Acesso fácil a dados de uso comum pode ser o atalho para menores custos e prazos

Joseph Young – Londres (Inglaterra)
 
Foi surpreendente tomar conhecimento dessa pesquisa da Gartner, divulgado pelo presidente da empresa Greg Bentley, na coletiva de imprensa que abriu a conferência YII 2016 — Year in the Infrastructure, realizada em Londres, no início de novembro, que reuniu mais de 300 projetos de 80 países. No total, 54 projetos finalistas em transportes, energia, saneamento, gerenciamento de projeto até instalações industriais, petróleo e mineração foram avaliados por 10 painéis de jurados independentes que, em seguida, definiram as 18 iniciativas vencedoras nos seus respectivos segmentos do prêmio Be Inspired, anunciadas numa solenidade de premiação no encerramento do evento.
 
Os projetos finalistas foram apresentados antes em sessões paralelas aos participantes da conferência, inclusive os jurados, revelando a engenhosidade dos projetistas, construtoras, empresas de montagem e proprietários na busca de soluções a favor da qualidade, prazo, segurança e custos competitivos, que surpreendeu mais uma vez o público profissional presente — mesmo que este evento global já estivesse na sua 12ª edição anual.
 
Para alcançar esses resultados mensuráveis nos projetos, muitas empresas de engenharia se valeram da modelagem da realidade, que está se difundindo como uma ferramenta básica, além de um conjunto variado de softwares da Bentley.
 
A desenvolvedora anunciou a edição Connected, que reúne o conjunto de programas que compõem o ProjectWise, criando umambiente comum de dados para os trabalhos que começam na concepção da estrutura ou instalação, seguido de projeto básico onde diversas alternativas podem ser comparadas sucessivamente, permitindo, inclusive, avaliar as implicações financeiras e de custos de cada uma dessas propostas, através de modelos 3D, 4D e 5D, além do fator prazo de execução. No projeto detalhado, a detecção de interferências pode eliminar o retrabalho e afina o sequenciamento adequado dos pacotes de construção, com reflexo positivo nos prazos e custos.
 
Também foi anunciada a edição Connected do AssetWise, dedicado ao projeto, montagem e manutenção de instalações industriais, operando num ambiente comum de dados com ProjectWise. ContextCapture processa agora imagens “scaneadas” e fotos.
 
Esse software que transforma fotos numa nuvem de pontos geo referenciadas, que já pode servir de partida para os estudos iniciais de projeto, lançado pela Bentley no ano passado, tornou a modelagem da realidade um processo standard e acessível, como mostraram diversos projetos finalistas. Ele ganhou agora a parceria da Topcon, especialista em medição eletrônica, e passou a processar também as imagens geradas por scanners de alta precisão, atrelados a GPS, operando a partir de veículos terrestres ou drones. As malhas de pontos geradas ganharam com isso qualidade e precisão até agora não alcançadas.
 
Um projeto detalhado de uma obra de fresagem e recapeamento de rodovia, por exemplo, ao incorporar essa malha de pontos gerado pelo ContextCapture, pode ser acessado e validado pela agência governamental proprietária da obra – e, em seguida, esses dados de projeto podem alimentar a frota de fresadoras e pavimentadoras no canteiro, permitindo a execução dos trabalhos físicos sob supervisão de sistemas de topografia e GPS de alta precisão.
 
Uma vez concluídas, as obras serão medidas mais uma vez, possibilitando a detecção de desvios conforme o projeto validado.
 
Na sessão sobre Modelagem de Realidade realizado na conferencia YII 2016, o professor Jie Gong, da Escola de Engenharia de Rutgers, da Universidade de New Jersey, Estados Unidos, mostrou uma impressionante aplicação do ContextCapture ao mapear um trecho da praia atingida pela tormenta Sandy alguns anos atrás.O objetivo foi calcular a elevação a ser executada nas casas inundadas pelas águas do mar, de modo que fiquem acima do nível que venha a ser atingida na próxima vez que o fenômeno ocorra, já que a população se recusa a se mudar. Pela tecnologia tradicional de levantamento topográfico, seria gasto US$ 200 em cada residência; fazendo o “escaneamento” a laser, o custo caiu para apenas US$ 2. Com esse mapeamento, os moradores que altearam suas casas ainda passaram a ter direito de contratar um seguro econômico, eliminando o sobrepreço que as seguradoras cobravam nas residências que permaneceram na
elevação topográfica original (da época da tormenta Sandy).
 
Um exemplo singular de como uma nova tecnologia reduziu os custos em obras preventivas de infraestrutura em cenário de desastre natural — em beneficio da população

 

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