O primeiro dia da XVI Conferência Nacional de Logística, realizada pela primeira vez paralelamente à Movimat – 27ª Feira de Logística, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP), foi marcado pela preocupação com a sustentabilidade.
Os conferencistas acompanharam uma palestra ministrada pelo diretor de logística da BSH – Bosch Siemens Home – França, Gabriel Schumacher, com o tema ‘Logística e o Nível de Serviço ao cliente”. Em sua apresentação, o executivo destacou a importância da sustentabilidade e da responsabilidade social para o negócio da empresa. Segundo Gabriel, a BSH implantou em suas fábricas e centros de distribuição na Europa tecnologias que diminuem o impacto ao meio ambiente e garantem o bem-estar dos funcionários que trabalham em logística.
Entre as tecnologias está o uso de empilhadeiras mais altas, que garantem o melhor posicionamento das embalagens em baú de caminhões ou vagões de trem. Com isso, as caixas, que também passaram por reformulação, passaram a ocupar o espaço total, evitando lugares vazios nas cargas. A empresa ainda adotou algumas ações ergonômicas que auxiliam no bem-estar dos funcionários, pois facilitam e auxiliam nas operações no dia a dia.
Outra medida adotada é a movimentação de seus produtos por multitransporte, utilizando caminhões, trens e navios. De acordo com os dados apresentados, a empresa parece estar no caminho certo, tendo em vista que havia estipulado uma redução de 20% na emissão de CO2 até 2020 e em 2011 alcançou metade desta meta.
Competitividade entre modais
Como ser sustentável e competitivo em logística em um país com dimensões continentais como o Brasil? Para apontar respostas a essa questão, foi promovido no primeiro dia da XVI Conferência Nacional de Logística, que ocorre pela primeira vez paralelamente à Movimat, um debate sobre a competitividade operacional entre modais aeroviário, cabotagem e ferroviário.
Gustavo Costa, da Aliança Navegação, apresentou dados comparativos de emissão de CO² entre os diversos modais. Segundo ele, para transportar 1 tonelada de produto por 1 km, o meio cabotagem gera uma emissão de 15 g/tkm, enquanto o ferroviário emite 35 g/tkm, o rodoviário, 50 g/tkm e o aeroviário, 540 g/tkm. “Para transportar, por exemplo, 1000 toneladas de arroz de Pelotas (RS) a Fortaleza (CE), o modal rodoviário emite 225 toneladas de CO², enquanto a cabotagem multimodal emite 70 toneladas de CO². Trata-se de um produto com apelo de sustentabilidade para empresas que precisam mudar seu modal para atingir metas de emissão de CO² em sua logística, seja por pressão dos consumidores, seja por exigências acionárias”, defende Costa.
O diretor de Cargas da TAM, Eusébio Angelotti, destacou as vantagens de eficiência do modal aeroviário e apontou os fatores que interferem na competitividade dessa modalidade logística. “Uma redução de barreiras estruturais e de custos evitáveis poderia levar a uma redução de 11 a 15% nos custos do setor aéreo brasileiro doméstico”, calcula o executivo. Até 2022, o Brasil deverá investir mais de R$ 2 trilhões em transporte aeroviário e isso permitirá um aumento na participação da carga aérea que em 2006 representava 0,4% do total transportado e em 2025 deve atingir 1%, o que representa um crescimento de 150%. Para ele, os principais entraves a esse crescimento são questões de regulamentação, carga tributária, falta de infraestrutura nos aeroportos e terminais e picos nos preços de combustível.
Para o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTC), Rodrigo Vilaça, existe, sim, concorrência entre modais, mas também uma sinergia e complementaridade porque o que importa é o preço final do frete, “a parte mais sacrificada da cadeia de supply chain”.
Impactos e soluções para flutuações de demanda
No primeiro dia da XVI Conferência Nacional de Logística, o Gerente Geral de Operações Logísticas do Grupo Pão de Açúcar, Marco Tenani, em conjunto com o Gerente Geral da Cadeia de Suprimentos, Carlos Botana apresentaram os principais desafios de planejamento, operações e demandas enfrentados pela maior empresa de distribuição da América Latina, além das estratégias adotadas para solucionar estes problemas.
Entre outros fatores, a sazonalidade foi apontada por ambos como um dos principais fatores que causam essas flutuações de demanda. Períodos como carnaval, páscoa, dia das mães e final de ano batem recorde de instabilidade entre oferta e demanda na rede, que criou um sistema próprio de controle e previsão da logística.
Uma das medidas mais efetivas deste modelo desenvolvido pelo Grupo Pão de Açúcar é a sinergia dos processos, tanto internos quanto externos, aliada à definição de perfis de frotas diferenciados por modelo de operação, composição de itinerários inteligentes e janelas de entrega específicas para cada formato de negócios.
Representantes do setor de logística de grandes empresas, como da Petrobras, por exemplo, estiveram presentes na palestra e aproveitaram para renovar conhecimentos, esclarecer dúvidas e trocar experiências em prol do aperfeiçoamento e desenvolvimento de seu trabalho.
Movimat – 27ª Feira de Logística
2 a 4 de outubro de 2012
Expo Center Norte – Pavilhão Verde (transporte gratuito do metrô Tietê até o local do evento)
Terça a sexta das 13h às 20h
www.expomovimat.com.br