinesa já tem 300 mil empregados e a revista Fortune especula que atingirá a marca de US$ 100 bilhões em receitas dentro de cinco anos.
Ao comemorar o ingresso da empresa na lista 500 da Fortune, o fundador Yan Jiehe — um ex-professor universitário — avisou que a firma está pronta para ingressar na Europa Oriental, salientando que esta escolha visa a se capacitar e ser competitiva em mercados de alta tecnologia. No seu país de origem, a China Pacific compete de igual para igual com as construtoras estatais e executa dezenas de projetos de grande porte em desenvolvimento urbano, rodovias, habitação e tratamento d’água.
Um projeto polêmico em que está envolvida é o de reurbanização de uma extensa área na cidade de Lanzhou, no nordeste remoto da China, onde a imprensa local denuncia que “700 morros foram arrasados na terraplenagem do projeto”. A construtora alega que o trabalho tornou possível trazer a água do Rio Amarelo, permitir o reordenamento do espaço urbano e uma nova etapa de industrialização à região.
Fonte: Revista O Empreiteiro