O engenheiro Flávio D´Alambert deu o seguinte depoimento à revista O Empreiteiro:
Houve problemas estruturais no Engenhão ocasionados pela carga de vento?
Nunca fomos informados de qualquer problema na estrutura de cobertura do estádio. Após um breve levantamento, constatamos que a cidade do Rio de Janeiro tem em média a ocorrência de 40 ventos com velocidades de rajada acima de 63 Km/hora, ou seja, em 6 anos foram mais de 240 ocorrências desta natureza, sendo que somente nos últimos 40 dias foram registrados ventos com 106 Km/h (9 de março) e 93 Km/h no dia 6 do mesmo mês.
O que, então, determinou a interdição? Houve falhas nos procedimentos de manutenção? Ou houve precipitação por parte dos responsáveis pela interdição?
A interdição foi solicitada com base no relatório técnico emitido pela empresa alemã SBP, que refez o ensaio de túnel de vento da cobertura do estádio. Devido à metodologia adotada, levou a fatores de carregamento até três vezes maiores do que os usados em 2004; porém, através da análise imparcial da empresa britânica BRE contratada pela Abece, conclui-se que a metodologia utilizada pela canadense RWDI está correta e adequada. Portanto, a Abece recomenda que a SBP refaça suas análises com os parâmetros originais de 2004, chegando aí a resultados mais próximos da realidade e que poderão orientar trabalhos de monitoramento e instrumentação de campo para se comprovar ou não as hipóteses levantadas pela SBP.
Concretamente o laudo da BRE comprova que a justificativa da interdição deveria apoiar-se em outras premissas? Quais?
O relatório da BRE certifica os critérios de projeto utilizados em 2004 e não aborda os critérios adotados para se interditar o estádio. A Abece recomenda apenas que sejam observados os critérios da boa engenharia para obras deste porte, monitoramento e instrumentação constante, procedimentos adequados de manutenção preventiva e corretiva etc.
Qual é a matriz de carregamento fornecida pela RWDI 2004 na qual o projeto estrutural se baseou?
Para a estrutura principal, carregamentos direcionais que geram desbalanceamento norte-sul e leste-oeste, caso crítico de sucção e de sobre pressão, valores máximos para cálculo das tesouras e picos de pressão para o dimensionamento das telhas.
Fonte: Revista O Empreiteiro