O ministro Guido Mantega (Fazenda) criticou o spread –diferença entre taxa captada e repassada ao consumidor– cobrado pelos bancos e afirmou que as instituições financeiras dão “um tiro no pé ao cobrar uma taxa de juros mais elevada”. Em entrevista ao “Jornal da Globo”, da TV Globo, Mantega defendeu a queda nas taxas para o consumidor e para as empresas.
“O Brasil continua praticando as maiores taxas de juros do mundo e uma das responsáveis por isso é o spread elevado”, diz. O Banco Central divulgou nesta semana seu relatório de crédito, o qual mostrou altas no spread bancário, nos índices de inadimplência e em algumas linhas de crédito, como o cheque especial, em dezembro.
De acordo com o Banco Central, o “spread” bancário subiu em dezembro para 30,6 pontos percentuais, o maior nível desde agosto de 2003. O spread é composto por impostos, custos operacionais, inadimplência e também pelo ganho dos bancos. No último trimestre do ano, o governo reduziu compulsórios e impostos, mas não houve queda no spread.
O ministro defende que, “ao cobrar uma taxa de juros mais elevada, cria a inadimplência; você dificulta ao cidadão pagar a conta. Eu acho que essa política dos bancos é totalmente equivocada, é claro que leva a lucros elevados dos bancos, mas depois é um tiro no pé, porque se o cidadão depois ficar inadimplente, ele não vai pagar”.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu reduzir em 1 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, para 12,75% ao ano. Pouco após o corte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos bancos públicos que reduzam as suas taxas de juros e que agilizem a liberação de créditos para empresas e consumidores.
“A recomendação do presidente é que os banco público agilizem as suas operações, que sejam mais rápidos na liberação de crédito daqui por diante”, afirmou Mantega na ocasião. “O presidente Lula também pediu aos bancos públicos que liderem redução do spread.”