Lentamente, o poder público nos três níveis do País parece superar o estágio de parceria envergonhada com o empreendedor privado, e partir para programas mais consistentes de concessões e PPPs. Foi o que anunciou o governo paulista ao lançar um pacote de concessões, envolvendo 14 rodovias, cinco aeroportos executivos e duas linhas de metrô, que poderá representar recursos de cerca de R$ 13,4 bilhões.
Estamos finalmente nos integrando à tendência global que se expande até em países industrializados — cujos governos “ricos” também recorrem ao capital privado para poder fazer mais com o mesmo orçamento, desde megaprojetos de transportes até empreendimentos de função social como habitação, hospitais e escolas. Inglaterra, Canadá e Austrália são os países considerados mais bem sucedidos nesta modalidade.
Falta derrubar ainda a barreira política contra o capital global, que está sendo demolida aos poucos no setor de infraestrutura, quando esse mesmo investidor internacional conta com liberdade quase total de atuação em outros segmentos da economia brasileira. Comenta-se que dificilmente o empreendedor global conseguirá se ajustar aos atrasos de pagamento dos contratantes públicos do País, aos prazos absurdos que separam os resultados das licitações da assinatura efetiva de contratos, e a interferência política constante e a ineficiência da justiça, para citar alguns exemplos apenas da típica cultura brasileira de obras públicas.
Quem sabe se o ingresso crescente do capital global nos empreendimentos de infraestrutura acabe por obrigar aos órgãos contratantes locais a seguir os padrões internacionais de gestão e transparência? O progresso global não vai esperar pelo Brasil. O governo precisa diminuir de tamanho e aproveitar a eficiência da iniciativa privada na modernização.
Fonte: Revista O Empreiteiro