Canal e cabos de alta voltagem mudam a estrutura de sustentação das vigas de passagem dos trens,ao longo do trecho 1 da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo; obra sobre piscinão exige plano de contingência
Augusto Diniz
O consórcio da obra civil da via elevada é formado pela Andrade Gutierrez e CR Almeida – ambas as construtoras venceram a licitação e construirão não somente o trecho 1, mas também dois outros previstos do ramal metroviário. A Scomi e a MPE estão montando os trens em uma fábrica na cidade do Rio de Janeiro e instalarão seus sistemas operacionais em toda a linha – serão, inicialmente, 14 trens com cinco carros cada, sendo que um virá da Malásia, sede da Scomi, onde passará por testes; a empresa malaia opera monotrilho em Kuala Lumpur, capital da Malásia. As quatro companhias formam o Consórcio Monotrilho Integração.
O trecho 1 transportará 252 mil passageiros/dia – quando concluída toda a linha, sua capacidade deve expandir-se para 425 mil usuários/dia. O projeto está orçado em R$ 4,4 bilhões. Trabalham hoje na obra 1.200 pessoas. Há cerca de 50 máquinas em operação, a maioria de içamento. No total, 422 edificações prediais foram removidas para realização dos trabalhos no trecho 1.
Interferências
“A construção da via elevada do monotrilho aproveita os principais corredores viários da Zona Sul da cidade para sua implementação”, explica o trajeto da linha Eduardo Curiati, gerente de Empreendimento Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo.
Na Avenida Washington Luís, na altura do aeroporto de Congonhas, até o entrocamento com a Avenida Roberto Marinho, a via foi quase toda construída sobre pilares excêntricos (fora do plano simétrico), erguidos na lateral da via devido à inexistência de canteiro central separando os dois sentidos da Washington Luís.
Depois de vencer curva de quase 90°, a via elevada entra na Avenida Roberto Marinho. O canal existente no meio dessa avenida fez com que fossem construídos grandes blocos sobre o canal, no nível da rua, para inserção dos pilares tradicionais em Y da linha, para sustentação das vigas de tráfego dos trens.
No fim da Avenida Roberto Marinho, após vencer curva de 70°, a linha segue pela marginal Pinheiros até a estação Morumbi da CPTM. No trecho da Marginal, a via elevada passa a ser apoiada em pórticos, executados entre a linha do trem existente e o rio Pinheiros.
A configuração da Marginal Pinheiros naquele trecho era composta de via de veículos local e expressa, linha de trem da CPTM, ciclovia e o rio Pinheiros. O projeto definiu a passagem da via sobre a ciclovia, que precisou ser desativada naquele trecho – ela passará a operar, em breve, do outro lado da Marginal. O fato de a ciclovia incorporar em seu subsolo antiga rede elétrica de alta tensão (375 kVA) obrigou que fossem construídos pórticos para a passagem da via elevada do monotrilho à beira da pista extinta da ciclovia: “A construção no meio da ciclovia poderia fazer com que fundações atingissem a rede elétrica de alta tensão”, explica Cleber Muniz Neto, gerente de produção do consórcio construtor.
Nesse trecho, também terão que ser removidas redes de fibra ótica de seis concessionárias, localizadas no subsolo entre a linha do trem e a antiga ciclovia, para a construção dos pórticos com segurança. As referidas redes passarão a ocupar espaço no subsolo entre a linha do trem e a via expressa de veículos da Marginal.
Na antiga ciclovia, onde estão sendo construídos os pórticos da via elevada, foi feita uma pavimentação especial de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) para tráfego pesado das máquinas da obra, relata Cleber Muniz. Ainda assim não será possível o tráfego de guindastes para lançar as vigas da via elevada na Marginal – ao contrário do que ocorre nas avenidas Washington Luís e Roberto Marinho onde foram mobilizados guindastes de 400 t e 500 t. A solução adotada na Marginal será o uso de treliças para lançar as vigas nos pórticos – a previsão é de começar o lançamento no segundo semestre deste ano. “As dificuldades aqui são maiores pois existe um espaço bastante restrito para se trabalhar”, comenta o engenheiro do consórcio.
Pilares e vigas
Os pilares no trecho 1 da Linha 17-Ouro estão sendo concretados in loco. Já as vigas estão sendo fabricadas em planta montada pelo consórcio construtor em Cajamar, na Grande São Paulo – já foram lançadas quase 300 delas (duas vigas por noite, em média). No total, serão produzidas na unidade 519 vigas.
O tamanho médio de cada viga é de 30 m de comprimento, 0,80 m de largura e altura variando de 2,20 m nas extremidades a 1,60 m na parte central em função da conformação de arco. O peso aproximado de cada uma é de 70 t para a viga padrão de 30 m.
Atualmente, o lançamento das vigas da via elevada se processa na Avenida Roberto Marinho. Na Avenida Washington Luís ainda não foram l
ançadas as vigas da via – mas já estão prontos os pilares.
Na Roberto Marinho, local em que se percorre o maior trecho da linha, a altura média dos pilares é de 14 m. Na Marginal Pinheiros se processam os trabalhos de fundação dos pórticos para colocação das vigas – os pórticos na Marginal terão 18 m.
Serão instalados 361 pilares e pórticos no trecho 1 do monotrilho.
Uma passarela subterrânea fará a ligação da estação ao aeroporto de Congonhas, com saída no edifício-garagem do terminal aeroportuário.
Pátio de estacionamento e manutenção
O pátio elevado de estacionamento e manutenção, com 2 m ou 3 m de altura do nível da rua, do trecho 1 da Linha 17-Ouro do Metrô, está atualmente em fase de fundação na Avenida Roberto Marinho, na altura da Avenida Washington Luís. Naquele trecho, existe um piscinão (volume de 611.710 m³) e os trabalhos estão sendo executados de dentro dele – claro, quando não chove.
Há um plano de contingência quando o piscinão recebe as águas das chuvas que provocam o rápido enchimento do local, fazendo sua função de represamento. O consórcio construtor acompanha boletins diários fornecidos pela prefeitura sobre chuvas na região para, assim, deflagrar ou não o plano de contingência.
“Quando a chuva começa, tem-se 40 minutos para evacuação da área”, conta Cleber Muniz. Perfuratrizes, pequenos guindastes e equipamentos de armação de aço precisão ser retirados do local. O piscinão pode subir até 4 m.
Com o piscinão em obras, quadras poliesportivas que havia no local foram removidas para áreas provisórias e serão construídas em área próxima já desapropriada. O piscinão será também 1 m rebaixado em um trecho, aumentando a sua capacidade.
Quando terminado, o pátio terá uma área total de laje de 56.436 m² (47.327 m² de estacionamento e 9.109 m² de manutenção).
Estações
As desapropriações em áreas de acesso às estações do trecho 1 da Linha 17-Ouro já estão concluídas. No final de 2013, foram feitas licitações para obra civil, divididas em dois lotes com quatro estações cada. Da estação do Aeroporto de Congonhas à estação Vereador José Diniz, as obras estão a cargo do consórcio composto das empresas Tiisa e DP Barros; da estação Campo Belo à estação Morumbi da CPTM, as obras estão a cargo da Andrade Gutierrez e CR Almeida.
Em breve, o Metrô de São Paulo fará a licitação para a montagem dos sistemas nas estações e pátio de estacionamento e manutenção. No trecho 1 da Linha 17, prevê-se pontos de integração de ônibus nas estações Jardim Aeroporto, Vereador José Diniz, Campo Belo e Chucri Zaidan.
O Metrô promete urbanização e paisagismo embaixo das vias do monotrilho no trecho 1, uma reivindicação ostensiva dos moradores às margens da linha, com plantio de árvores a cada 3 m. O trecho 1 da Linha 17 terá interligação com a Linha 5-Lilás do Metrô na estação Campo Belo.
Outros trechos
A linha 17 do Metrô de São Paulo contempla ainda os trechos 2 e 3 – no total, serão 17,9 km de vias operacionais, com 18 estações. O 2 cruza a Marginal Pinheiros (estuda-se construir uma ponte de balanços sucessivos para a via) rumo ao bairro do Morumbi – o trecho liga a estação Morumbi da CPTM até a estação São Paulo-Morumbi, na linha 4-Amarela. Pelo menos 222 edificações prediais precisam ser removidas no trecho. As estações do trecho 2 são: Panamby, Paraisópolis, Américo Mourão, Estádio Morumbie São Paulo-Morumbi.
MONOTRILHO – ARQUITETURA DAS ESTAÇÕES
Tipologia Básica de implantação
Atualmente, o Metrô desenvolve projeto executivo do trecho da estação Morumbi da CPTM até a estação Américo Mourão. A partir desse trecho até a estação São Paulo-Morumbi serão necessárias desapropriações (etapa não definida).
Já o trecho 3 liga a estação Jardim Aeroporto até Jabaquara, se conectando à Linha 1-Azul do Metrô. Há, no entanto, no trecho da via, 11 comunidades, representando a necessidade de remoção de 8.800 edificações prediais e uma grande intervenção urbana. Não há prazo para o início das obras desse trecho. São as seguintes as estações do trecho 3: Jabaquara, Hospital Sabóia, Cidade Leonor, Vila Babilônia, Vila Paulista e Jardim Aeroporto.
Ficha Técnica
Obra: Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo – trecho 1
Projeto: Metrô de São Paulo
Consórcio construtor e montagem: Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi e MPE (Consórcio Monotrilho Integração)
Parceiros das obras do trecho 1: Engemil (civil), Empa e Brasfond (execução de estacas), Tecnogel e Roca Fundações (estacas-raiz), Arcon e RCF (tubulões), Mills (cimbramento, formas e andaimes), S. Pontes (corte e dobra de aço), Fal (pavimentação), Engemix (fornecimento de concreto), Arcelor e Votoraço (aço).
Fonte: Revista O Empreiteiro