A resposta da engenharia ao atual ciclo virtuoso

Antonio Müller*

OBrasil vive um momento particular de crescimento sustentável, com a retomada dos grandes projetos de infraestrutura e da indústria básica. A engenharia industrial brasileira tem respondido bem a esse ciclo virtuoso, com competência e alta qualidade de projetos, serviços e produtos. Tudo isso apesar de ter ficado quase três décadas em hibernação em razão da falta de investimentos no país, especialmente nas décadas de 1980 e 1990.
Porém, para que o setor consiga manter-se forte ante as crises de mercado é necessário dar atenção especial à carência de mão de obra especializada e à melhoria da competitividade em relação aos padrões internacionais. Além disso, o crescimento da economia, com novos projetos nos segmentos de óleo e gás, siderurgia, papel e celulose, e energia elétrica, além das obras de megaeventos, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, exigem contingentes cada vez maiores de profissionais.
Segundo um recente estudo do Banco Mundial sobre os impactos do conhecimento e da inovação na competitividade do Brasil, o País poderá perder oportunidades na expansão da economia por “falta de investimento em educação e qualificação profissional”.
Sabemos que a timidez na formação de profissionais, especialmente técnicos e operários especializados, sem dúvida tem impactos na competitivade nacional. E exatamente para responder a esses desafios, é que a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) tem no desenvolvimento de recursos humanos um dos focos principais de sua atividade, com o objetivo de atingir padrões internacionais de excelência.

Projeto básico, a chave do sucesso
A Abemi está também firmemente comprometida com o fortalecimento da engenharia básica, visando impulsionar a competência da cadeia de desenvolvimento de projetos industriais.
Não há dúvida de que a engenharia brasileira atingiu um nível de excelência na elaboração de projetos executivos, cada vez mais detalhados, completos e precisos em suas especificações. E essa conquista deve ser comemorada.
Paradoxalmente, nosso desafio agora se localiza na engenharia básica, aquela que define os parâmetros gerais de um empreendimento. Os projetos básicos têm um papel estratégico para a escolha das tecnologias e fabricantes dos componentes a serem aplicados na futura montagem ou construção da obra.
Para as empresas brasileiras, o domínio do projeto básico é fundamental para estimular o chamado conteúdo local em empreendimentos industriais e de infraestrutura, bem como desenvolver espaço para empresas brasileiras em outros países.
A Abemi e suas 140 associadas estão trabalhando meticulosamente para aumentar a competitividade da engenharia industrial brasileira. Esperamos que os governos também façam sua parte, reduzindo a carga tributária e os custos da logística para exportação. Somente assim seremos mais competitivos aqui e lá fora.

*Antonio Müller é engenheiro e presidente da Associação Brasileira da Engenharia Industrial (Abemi).

Fonte: Padrão

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