Nildo Carlos Oliveira
O governo finalmente se dá conta daquilo que o mercado se dá conta há muito tempo: reconhece que perdeu tempo demais nas gestões para garantir concessões rodoviárias e ferroviárias a taxas que, no fundo, poderiam limitar a rentabilidade das possíveis empresas interessadas.
Quando das concessões dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos, enfatizou, enviesadamente, que as futuras concessões não poderiam prescindir de algumas mudanças. Considerou que, naqueles casos, concedera demais quando, se apertasse mais um pouco as exigências, poderia ter obtido resultados melhores.
O que se tem verificado é uma desastrosa quebra de braço. O mercado acha que, com a taxa de rentabilidade oferecida, que era de 5,5%, não teria margem de lucro satisfatória na execução e exploração das obras de infraestrutura rodoviária que viessem a ser contratadas. E, por seu lado, o governo insistia em medidas pelas quais pudesse exercer controle sobre a rentabilidade dos investidores.
O que se observa é que aparentemente faltou habilidade no meio de campo para o desenvolvimento de negociações capazes de reduzir os danos da quebra de braço ou que removessem os obstáculos que emperravam o processo. Faltou a visão cidadã de que não se pode ir nem muito ao mar e nem muito à terra, quando o que está em jogo são os interesses do País. Há de se encontrar, nesses momentos, o caminho para a obtenção de um denominador comum.
Com essas idas e vindas perdeu-se um tempo enorme. E, obras, que já poderiam ter sido contratadas, ficaram paralisadas no tempo. Os prejuízos serão lançados no colo da sociedade.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira