Focos de incêndio visíveis da rodovia
Na região, ao longo do traçado da Transamazônica (BR-230), já foi extraída quase a totalidade das madeiras nobres da floresta, avisa um antigo morador, às margens da estrada aberta pelo regime militar, na década de 1970.
Queimadas são visíveis a partir da rodovia, inclusive na região onde a usina de Belo Monte está sendo construída. Predominam, nos diversos trechos da Transamazônica, pontes precárias de madeira, com passagem para um veículo de cada vez. São comuns os deslocamentos de comitivas de gado pelas pistas.
Nos meses de agosto e setembro deste ano, o Greenpeace denunciou que caminhões madeireiros estavam carregando toras de madeira ilegalmente em Uruará, a quase 200 km de Altamira, pela Transamazônica – neste município a rodovia não é asfaltada. A organização internacional rastreou os veículos com GPS e os identificou percorrendo à noite áreas públicas de floresta para carregamento de madeira.
Em Brasil Novo (a mais de 100 km de Uruará), a doceira Naná, que tem uma loja na cidade, diz que a violência aumentou – dois supermercados haviam sido assaltados dias antes. “Mas os negócios melhoraram”, afirma. Ela nasceu em Brasil Novo e conta que, para percorrer os 40 km que separam Altamira da cidade, gastava-se meio dia – atualmente, a ligação é pavimentada e não leva mais de 20 minutos.
Na vila Belo Monte, que dá nome à hidrelétrica e fica a 5 km da casa de força da usina, no município de Vitória do Xingu, se faz a travessia do rio por balsa. Do outro lado encontra-se Belo Monte do Pontal, já no município de Anapu. Em 2005, Anapu ganhou notoriedade depois que a missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada por pistoleiros a mando de fazendeiros. O caso ganhou repercussão internacional.
Ela conduzia projeto de sustentabilidade a 80 km a partir do núcleo urbano de Anapu. Um monumento em sua homenagem foi erguido na chácara que ela mantinha quando ia à cidade. Hoje, o local pertence à Paróquia de Santa Luzia de Anapu.
Depois de Anapu, a Transamazônica tem trechos de terra e asfalto, com obras em andamento na rodovia, até Pacajás. Mais à frente encontra-se outra hidrelétrica: Tucuruí. (Augusto Diniz)
Fonte: Revista O Empreiteiro