Trecho final da Ferrovia Norte-Sul vai diversificar cargas para o Porto de Santos

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Principal corredor ferroviário do país, a Ferrovia Norte-Sul se tornou 100% operacional com a finalização do trecho final pela concessionária Rumo, empresa de logística do grupo Cosan. O tramo central conectando Estrela D’Oeste (SP) até Porto Nacional (TO), começou a operar em julho desse ano, com a expectativa de expandir o escoamento de carga de produtores agrícolas e de mineração desde o Centro-Oeste até o Porto de Santos. Com a conclusão do empreendimento, a concessão da Malha Central deverá ampliar sua área de influência em 20% até 2030, e diversificar as cargas transportadas para além dos grãos. “Goiás é o segundo maior produtor brasileiro de etanol, o terceiro maior produtor de biodiesel, tem um polo industrial super relevante na região de Anápolis, gerando muitas oportunidades para carga geral.

Hoje, de Goiás para Santos, descem cerca de 45 mil contêineres em caminhões. Há oportunidades na área de fertilizantes, combustível, grãos, carga geral e até mesmo minério”, disse Beto Abreu, presidente da Rumo. Em 2022, a Malha Central movimentou 9 bilhões de TKU (tonelada por km útil), principalmente de soja e milho, mas também fertilizantes e açúcar. A companhia não revela a projeção de crescimento a partir do novo trecho inaugurado.

 A Rumo conquistou a concessão do tramo central da Norte-Sul em um leilão em 2019, com o objetivo de concluir a obra, iniciada pelo governo federal, e operar a via por 30 anos. O novo corredor que interliga o Brasil de Norte a Sul é composto por um total de quatro concessões: ele começa em São Luís no Maranhão, no Porto de Itaqui, de onde parte a Estrada de Ferro Carajás, da Vale.

 Em Açailândia (MA), a via se conecta ao tramo norte da Norte-Sul, que é operado pela VLI e vai até a cidade de Porto Nacional (TO). É neste momento que entra a nova concessão da Malha Central, da Rumo. O trecho sai de Tocantins, passa por Goiás e chega ao norte de São Paulo, em Estrela D’Oeste (SP).

Neste ponto, a via se interliga à Malha Paulista, também da Rumo, que desemboca em Santos (SP). Ao todo, foram R$ 4 bilhões investidos pela Rumo, tanto para finalizar a obra do trecho central quanto para construir terminais ao longo da ferrovia. Quatro terminais já operam normalmente.

A construção dos terminais e obras de infraestrutura em Goiás, Minas Gerais e São Paulo geraram mais de cinco mil empregos diretos e indiretos, segundo a concessionária. A avaliação do setor é que a operação plena da Norte-Sul permitirá que cargas de estados como Minas e Goiás, sem saída para o mar, sejam escoadas com mais eficiência por ferrovia—reduzindo o uso do transporte rodoviário.

 O terminal de Iturama, no Triângulo Mineiro, entrou em operação em junho do ano passado e marcou a entrada da Rumo no mercado mineiro, em parceria com a Usina Coruripe, um dos maiores grupos de açúcar e etanol do país. A empresa prevê ao menos outros quatro terminais que ainda serão implantados ao longo da malha. Dois deles, voltados a grãos, deverão ser construídos em 2024, no norte de Goiás e sul de Tocantins, em sociedade com um grupo que ainda não pode ser revelado.

Há também previsão de um terminal em Rio Verde (GO) para combustíveis, em parceria com a DTC (Dinâmica Terminais de Combustíveis). Outro projeto a ser implementado é o terminal de contêineres da Brado, subsidiária da Rumo voltada a contêineres, em Davinópolis (MA), próximo a Imperatriz, ainda sem data para começar a operar. Com a conclusão desse projeto, a Rumo deverá focar em seus outros planos de expansão: a prorrogação da Malha Norte no Mato Grosso, até Lucas do Rio Verde (MT), cujas obras da primeira etapa do projeto tiveram início no fim de 2022, e as obras previstas na contrapartida pela renovação antecipada da Malha Paulista, firmada em 2020.

CONCLUÍDO 1º VIADUTO DA FERROVIA ESTADUAL DE MATO GROSSO

Acabam de ser finalizadas as obras do primeiro viaduto da Ferrovia de Integração de Mato Grosso, projeto do governo estadual. Localizada no Km ferroviário 008+600 em Rondonópolis, a obra de arte passa por cima da BR-163 e foi construída sem interromper o tráfego intenso da rodovia. A nova ferrovia terá mais de 700 km ligando o Médio-Norte ao Sul do estado, sempre em direção do Porto de Santos, em São Paulo. O viaduto tem 107 m de extensão e quatro vãos, sendo dois laterais com 23 m de altura, e dois centrais com 30 m de altura.

 A obra envolveu 120 profissionais do setor de engenharia e construção, 50 equipamentos e não registrou nenhum acidente durante os 220 dias de trabalho. De material, foram utilizados 190 mil m³ de terra, 1.900 m³ de concreto e 250 toneladas de aço. As partes pré-moldadas que compõem o viaduto foram deslocadas in loco e as vigas foram movimentadas por guindastes com capacidade para içar 450 toneladas. Na área ambiental, a concessionária mapeou e acompanhou o resgate da flora e fauna locais em uma área total de 16 hectares. A entrega do viaduto faz parte de um cronograma dividido em módulos e com investimento total estimado entre R$ 14 e R$ 15 bi. Estima -se a geração de 186 mil empregos no Estado de Mato Grosso, potencializando a economia local.

 O projeto da ferrovia estadual consiste em um importante corredor logístico, que ligará os municípios de Rondonópolis, Lucas do Rio Verde e Cuiabá no estado do Mato Grosso. Para a primeira fase de 211 km até Campo Verde, os custos variam entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bi. A construção desse trecho deve ser executada até 2025, conforme o avanço na emissão das licenças e autorizações. Ainda neste primeiro semestre de 2023, a Rumo inicia as obras de terraplanagem e drenagem dos 211 km previstos entre as cidades de Rondonópolis e Campo Verde. “Hoje temos orgulho de termos o maior rebanho do Brasil, de sermos os maiores produtores de grãos e de etanol de milho, mas toda essa produção precisa ser transportada do nosso Estado”, disse Marcelo de Oliveira, secretário de Infraestrutura de Mato Grosso.

A afirmação foi feita durante o Fórum de Debates, Ferrovias em Foco, realizado em São Paulo.

O evento foi promovido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo. Marcelo de Oliveira participou do painel “Setor Ferroviário e as Políticas Públicas”, ao lado de outros representantes estaduais do setor de infraestrutura. “Em 1980 Mato Grosso produzia 700 mil toneladas de grãos por ano.

 Quarenta e dois anos depois, estamos produzindo 90 milhões de toneladas de grãos. Em 2032 a produção deve ultrapassar 130 milhões de toneladas e vamos superar 40 milhões de cabeças de gado. É uma coisa que precisa ser estudada e analisada”, afirma o secretário. Marcelo de Oliveira lembrou que apesar de liderar os rankings de produção do país, Mato Grosso tem uma população de 3,5 milhões de habitantes, e justamente por isso precisa de rotas para escoar essa produção.

No entanto, atualmente o estado conta com apenas uma ferrovia, que transporta 27 milhões de toneladas para os portos do país “O governador Mauro Mendes teve a coragem e a determinação de aprovar a primeira rodovia estadual do país, interligando Rondonópolis até Lucas do Rio Verde e até Cuiabá”, recordou. “Mas só isso não vai adiantar. Nós precisamos de ferrovias. Precisamos da Ferrogrão, ligando de Sinop até Miritituba (PA), assim como precisamos da FICO ligando e Água Boa até Mara Rosa (GO)”, completou Oliveira.

A primeira ferrovia estadual do Brasil teve sua construção autorizada pelo Governo de Mato Grosso e será operada pela empresa Rumo Logística. As obras estão em andamento, sendo que o primeiro viaduto do trajeto já está pronto, passando por cima da BR-163, e o investimento total previsto é de R$ 15 bilhões. Já a Ferrogrão teve a elaboração de estudos e processos administrativos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início de junho desse ano. Segundo o governador Mauro Mendes, essa decisão é uma vitória para Mato Grosso e para o meio ambiente.  “A Ferrogrão poderá ser um marco na logística e desenvolvimento do nosso estado”, comenta Mauro Mendes.

O assessor de Logística da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul, Lucio Lagemann, também defendeu a expansão de ferrovias para o centro- -oeste. Ele lembrou que no ano passado, seu Estado aprovou uma lei para autorizar a construção de ferrovias, que se espelhou na legislação aprovada em Mato Grosso.

O secretário Marcelo de Oliveira traçou um panorama da logística em Mato Grosso, mostrando que em 2003 o Estado tinha 1.775 km de rodovias asfaltadas e hoje tem 9.500 km. Para os próximos 4 anos, a meta é asfaltar pelo menos 3 mil quilômetros. “A cada quilômetro de asfalto que nós fazemos, a cada ponte de madeira que substituímos, a cada obstáculo que é retirado, vocês não têm ideia da produção que surge. A produção de grãos aumentou 12% do ano passado para este.

O PIB de Mato Grosso cresce a 5,9% por ano. É um crescimento impressionante e por isso Mato Grosso pede passagem e pede respeito”, conclui Marcelo. O contrato com a Rumo, que pertence à Cosan, é de autorização para implantação, operação e exploração privada da ferrovia pelo prazo de 45 anos, com possibilidade de renovação de mais 45 anos para todos os serviços correlatos. Trata-se da primeira ferrovia estadual, sem interferência federal. A ferrovia deve melhorar de forma expressiva a capacidade de escoamento de Mato Grosso, cuja estimativa é de chegar, em 2030, a produzir 120 milhões de toneladas de grãos por ano, segundo o governo estadual.


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