Nildo Carlos Oliveira
Desde o inicio, naquele 31 de maio de 2009, quando houve o anúncio oficial de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo, tinha-se a convicção, em alguns segmentos da sociedade, de que tudo ficaria fora de medida.
Contudo, as notícias da possível herança de um legado para a população empanaram e espantaram, em alguns casos, o ceticismo. A divulgação maciça, permanente, de que o evento ajudaria na construção de uma infraestrutura, que resolveria problemas crônicos da mobilidade nas principais cidades do País, calou alguns protestos. Subjacente, havia o sentimento, também, de que o povo merecia privar da alegria que o seu esporte nacional poderia proporcionar.
Hoje, aquele ceticismo começa a ganhar terreno. Legado? Qual legado? E, sem as imensas despesas da Copa, o País não poderia investir melhor os seus magros recursos para solucionar os seus eternos problemas de transporte, saneamento, equipamentos urbanos, sem o risco de deixar alguns elefantes brancos espalhados por aí?
Teme-se, agora, que o legado venha a constituir mais uma empulhação do que uma realidade possível. Ao menos, há alguns exemplos palpáveis de que as promessas, que douraram a pílula, não serão cumpridas. E, essa possibilidade, se espalha por aí.
É o reconhecimento de que o Brasil é um país sem medidas. Veja-se o preço dos ingressos para ver os jogos. E, veja-se o preço das passagens aéreas e da rede hoteleira. Quem pode?
Isso tudo nos faz lembrar a obviedade das palavras do ex-jogador e deputado Romário, apontando o contraponto aos argumentos que douraram a pílula: “Você vê hospitais sem camas, com pessoas no chão e você vê escolas sem almoço para as crianças…” Como negar-lhe razão?
Enquanto isso, outra notícia que se soma à falta de medidas no País: “O Ministério dos Transportes monta uma sala de reuniões que deverá custar R$ 2,7 milhões”. Tudo fora de medidas. E de consciência.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira