Companheiro de muitos projetos e muitas entrevistas, Walter Toscano era um exemplo de profissional dedicado à arte da arquitetura. A notícia de seu falecimento, dia 5 último, aos 78 anos, foi um golpe muito duro e muito difícil de ser assimilado.
Passei a ter contato com João Walter Toscano nos anos 70. Ele integrava uma geração que marcou profundamente, pela criatividade e projetos inovadores, os trabalhos de arquitetura daqueles tempos ásperos. Gradativamente, o mestre, formado pela FAU-USP, onde mais tarde lecionaria história de arquitetura e projeto, foi se incorporando à alma da Paulilcéia.
E a alma da cidade estava nele e em todos os seus trabalhos dos anos 1980 para cá. O projeto da Estação Largo 13 (13 de Maio) é um exemplo. Ali, Toscano demonstrou por inteiro a sua capacidade de artista e de pesquisador. Inaugurou um modelo de estação para um sistema de transporte de massa. E a sua arte se inscreveria em outras obras que dignificaram, numa cidade onde o transporte de massa é invariavelmente jogado para segundo plano, o projeto voltado para mostrar ao passageiro de metrôs e trens, que ele é um cidadão e merece o melhor do ponto de vista da arquitetura e das possibilidades que esta oferece em termos de melhor circulação, visibilidade, conforto.
Ao mesmo tempo em que, com o seu trabalho, ele valorizava o usuário desses meios de transporte, inovava na arte de se apropriar e de conferir uma destinação eficiente aos materiais, de modo específico ao uso das estruturas metálicas.
Estação Largo 13. A minha sugestão é de que a Câmara Municipal de São Paulo tome a iniciativa de aprovar projeto para dar-lhe merecidamente o nome de Estação Arquiteto Walter Toscano.
Fonte: Estadão