No Brasil há 40 anos, onde edificou perto de 400 obras industriais e comerciais, a centenária Hochtief, uma das principais empresas mundiais do setor de construção e engenharia civil, sabe da importância da tecnologia da informação em sua área. “Cerca de duas décadas atrás, quando pouco se falava em sistemas integrados de gestão da informação, a Hochtief iniciou na matriz da Alemanha o desenvolvimento do Aristóteles com base no padrão SAP”, afirma Detlef Dralle, diretor administrativo e financeiro. “É um produto completo, mas principalmente voltado às nossas necessidades que são os projetos grandes e sob encomenda.” O sistema, que exigiu investimentos de US$ 150 milhões e continua em evolução, está presente em todo o ciclo de atividades da companhia, desde a gestão de pessoas, passando por suprimentos, controle de custos, finanças, tributos, jurídico, até a gestão do canteiro de obras, além da prospecção comercial. Entre as diferenças em relação ao popular standard do programa SAP, por exemplo, é que este foi desenvolvido para processos seriais, enquanto o Aristóteles foi criado para gestão de projetos únicos. Para atender a legislação e as necessidades locais o Aristóteles passou por adaptações no Brasil. O sistema foi implementado em um ano com um time diversificado de consultores alemães, argentinos e brasileiros e uma equipe com componentes de cada área da filial brasileira. A “tropicalização” exigiu US$ 1 milhão de investimento. Recursos que, segundo a gerente de Tecnologia da Hochtief, Claudineia Amarinho, a empresa não se arrependeu nem um pouco de empregá-los. “No mercado em que atuamos, com margens apertadas, o menor erro resulta em prejuízos”, revela, enfatizando que a gestão integrada detecta erros previamente, tornando possível evitá-los. “O retorno em dinheiro não é fácil de mensurar, mas com um sistema de gestão como o Aristóteles consegue-se trabalhar os riscos. Assim, a tomada de decisão é embasada em resultados comprovados, deixando de lado o achismo de anos atrás. Há tempo hábil para redirecionar projetos se for necessário.” Outras vantagens do programa, apontada pela gerente, são a transparência das informações e a rapidez de acesso a elas. O presidente da companhia pode a qualquer momento levantar um projeto em andamento e checar seu fluxo de caixa, por exemplo. “Isso traz mais segurança à empresa, que sempre tem consciência da sua condição real. Essa visão macro da gestão é imprescindível para abertura de capital, por exemplo, pois estabelece padrões para publicação de balanços, demonstrações financeiras”, afirma Detlef Dralle. A Hochtief continua a investir em TI, agora com o programa Virtual Construction (ViCon). O novo produto alinha os desenhos em CAD com os fluxos de caixa ao longo do tempo, permitindo visualizar o estágio da construção em determinado período e os custos empregados, simulando a operação do empreendimento. O ViCon oferece serviços em todas as fases do ciclo de vida de um projeto: desenvolvimento, planejamento e operação. “Muitas vezes o custo operacional é mais significativo do que o do projeto de construção”, lembra Dralle. “A simulação permite reduzir esse custo com alterações no projeto.”
Fonte: Estadão