Um desafio concreto no Canal

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Para enfrentar as dificuldades encontradas na natureza, as equipes de concretagem mobilizaram gigantescas máquinas de fazer gelo, correias transportadoras e guindastes de porte excepcional

Para atender às rígidas especificações de qualidade determinadas em projeto e produzir os maciços volumes de concreto necessários para cumprir a data de conclusão das novas eclusas do Canal do Panamá em 2014, soluções extremas em equipamento e sistemas foram concebidas. Em cada um dos processos primários — usinagem do concreto, transporte por correias e lançamento — o material é controlado repetidas vezes.

O volume descomunal de concreto, de padrões de qualidade extremamente elevadas — mais de cinco milhões m3 — permite construir estruturas com vida útil prevista de 100 anos. Os canteiros nos lados do Pacífico e Atlântico — medindo cerca de 1.400 m de extensão, 120 m de largura por 45 m de profundidade — possuem ambos uma central de concreto fornecida pela Simem, da Itália. São projetadas para produzir 610 m3/h, com 10 balanças dedicadas para medir os cinco tipos de agregados escolhidos nas especificações do concreto.

Posicionadas próximas às frentes de escavações, cada planta foi equipada com um sistema de refrigeração industrial projetada pela N.R.Koeling, empresa especializada da Holanda, que inclui unidades para resfriar as correias molhadas, uma fábrica de gelo, para refrigerar a areia, produzir água gelada e fornecer e soprar ar gelado.

Gelo contra temperaturas de 35ºC

Com essa faixa de temperatura no Panamá na maior parte do ano, tornou-se crítico controlar o calor exotérmico gerado durante a cura do concreto. Para manter a temperatura do calor entre 7,7ºC e 12,7ºC, conforme o projeto de engenharia, cada etapa da mistura envolve um processo de resfriamento.

Isso começa nos estoques de agregados, que são abrigados do sol por uma tenda gigantesca. A caminho da usina, o agregado é resfriado com água e o silo é refrigerado e protegido por painéis isolantes. Gelo em flocos é introduzido na correia principal de alimentação, produzido por uma dúzia de máquinas de flocos de gelo e tanques para oito dias de consumo, com 72 t de gelo cada. Esses sistemas são capazes de fornecer 670 t/dia de flocos de gelo e foram projetados pela norte-americana North Star Ice Equipment.

A logística do deslocamento

As dimensões das eclusas e o volume de concreto exigido são complicadores para se coordenar um conjunto de equipamentos, começando pela frota de caminhões agitadores de 9j3 que levam o concreto das usinas para os pontos de aplicação nos canteiros. Correias transportadoras entram em ação a seguir e bombas fazem o lançamento a partir do piso das eclusas.

O equipamento-chave para se lançar o concreto é uma correia telescópica, projetada por Putzmeister e Marco SAB, modelo TB130 de cinco seções e 38 m de extensão. São 12 unidades ao todo. A sua eficiência nas obras do Canal levou o fabricante a desenhar uma correia maior ainda – a TB200. Ela possui uma lança de quatro seções e alcance de 60 m e se parece com uma correia móvel chamada Creter Crane, da Rotec, já em uso nos canteiros.

As partes de difícil acesso das estruturas são alcançadas por bombas sobre caminhão equipado com lança — como os modelos de 54 m de alcance da Schwing e os de 58 m da Putzmeister, os maiores em operação na América Latina. Por sobre os dois canteiros congestionados das eclusas novas, atuam ainda quatro guindastes de torre equipados com correias transportadoras de concreto, da Rotec.

O layout relativamente compacto dos canteiros obrigou a Rotec a customizar guindastes de torre “bebês” para essas obras. As torres de 54 m de altura são cerca de um terço do tamanho-padrão dos guindastes fornecidos para projetos maiores.

Cada correia de torre possui alcance num raio de 80 m, a partir de uma posição fixa, podendo lançar 100 m3/h de concreto. Os caminhões entregam o concreto nas laterais das escavações, longe das frentes principais de serviço, aliviando o congestionamento no canteiro.

Complexidade do projeto exige atéfábrica de gelo para a concretagem

Fonte: Padrão


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