Uma estrutura de 240 m de altura, quem diria, em Camboriú (SC)

Está ali, na Barra Norte, a cada dia crescendo mais. Não será um edifício comum. Quando concluído,
o Infinity Coast – a data prevista é setembro de 2017 – terá 240 m de altura e deverá ser o mais alto, já construído, na América Latina

 

Nildo Carlos Oliveira

 

O Infinity Coast foi projetado pelo escritório AJB Arquitetura, com 240 m de altura e 66 andares. Até aqui, o prédio considerado o mais alto da América Latina é o Titanium La Portada, em Santiago do Chile, com 193 m de altura e 52 pavimentos. A edificação de Camboriú, que vai superá-lo, foi concebida com essa dimensão, para potencializar as características do terreno privilegiado, de 4.460 m² (área total), em que seria construído.

“O alto potencial construtivo do terreno e os estudos que realizamos influenciaram a decisão de se optar por uma única torre de 66 pavimentos”, informa o arquiteto Andres J. Bandeo, do AJB Arquitetura. E prossegue: “Vimos que, com a verticalização, obteríamos uma melhor qualidade, do ponto de vista de privacidade, ventilação e iluminação, dentre outros fatores”.

A locação da torre naquele local e a volumetria da planta constituiu, no entendimento do arquiteto, a resposta às condicionantes expostas pelo empreendedor, a FG Engenharia e Empreendimentos, empresa que Jean Graciosa administra, com o pai, Francisco Graciosa.

Todas as unidades residenciais da edificação foram projetadas com vista para o mar. Com uma planta em forma de cunha, conforme destaca o arquiteto, o prédio se encaixa entre os demais prédios já distribuídos no entorno, obtendo, assim, uma vista panorâmica para o mar e para a orla do balneário.

O programa sobre o qual o escritório de arquitetura trabalhou previu uma área de lojas no térreo, o que vai possibilitar uma adequada conformação com um passeio comercial. Nos andares superiores do embasamento foram dispostos os pavimentos de garagem e uma área de lazer, que deverá funcionar como um amplo clube. A circulação vertical será resolvida com a instalação de quatro elevadores de alto desempenho. Um deles, de segurança, ficará situado na antecâmara da escada pressurizada.

A torre é composta de dois apartamentos por andar em toda a sua extensão. Haverá uma variação de tamanho nos apartamentos inferiores. Duas coberturas duplex irão coroá-la. 

“Temos a convicção”, conclui o arquiteto, “de que os 240 m de altura serão um ponto de referência da cidade e também da engenharia, pelas dificuldades que ela vai superar para realizar o projeto, em sua totalidade”.

 

Perspectiva artística do Infinity Coast: Uma única torre, com 66 pisos

 

As obras

Em meados deste mês (abril) a construção do Infinity Coast havia chegado ao 23º pavimento. Até atingir o 66º andar ainda haverá muito caminho pela frente. Contudo, os empreendedores estão convencidos de que o cronograma – inauguração em setembro de 2017 – será cumprido. E, isto, devido ao conjunto de técnicas que ali está sendo utilizado.

Todo o trabalho de execução é acompanhado de um embasamento obtido mediante estudos dos diversos fatores intervenientes. Por exemplo: o engenheiro Celso Prates, da Emepê Fundações, informa que os trabalhos de fundação ali desenvolvidos se ancoram em rigorosos estudos geofísicos, realizados numa área de 3,5 mil m². Para esse fim foi utilizado o mapa topográfico Google Earth e um receptor GPS. Também foi utilizado o mapa elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM 1981).

O estudo geofísico levou em conta, segundo ele, o método eletrorresistividade, que emprega uma corrente elétrica artificial, introduzida no terreno por intermédio de dois eletrodos. A resistividade elétrica relaciona-se aos tipos de solos e rochas. O ensaio realizado com aqueles recursos técnicos mapeou solos e rochas até 50 m de profundidade no sítio onde está sendo construído o edifício. Além disso, o estudo geológico foi complementado com a realização de sondagens rotativas até 35 m de profundidade. Os estudos nortearam o tipo de fundação empregada.

Na fundação da torre foram previstas 125 estacas escavadas de 1,5 m de diâmetro, com aproximadamente 24 m de profundidade e 198 estacas-raiz de 35 cm de diâmetro a 12 m de profundidade. Já na fundação do embasamento foram empregadas 166 estacas com hélice contínua com Ø 50 cm e Ø 60 cm, a 15 m de profundidade.

O engenheiro Reinaldo da Rosa, da Reical Estrutural e Fundações, diz que o projeto estrutural da edificação previu o uso de concreto armado na execução da torre. Ela é composta de vigas especificadas nas dimensões 18 x 70 apenas nas periferias e na região da escada e dos elevadores. E previu o emprego de laje nervurada, com espessura de 28 cm. As fôrmas utilizadas na execução das lajes são as Topec, da SH Formas. Trata-se de fôrma composta de painéis de alumínio forrados com compensado plastificado. É aplicada em lajes planas, protendidas e nervuradas, dispensando a necessidade de cortes. E ali vêm sendo usadas também escoras drophead, fornecidas pela mesma empresa.  

 

Estudos geofísicos nortearam a escolha da fundação

 

O concreto utilizado na torre é de 45 MPa da fundação ao 4º pavimento tipo diferenciado; Fck 40 Mpa, do 1º ao 7º pavimento tipo 2; Fck 35 Mpa do 5º (tipo diferenciado) ao 7º pavimento (tipo 3) e Fck 30 Mpa do 8º pavimento (tipo 3) à caixa d´água.

 

Cuidados ambientais

Oe empreendedores informam que os operários e todos os demais envolvidos na construção têm sido conscientizados quanto à necessidade da redução do consumo de água e de energia elétrica. E todos vêm cumprindo exigências quanto ao controle de ruídos. Ao mesmo tempo, há gerenciamento de resíduos sólidos através de mecanismos para minimizar os impactos de desperdícios, segregando-se materiais, havendo separação no canteiro e destinação final segundo a política urbana ali estabelecida.

Eles informam também que há supervisão ambiental para garantir o cumprimento das ações de controle dos impactos provocados pela construção, a fim de que estes sejam reduzidos e não ocasionem desconforto dentro do canteiro e no entorno da área de influência da edificação.

O engenheiro Gustavo Andrey Simas, que está respondendo pela construção, informa que a FG Empreendimentos saiu em busca das inovações tecnológicas, no empenho para executar uma obra desse porte, segundo os parâmetros da melhor qualidade. Com esse fim a empresa chegou a levar um grupo de engenheiros e arquitetos para pesquisar soluções no Panamá, China e Dubai, onde foi construído o Burj Dubai, então o maior prédio do mundo. Ele diz que os testes, tendo em conta as cargas de vento, foram realizados no Building Research Establishment (BRE), na Inglaterra. 

 

Ficha Técnica — Edifício Infinity Coast

 

– Local: Balneário Camboriú (SC)

– Empreendedor e execução: FG Empreendimentos

– Arquitetura: AJB Arquitetura

– Projeto estrutural: Reical Estrutural e Fundações

– Projeto das instalações hidráulicas e elétricas: Frazmann Engenharia e Consultoria

– Fundações: Emepê Fundações

– Principais fornecedores:

Grupo MaxMohr – Concreto

ArcelorMittal – aço

 

Principais equipamentos:

– Grua Link Fast Work com 40 m de lança e 1 t na ponta;
4 t de carga máxima aos 10 m de lança; sistema elétrico com inversor de frequência; sistema ascensional que permite trabalho até 330 m de altura

– Três elevadores externos Link Fast Work com capacidade
de carga de 2 t

– Dois elevadores de fosso também Link Fast Work

– Bomba de concreto SP 480 – Schwing

 

Principais quantitativos:

– Aço: 331 t nas estacas; 649 t nos blocos de fundação
e 2.265 t na supraestrutura, totalizando 3.245 t

– Concreto: 10 mil m³ nas estacas e blocos de fundações
e 16.500 m³ na supraestrutura totalizando 26.500 m³

 

(Nota da redação: As estacas escavadas com hélice contínua começaram a se difundir no Brasil há 25 anos. A estaca, por esse método, é moldada in loco e executada mediante perfuração do terreno utilizando-se equipamentos compostos de uma haste tubular envolta num trado. O concreto é bombeado para o interior da perfuração pela haste tubular, ao mesmo tempo em que a hélice é removida. Desse modo são preenchidos os vazios e, assim, é evitado o desmoronamento das paredes de perfuração e, consequentemente, se evita também o seccionamento da estaca.)

Fonte: Revista O Empreiteiro

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