A Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo tem a tecnologia mais avançada do mundo, segundo o presidente da ViaQuatro, Luís Valença. Para ele, é exatamente isso que garante toda a sua eficiência operacional e os altos níveis de satisfação dos usuários.
“Mas a escolha da tecnologia também foi um desafio muito grande”, lembra o presidente da ViaQuatro. O principal sistema era o CBPC, que implica automação integral dos trens.
A opção da ViaQuatro por trem driverless na linha impôs a responsabilidade de integrar o sistema mais moderno do mundo com todos os outros existentes na rede metroviária paulistana. “Tínhamos de fazer o nosso sistema conversar com todos os demais”, diz. Segundo ele, isso foi muito complexo, mas foi realizado e superado com engenharia e um trabalho bem-sucedido de relacionamento com todos os envolvidos.
Os trens da Linha 4-Amarela circulam sem condutores. O sistema driverless ou UTO (unattended train operation) possibilita que as composições comecem a circular na via de onde quer que estejam, independentemente de ter alguém para acioná-las. “Com isso, conseguimos ajustar a oferta (colocar e tirar trens) à demanda real de passageiros da forma mais eficiente e flexível possível”, afirma.
Segundo o presidente, a Linha 4-Amarela é a primeira linha driverless da América Latina. Também é a maior do mundo em termos de densidade de passageiros. “Transportamos muito mais pessoas do que qualquer linha driverless no mundo”, afirma.
“O desafio do nosso sistema é operar o trem em modo automático, em qualquer circunstância, ou quase a totalidade delas, com o sistema sendo capaz de se autorrecuperar de uma falha”, frisa. Segundo Valença, por isso mesmo, tem que ter soluções de redundância muito sofisticadas.
O trem sem condutor ainda tem de superar outras dificuldades que envolvem, por exemplo, a parada com precisão na porta de plataforma. “Esse é um item quase que mandatório para o sistema driverless”, observa. “É ele que garante que o passageiro não vai ter acesso à via, em nenhum momento”, explica.
“Mas se a porta do trem não ficar alinhada com a da plataforma, temos um problema.” Valença conta que o sistema é muito mais sofisticado, pela precisão e autocapacidade de se autorrecuperar de falhas, para não ser necessário um condutor habilitado dentro do trem.
Os trens das linhas 1 e 3 do metrô de São Paulo, segundo Valença, funcionam até hoje com o sistema ATO (automatic train operation). Nesse caso, o trem funciona automaticamente, mas o operador é necessário para recuperar o trem em alguma situação de falha.
Emprego
“Quem faz opção por driverless não está pensando em eliminar um posto de trabalho”, adverte o presidente da ViaQuatro. Ele afirma que ter ou não a pessoa do operador no trem não é relevante na composição de custo. “O grande ganho da solução driverless, que acaba culminando em ganhos econômicos financeiros, é a eficiência da solução.”
O que vem depois
A PPP da ViaQuatro é uma experiência pioneira e bem-sucedida no Brasil, mas tem prazo para acabar: junho de 2040. A questão levantada é o que vem depois de todo esse tempo de operação que envolve bilhões de reais em investimentos.
“Ao final do período, nosso contrato de PPP estabelece, de forma muito clara, que todos os bens que estão na Linha 4-Amarela são reversíveis para o Estado de São Paulo”, enfatiza o presidente da ViaQuatro, Luís Valença. Segundo ele, todos os trens e sistemas que a ViaQuatro adquiriu, sistemas que o Estado implantou e que a concessionária receber, mantiver e atualizar tecnologicamente, entre outros bens, terão de ser entregues ao Estado. “E ainda em plenas condições de funcionar por mais alguns anos”, complementa Valença.
O presidente da ViaQuatro informa que, a partir do término do contrato da PPP, o governo vai tomar a decisão que quiser. “Ou abre uma nova concorrência, se estiver satisfeito com a operação privada e contrata um outro operador, ou nós mesmos”, frisa. Valença diz que o Estado também pode decidir por delegar a operação da Linha 4-Amarela para o Metrô. “O bem é do Estado e é uma decisão que vai tomar quando chegar a hora.”
Em temos estratégicos, a experiência acumulada até agora com o negócio amplia os horizontes da empresa. “Já temos uma boa capacidade de gestão e um know-how interessante de operação metroviária”, diz. Segundo Valença, isso coloca a empresa e seus sócios numa posição muito favorável e competitiva no mercado de PPPs.
Valença conta que o sócio controlador, o Grupo CCR, assim como os outros sócios, já estão procurando se diversificar nesse mercado de concessões. A CCR tem negócios na área de aeroportos, transporte marítimo, VLTs, rodovias etc.”, lembra.
Fonte: Revista O Empreiteiro